São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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BC intervém, mas dólar sobe 5%, para R$ 2,31

DA REPORTAGEM LOCAL

O temor de uma recessão global espalhou-se ontem no mercado de câmbio, fazendo com que empresas e investidores decidissem comprar dólares para tentar se proteger de tempos mais difíceis. Assim, apesar de novas rodadas de atuação do Banco Central, a moeda americana terminou a sexta-feira em alta de 5,27%, vendida a R$ 2,314. Essa é a maior cotação desde 31 de maio de 2006. Desde 1º de agosto, quando a divisa estava em R$ 1,559, a elevação já chega a 48,2%. Nos dez primeiros dias de outubro, ela é de 21,53%, e, no ano, de 30,2%.
Ontem, o BC vendeu aos bancos US$ 589 milhões em contratos de "swap" cambial -que oferece proteção contra a variação das cotações em determinado período, em troca da qual se paga juros- e realizou três leilões de venda de moeda no mercado à vista. Porém, enquanto na quarta e na quinta-feira o volume de dinheiro vivo injetado no mercado ficava entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões, na sexta o montante foi de aproximadamente US$ 770 milhões, de acordo com estimativas elaboradas por instituições financeiras.
"O BC está fazendo o seu papel", ressalta Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros. "Não falta liquidez no dólar à vista, não falta divisa para as necessidades dos agentes. Se fosse, o volume vendido nos leilões teria sido muito maior. O que existe é uma grande preocupação com o cenário externo, com os bancos de outros países, com as Bolsas caindo ao redor do mundo." Nesses momentos, achando que a situação pode piorar mais, os especuladores também aproveitam para fazer um estoque de moeda que será vendida no futuro a preços altos.
O volume de transações ficou abaixo da média normal ontem. "Há um certo pânico no mercado", resume Luiz Fernando Moreira, operador da corretora de câmbio Dascam. Com isso, as cotações ficam sem um parâmetro realista e as empresas do ramo de comércio exterior se distanciam, com medo de levar prejuízo. Elas preferem esperar que as incertezas diminuam.
Não se sabe quando isso vai acontecer, entretanto. A grande expectativa dos investidores é em relação à ação conjunta das grandes potências mundiais para enfrentar a crise. O plano do G7 -grupo dos países mais ricos- saiu após o final do expediente e ainda restam os encontros do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do G20 -que reúne as nações em desenvolvimento- durante o final de semana. Do alcance das medidas decididas dependerá o andamento do mercado nos próximos dias.
Sobre a demora do pacote de US$ 700 bilhões proposto pelo governo George W. Bush e aprovado pelo Congresso americano para fazer efeito, Carlos Gutierrez, secretário do Comércio dos EUA, disse durante almoço com empresários em São Paulo ontem: "Ainda vai levar algumas semanas para começar a funcionar, não começou a compra de papéis [problemáticos]. Estamos comprometidos em fazer o que for preciso [para resolver o problema] e atravessaremos este momento com sucesso". (DENYSE GODOY)



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