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Quase "falida", Islândia é o espelho da crise
DA REDAÇÃO
À beira da bancarrota, a Islândia foi ontem a leilão, no site
e-bay. Trata-se, é claro, de uma
piada, retirada no fim da tarde
pelo portal, quando já atingia
lances de 12 milhões. O anúncio dizia que o comprador encontrará "um ambiente habitável, cavalos islandeses e uma situação relativamente desordenada". Dizia ainda que "Groenlândia e Björk não estão incluídas".
É mentira que a Islândia esteja à venda. Mas o resto é verdade. O país tem um dos mais
altos IDH do planeta, cavalos
formidáveis e a Groenlândia
não faria parte do pacote porque é uma província dinamarquesa. Já a situação financeira
está de fato longe da ordem.
O país da cantora Björk nacionalizou seus três maiores
bancos nesta semana, viu a
moeda perder 25% de seu valor
em um só dia, interrompeu a
Bolsa até segunda-feira, está
correndo atrás de empréstimos
e tem uma dívida bancária nove vezes maior que o PIB de
US$ 14 bilhões da ilha, situada
no Atlântico Norte.
Na segunda-feira, o premiê
Geir H. Haarde disse em cadeia
nacional: "Há um perigo real,
cidadãos, de que a economia da
Islândia, no pior caso, pode ir
para o ralo junto com os bancos, e o resultado pode ser uma
falência nacional".
A Islândia tem apenas 320
mil habitantes, mas uma eventual quebra do país pode respingar com força nos vizinhos
europeus. Tanto que o Reino
Unido prometeu ir à Justiça caso os investimentos de 300 mil
britânicos sejam prejudicados.
A Suécia teme pelo mesmo.
Apesar de pequenina, a Islândia ilustra bem a atual crise.
O país se aproveitou do crédito
farto dos últimos anos. A desregulamentação e o boom na
Bolsa alimentaram o rápido
crescimento do setor bancário,
que ofuscou o restante da economia. Com dinheiro de sobra,
os islandeses adquiriram empresas mundo afora.
Com a mesma facilidade com
que chegou, o dinheiro debandou, deixando os bancos locais
com dificuldades para refinanciar suas pesadas dívidas.
Para não quebrar, o país saiu
com o pires na mão, mas as
portas se fecharam. Tanto que
o premiê criticou severamente
os "aliados ocidentais". E a ajuda veio do leste, com o oferecimento de 4 bilhões da Rússia.
O novo papel da Rússia como
salvadora desperta a preocupação e a ironia dos islandeses.
Muita gente teme que os russos
peçam em troca a saída do país
da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Na
capital Reikjavik, circulam e-mails mostrando a "nova"
moeda do país com uma efígie
do primeiro-ministro russo
Vladimir Putin.
O país era reconhecido pela
estabilidade e tinha os mais altos índices de confiança, outorgados pelas agências de classificação de risco. Mas a tempestade que assolou a ilha fez os islandeses vislumbrarem um cenário quase surreal, que inclui
medidas como uma tentativa
de impor câmbio fixo à coroa
islandesa e uma visita do FMI.
O panorama não parece promissor à Islândia-além das finanças, o país se preocupa com
o aquecimento global. Se a
temperatura continuar subindo, a ilha pode submergir.
Com agências internacionais
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