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BC intervém, mas dólar sobe 5%, para R$ 2,31
DA REPORTAGEM LOCAL
O temor de uma recessão global espalhou-se ontem no mercado de câmbio, fazendo com
que empresas e investidores
decidissem comprar dólares
para tentar se proteger de tempos mais difíceis. Assim, apesar
de novas rodadas de atuação do
Banco Central, a moeda americana terminou a sexta-feira em
alta de 5,27%, vendida a R$
2,314. Essa é a maior cotação
desde 31 de maio de 2006. Desde 1º de agosto, quando a divisa
estava em R$ 1,559, a elevação
já chega a 48,2%. Nos dez primeiros dias de outubro, ela é de
21,53%, e, no ano, de 30,2%.
Ontem, o BC vendeu aos bancos US$ 589 milhões em contratos de "swap" cambial -que
oferece proteção contra a variação das cotações em determinado período, em troca da
qual se paga juros- e realizou
três leilões de venda de moeda
no mercado à vista. Porém, enquanto na quarta e na quinta-feira o volume de dinheiro vivo
injetado no mercado ficava entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões, na sexta o montante foi
de aproximadamente US$ 770
milhões, de acordo com estimativas elaboradas por instituições financeiras.
"O BC está fazendo o seu papel", ressalta Luiz Roberto
Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza
Barros. "Não falta liquidez no
dólar à vista, não falta divisa para as necessidades dos agentes.
Se fosse, o volume vendido nos
leilões teria sido muito maior.
O que existe é uma grande
preocupação com o cenário externo, com os bancos de outros
países, com as Bolsas caindo ao
redor do mundo." Nesses momentos, achando que a situação pode piorar mais, os especuladores também aproveitam
para fazer um estoque de moeda que será vendida no futuro a
preços altos.
O volume de transações ficou
abaixo da média normal ontem.
"Há um certo pânico no mercado", resume Luiz Fernando
Moreira, operador da corretora
de câmbio Dascam. Com isso,
as cotações ficam sem um parâmetro realista e as empresas do
ramo de comércio exterior se
distanciam, com medo de levar
prejuízo. Elas preferem esperar
que as incertezas diminuam.
Não se sabe quando isso vai
acontecer, entretanto. A grande expectativa dos investidores
é em relação à ação conjunta
das grandes potências mundiais para enfrentar a crise. O
plano do G7 -grupo dos países
mais ricos- saiu após o final do
expediente e ainda restam os
encontros do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do
G20 -que reúne as nações em
desenvolvimento- durante o
final de semana. Do alcance das
medidas decididas dependerá o
andamento do mercado nos
próximos dias.
Sobre a demora do pacote de
US$ 700 bilhões proposto pelo
governo George W. Bush e
aprovado pelo Congresso americano para fazer efeito, Carlos
Gutierrez, secretário do Comércio dos EUA, disse durante
almoço com empresários em
São Paulo ontem: "Ainda vai levar algumas semanas para começar a funcionar, não começou a compra de papéis [problemáticos]. Estamos comprometidos em fazer o que for preciso [para resolver o problema]
e atravessaremos este momento com sucesso".
(DENYSE GODOY)
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