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Consumidor reduz compra à vista em SP
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise financeira internacional teve impacto nos gastos dos
consumidores em São Paulo.
Na primeira semana deste mês,
as vendas à vista, medidas pelo
número de consultas ao Usecheque, caíram 2,4% na comparação com igual período do
ano passado. É a primeira vez
que esse indicador é negativo
neste ano quando a comparação é feita com a média diária
de consultas em períodos idênticos de 2008 contra 2007.
"A cada dia aumenta o número de consumidores que têm
informações sobre a crise, já
que são muitas as notícias sobre esse assunto. Com isso, as
pessoas estão com medo de
gastar", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP (Associação
Comercial de São Paulo).
As vendas a prazo, medidas
pelo número de consultas ao
SPC (Serviço de Proteção ao
Crédito), subiram 3,7% na primeira semana deste mês ante
igual período do ano passado.
De janeiro a setembro, as consultas ao SPC cresceram 8,3%
e, ao Usecheque, 5,6%.
"Não há dúvida, o consumidor está mais prudente com as
compras. O ritmo de crescimento das vendas a prazo caiu
praticamente pela metade", diz
o economista da ACSP.
O desempenho das consultas
ao SPC e ao Usecheque neste
mês levaram a ACSP a suspender previsão de vendas para o
Natal. "Sempre fazemos previsão para o Natal com base em
expectativa de negócios para o
Dia das Crianças. Como a situação está diferente do previsto neste mês, vamos aguardar
para fazer previsões para o final do ano", afirma Alfieri.
Para o Dia da Criança, a
ACSP estima que as vendas não
crescem mais do que 3% em relação ao ano passado. "As
crianças vão ganhar presentinhos de R$ 20 ou menos."
Nos supermercados paulistas as vendas continuam no
mesmo ritmo de setembro, segundo informa a Apas (Associação Paulista de Supermercados). "O que mudou neste mês
é que as negociações com fornecedores de importados estão
travadas", diz Martinho Paiva,
vice-presidente da Apas.
A importadora Aurora informa que não paralisou as vendas
e que os preços ficarão mantidos pelo menos até o final deste
mês. "O que pode acontecer é a
suspensão de promoções ou de
descontos adicionais, ainda é
cedo para fazer reajustes de
preços porque a situação está
muito tumultuada", diz Paulo
Greco, gerente da Aurora.
A Apas mantém previsão de
aumento de 4,2% nas vendas
dos supermercados neste fim
de ano em relação a igual período do ano passado. "O consumidor só deve reduzir os gastos
com alimentos quando vir o
emprego ameaçado, o que não
acontece neste momento, por
enquanto", afirma Paiva.
A Aurora espera vender neste fim de ano 20% mais do que
em igual período do ano passado. "Isso só muda se tivermos
cancelamento de pedidos, o
que não aconteceu", diz Greco.
As redes de supermercados
mais dependentes de capital de
terceiros estão com dificuldades financeiras por conta da
restrição de crédito. "Existe
muito fornecedor de supermercado que vende para receber em 30 dias, mas que não
pode esperar esse prazo. Então,
ele vai ao banco, antecipa esse
recebimento e paga uma taxa
para o banco. Essa operação está mais difícil agora, o que força
as redes a comprarem em prazos mais curtos", diz Martinho.
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