São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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Congresso americano estuda fazer novo pacote

Oposição quer mais um programa, de US$ 150 bi, para estimular a economia

Republicanos, partido de Bush, não se manifestaram, mas funcionários disseram que a princípio não há oposição à proposta


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O Congresso norte-americano pode aprovar outro pacote de auxílio financeiro e estímulo fiscal, dessa vez de US$ 150 bilhões. Os principais beneficiados seriam os governos estaduais e municipais atualmente em dificuldade para fechar as contas por conta da crise econômica e a população de baixa renda. O valor vem se somar aos US$ 850 bilhões recordes aprovados na semana passada.
Uma das medidas pode ser a eliminação temporária da necessidade dos governos estaduais de investirem suas contrapartidas no Medicaid, programa federal de saúde pública para população de baixa renda, liberando-os para pagar folhas de pagamento e evitando cortes em educação. Um dos primeiros atingidos pela crise de crédito que toma os EUA foi o setor público, principalmente o de Estados e municípios.
Na semana passada, o governador da Califórnia, o republicano Arnold Schwarzenegger, veio a público dizer que pediria um empréstimo de US$ 7 bilhões para conseguir fechar as contas do ano. O Estado, o mais rico do país, tem um PIB de US$ 1,8 trilhão, atrás apenas de seis países no mundo e US$ 500 bilhões maior que o do Brasil.
Naquele dia, a Câmara dos Representantes (deputados federais) votava o pacote do plano Paulson, a maior intervenção no mercado financeiro da história dos EUA, e o ato foi visto por analistas políticos como uma forma de o governador pressionar os colegas de partido que ainda hesitavam em dar seu "sim". Mas o fato é que o Estado foi um dos mais atingidos pela crise hipotecária.
No auge da bolha imobiliária, os valores dos imóveis subiram mais acentuadamente na Califórnia, mas começaram a cair antes também, em 2005. Hoje, o Estado tem uma taxa de desemprego de 7,7%, superior à média nacional, de 6,1%, e uma das maiores do país. Outras regiões que começam a sentir os efeitos da crise são as de Nova York e Washington, incluindo os Estados vizinhos de Maryland e Virgínia.
O anúncio foi feito pela presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi. "Com tudo o que aconteceu nas últimas semanas, [o pacote] terá de ser provavelmente mais perto dos US$ 150 bilhões para investir em nossa economia, criar empregos, ajudar os Estados, ajudar os homens e as mulheres espalhados pelo país", disse. O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, afirmou ver a proposta com bons olhos.
Os republicanos não se manifestaram oficialmente, mas funcionários dos gabinetes dos líderes do partido do governo das duas Casas disseram que a princípio não havia oposição. Os democratas controlam o Congresso hoje. Embora o Legislativo esteja em seu recesso eleitoral até a eleição do dia 4, os líderes combinaram de se encontrar com um grupo de economistas já na segunda-feira para discutir o novo plano.
Podem também entrar no pacote extensões dos programas federais de auxílio-desemprego, auxílio-alimentação e energia subsidiada, todos voltados para a população de baixa renda dos Estados Unidos.


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