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Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
Franqueados procuram sócios minoritários
Um novo modelo de gestão
está ganhando força no segmento de franquias. O número
de empresários e executivos
que compram representações
de redes mas deixam que um
sócio minoritário as administre é cada vez maior. Mais do
que ter um negócio próprio,
eles veem as franquias como
investimento.
É o que aponta pesquisa da
Franchise Store com 530 franqueados de 61 marcas que a
empresa comercializa. De
acordo com o estudo, 34% das
pessoas que compraram franquias entre janeiro e agosto
são empresários ou executivos
que buscam diversificar seus
investimentos.
A grande maioria, no entanto, ainda é de profissionais liberais que deixam a sua ocupação para tocar o negócio.
O diretor-executivo da ABF
(Associação Brasileira de
Franchising), Ricardo Camargo, confirma a tendência. Ele
estima que entre 10% e 15%
das 5.000 franquias abertas no
Brasil neste ano pertencem a
investidores que não estão à
frente do negócio. Quem gerencia a loja, em geral, é um sócio minoritário.
"Essa é uma tendência mais
forte neste ano. Com a queda
da rentabilidade dos investimentos em renda fixa, por
conta da redução do juro básico, muitos investidores vão
alocar recursos no varejo. Como o índice de fechamento de
lojas franqueadas é de 1%, a
franquia é uma opção segura."
Apesar de afirmar que a
abertura de franquias como
investimento é um bom negócio, Camargo ressalta que os
sócios não podem ver a loja só
como uma aplicação financeira. "A franquia é um atividade
de varejo, que depende do envolvimento do franqueado."
Porém, a entrada de mais recursos no setor já tem provocado mudanças. Uma delas é o
aumento do gasto inicial médio, segundo Filomena Garcia,
sócia-diretora da Franchise
Store. Na loja, a venda média
de uma franquia atingiu R$
300 mil neste ano, e 50% das
unidades negociadas exigem
investimento acima de R$ 200
mil. A Franchise vende marcas
como Spoleto, Bob's e Lacoste.
ATRÁS DO BALCÃO
Todos os 24 restaurantes da rede Outback no Brasil
são gerenciados por um sócio minoritário, escolhido pelos representantes da rede no país, responsáveis pela
maior parte do investimento nas lojas. Segundo o presidente do Outback, Salim Maroun, o custo médio para
abrir uma unidade da rede é de R$ 4,5 milhões, mas o sócio-operador desembolsa apenas cerca de R$ 60 mil para
participar do negócio. O gestor recebe um salário fixo,
que varia de R$ 6.500 a R$ 7.000, e 7,5% do fluxo de caixa do restaurante, segundo Maroun. Entre os sócios-operadores do Outback, metade são ex-funcionários da rede.
Todos passam por um treinamento que leva até 12 meses. "O mais importante é o perfil do sócio-operador e
não seu investimento no negócio. O resultado do restaurante está nas mãos deles", diz Maroun, que planeja ampliar em 20% a rede em 2010.
Mercado de luxo quer melhor treinamento de funcionários
Não adianta nada a vendedora saber discorrer sobre as notas daquele perfume caríssimo
se, na hora de passar a compra
no caixa, diz para o cliente que
vai "fazer um descontinho".
Também pega mal chamar o
programa de dez dias de passeios na França com direito a
hospedagem em castelos de
"pacote de viagem". O correto,
no primeiro caso, é falar que serão oferecidas "condições especiais"; no segundo, afirmar que
foi montado um "roteiro especializado e único".
A diferença está no grau de
compreensão do segmento de
luxo que os profissionais dos
estabelecimentos possuem.
Conhecer produtos é uma coisa, entender o funcionamento
do mercado é bem outra. Por isso, depois de uma era em que os
funcionários das lojas eram
simplesmente os bem-nascidos
que frequentavam as mesmas
rodas dos clientes, o setor começa a preencher os seus quadros com pessoas comuns. Ou
não tão comuns assim: para
concorrer a uma vaga que paga,
em média, R$ 10 mil mensais,
curso universitário e vivência
no exterior são imprescindíveis, frisam os especialistas.
"Recrutando com mais profissionalismo e treinando os
colaboradores para que assimilem profundamente o assunto,
é possível oferecer um atendimento de fato diferenciado",
explica Mayra Rocha, da Case
Consultores, que acaba de
montar um serviço para fazer
frente a essa nova demanda.
DURA REALIDADE 1
Para um grupo de funcionários do Banco Real, comprado
no final de 2007 pelo Santander, o medo de que a cultura
agressiva do seu novo dono se
sobrepusesse à afável pela qual
a instituição era conhecida tornou-se realidade. Eles reclamam de jornadas de trabalho
excessivas, aumento da pressão
e das cobranças pelo atingimento de metas rígidas. Descontes, alguns saíram, e os que
ficaram estão buscando emprego na concorrência.
DURA REALIDADE 2
Na opinião desses colaboradores, Fabio Barbosa, presidente do Real que foi alçado ao
comando do grupo formado a
partir da aquisição, tem lutado
para convencer os espanhóis
do Santander de que o estilo de
administração do banco brasileiro é mais eficaz, mas encontra forte resistência. E a frustração também é dos empregados do Santander, os quais comemoraram a nomeação de
Barbosa como um sinal de que
o ambiente melhoraria.
PREJUÍZO
Depois de três meses de quedas de faturamento de 50% por
falta do material radioativo tecnécio, as clínicas de medicina
nuclear do país começam a se
recuperar com a importação de
um suprimento emergencial.
Os exames de cintilografia nos
quais o insumo é utilizado estão sendo feitos, mas o fornecimento do produto só deve se
regularizar no final deste ano.
DE OLHO NO BRASIL
A filial São Paulo da Câmara Britânica de Comércio
tem novo presidente. É o advogado Rodrigo Alberto Correia da Silva, que antes dirigia o comitê de saúde da entidade. Com o renovado interesse da comunidade internacional pelo Brasil, as
prioridades da câmara são o
comércio bilateral e o intercâmbio tecnológico.
ESTRATÉGIA
Os donos de lojas em zonas
de comércio voltado às classes
C e D na capital paulista descobriram que a forma mais eficiente de comunicar promoções aos seus clientes é lançar
mão de torpedos via celular. "É
prático e tem baixo custo", diz
Marco Roza, diretor da agência
de marketing Consumidor Popular. Para conseguir bons pacotes, contratam o serviço dos
chamados integradores de
SMS, que fazem a negociação
com as operadoras de telefonia.
CRÍTICA
Na primeira carta sobre política econômica elaborada na
gestão de Pedro Passos, copresidente do conselho de administração da Natura, o Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial)
bate forte na política cambial
do governo. "A taxa de câmbio
deve estar em linha com o mínimo de preservação dos custos
da produção interna. Há um limite para a valorização excessiva da moeda", diz o documento,
a ser divulgado na terça-feira.
com DENYSE GODOY, JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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