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foco
Financeiras fecham no centro do Rio, e clientes desaparecem em SP
LUIZA BANDEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
RAFAEL BRANDIMARTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Só no cruzamento entre as
ruas do Rosário e Gonçalves
Dias, no centro do Rio de Janeiro, três das quatro financeiras ali instaladas estão fechadas. Em menos de um
mês, filiais da BMG, da ASB e
da Finasa fecharam as portas.
A situação se repete em outros locais do bairro financeiro da cidade. Nas instituições
de crédito abertas, o movimento é pequeno. Gerentes
de lojas afirmam que a procura caiu até 80%. O aumento
nos juros e a redução do prazo
para quitar a dívida afastam
os clientes.
Um militar da Aeronáutica
que não quis se identificar
contou que fez uma simulação de tomada de crédito há
um mês, mas resolveu esperar. Ontem, fechou negócio
pagando juros de 2,3%, bem
acima do 1,9% oferecido anteriormente -acréscimo de
quase R$ 50 em cada uma das
48 parcelas. "Infelizmente,
não deu para esperar a crise
passar", disse.
Na maioria das instituições, a crise americana provocou aumento na taxa de juros para empréstimo consignado, modalidade que permite o desconto na folha de pagamento. Algumas restringiram o crédito aos aposentados, com juros atingindo o limite máximo de 2,5% estabelecido pelo Ministério do
Planejamento.
Em outros locais, a insegurança financeira levou à suspensão dessa operação, já que
ela faz uma análise menos rígida no histórico do cliente. A
opção oferecida é o parcelamento em cheques, descontados mês a mês. Os juros para
essa modalidade chegam a
12,5%.
A funcionária pública Luege Oliveira, 44, iniciou pesquisa mesmo sem precisar de
dinheiro imediato. "Vim ver
se dá para esperar passar a recessão ou se é melhor fazer [o
empréstimo] agora", afirmou
ela, após receber proposta de
crédito consignado com juros
de 1,9% -o máximo para servidores do município é 2%.
O reflexo da crise econômica no mercado de crédito é
percebido pelo sumiço dos
panfletos que anunciavam
"Dinheiro fácil" em cada esquina da avenida Rio Branco.
"O dinheiro realmente está
mais caro", diz Renata Luz,
operadora da BV Financeira.
Ela explica que, além do aumento na taxa de juros, o crédito está mais criterioso em
relação à situação bancária e
ao tempo de serviço do candidato ao empréstimo.
A assessoria da Finasa afirmou que o fechamento das lojas não tem relação com a crise e faz parte de um processo
de reestruturação. Também
por meio da assessoria, o
BMG disse estar operando
normalmente. A ASB, que já
fechou 140 lojas no país, não
comentou o assunto.
No centro velho de São
Paulo, a situação era a mesma: o movimento de clientes
era praticamente nulo em financeiras como Fininvest,
Taií e Cacique.
De acordo com um gerente
que não quis se identificar, o
movimento de clientes "caiu
muito" nas últimas semanas.
"O que está acontecendo é nítido", disse, "basta dar uma
olhada na São Bento [rua famosa por concentrar várias
financeiras]".
Com cerca de uma dúzia
delas ao longo do trecho que
vai do largo São Bento à praça
do Patriarca, havia mais lojas
vazias do que clientes à procura de empréstimos.
À caça de novos clientes em
meio ao frio, um jovem "promotor" de financeira resumiu
a situação: "As financeiras estão secas". "Hoje, acho que
entrou só um cliente durante
todo o dia", disse outro.
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