São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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Bovespa volta a parar pregão; perda no ano atinge 44,3%

Na pior semana desde 1997, Bolsa de SP recua para o menor nível em dois anos

Baixa ontem foi de 3,9%; em dólar, mercado acionário do país tem desvalorização de 56,85% no ano, umas das maiores quedas do mundo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa acumulou 20% de desvalorização nesta que foi sua pior semana desde outubro de 1997, quando a crise asiática abalava os mercados internacionais. No pregão de ontem, após a melhora sentida na última hora de operações, a Bolsa de Valores de São Paulo conseguiu encerrar com queda de 3,97%, bem menos intensa que a verificada no começo do dia.
Em seu momento mais crítico, a Bovespa recuou 10,36% ontem. Às 10h35, com as perdas rompendo o limite de baixa de 10%, foi acionado o "circuit breaker" (sistema que interrompe o pregão), e as negociações foram suspensas por 30 minutos. Apesar da melhora durante o dia, em nenhum momento o índice Ibovespa (que reúne as 66 ações mais negociadas) conseguiu sair do vermelho. No fim do pregão, o Ibovespa registrava 35.609 pontos, o mais baixo nível desde setembro de 2006. No mês, a depreciação da Bolsa está em 28,12%.
Os mercados na Ásia e na Europa tiveram os piores resultados de ontem -a Bolsa de Tóquio perdeu 9,62%; Londres caiu 8,85%. Em Nova York, o índice Dow Jones se recuperou no final e fechou com queda menos intensa, de 1,49%.
"A desconfiança e a irracionalidade continuaram a tomar conta dos mercados na semana. A segunda-feira já começou com a Bovespa acionando novamente o "circuit breaker", com o mesmo ocorrendo hoje [ontem]. O consenso de que as ações estão baratas parece não ser suficiente e de fato existe falta de convicção do mercado, impossibilitando um movimento de alta", afirma Rossano Oltramari, sócio-diretor da XP Investimentos. Das 66 ações que formam o Ibovespa, apenas 2 escaparam da baixa na semana. A ação unit da ALL (América Latina Logística), que havia despencado 32,07% na semana passada, encerrou esta com alta de 3,20%. E as ações ordinárias da BM&F Bovespa subiram 2,06%. Apesar da alta semanal, os papéis da BM&F Bovespa estão entre os que mais perderam neste ano, com depreciação acumulada de 70%.
Já entre as maiores desvalorizações do Ibovespa na semana ficaram os papéis B2W Varejo ON (resultante da fusão entre Americanas.com e Submarino), com queda de 42,05%, Nossa Caixa ON (-40,05%) e Aracruz PNB (-38,76%).

Destaque de perdas
Com uma queda de 44,26% acumulada no ano, a Bovespa figura entre os mercados acionários que mais sofrem em 2008. Em dólares, a Bolsa paulista registra depreciação de 56,85% no ano.
Em Wall Street, epicentro da atual crise, a queda anual do índice Dow Jones está em 36,29%. Em Londres, a baixa acumulada no período é de 39%. E o índice Nikkei, de Tóquio, tem desvalorização de 45,9% em 2008.
Muito dependente das commodities -que têm se depreciado fortemente nas últimas semanas- e do capital externo -que tem abandonado as ações brasileiras-, a Bovespa não tem conseguido respirar nem mesmo com os bons fundamentos econômicos do país.
Com o barril de petróleo em baixa de 10,27% ontem em Nova York, cotado a US$ 77,70, as ações da Petrobras não tiveram fôlego para escapar de mais um dia de baixa. A ação PN da Petrobras, a mais negociada da Bolsa, caiu 7,26% ontem. No ano, já recuou 45,36%.
O papel PNA da Vale, que caiu 9,57% no começo do pregão, conseguiu se recuperar e fechou com uma baixa de 1,01%.


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