São Paulo, domingo, 11 de outubro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Franqueados procuram sócios minoritários

Um novo modelo de gestão está ganhando força no segmento de franquias. O número de empresários e executivos que compram representações de redes mas deixam que um sócio minoritário as administre é cada vez maior. Mais do que ter um negócio próprio, eles veem as franquias como investimento.
É o que aponta pesquisa da Franchise Store com 530 franqueados de 61 marcas que a empresa comercializa. De acordo com o estudo, 34% das pessoas que compraram franquias entre janeiro e agosto são empresários ou executivos que buscam diversificar seus investimentos.
A grande maioria, no entanto, ainda é de profissionais liberais que deixam a sua ocupação para tocar o negócio.
O diretor-executivo da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Ricardo Camargo, confirma a tendência. Ele estima que entre 10% e 15% das 5.000 franquias abertas no Brasil neste ano pertencem a investidores que não estão à frente do negócio. Quem gerencia a loja, em geral, é um sócio minoritário.
"Essa é uma tendência mais forte neste ano. Com a queda da rentabilidade dos investimentos em renda fixa, por conta da redução do juro básico, muitos investidores vão alocar recursos no varejo. Como o índice de fechamento de lojas franqueadas é de 1%, a franquia é uma opção segura."
Apesar de afirmar que a abertura de franquias como investimento é um bom negócio, Camargo ressalta que os sócios não podem ver a loja só como uma aplicação financeira. "A franquia é um atividade de varejo, que depende do envolvimento do franqueado."
Porém, a entrada de mais recursos no setor já tem provocado mudanças. Uma delas é o aumento do gasto inicial médio, segundo Filomena Garcia, sócia-diretora da Franchise Store. Na loja, a venda média de uma franquia atingiu R$ 300 mil neste ano, e 50% das unidades negociadas exigem investimento acima de R$ 200 mil. A Franchise vende marcas como Spoleto, Bob's e Lacoste.

ATRÁS DO BALCÃO

Todos os 24 restaurantes da rede Outback no Brasil são gerenciados por um sócio minoritário, escolhido pelos representantes da rede no país, responsáveis pela maior parte do investimento nas lojas. Segundo o presidente do Outback, Salim Maroun, o custo médio para abrir uma unidade da rede é de R$ 4,5 milhões, mas o sócio-operador desembolsa apenas cerca de R$ 60 mil para participar do negócio. O gestor recebe um salário fixo, que varia de R$ 6.500 a R$ 7.000, e 7,5% do fluxo de caixa do restaurante, segundo Maroun. Entre os sócios-operadores do Outback, metade são ex-funcionários da rede. Todos passam por um treinamento que leva até 12 meses. "O mais importante é o perfil do sócio-operador e não seu investimento no negócio. O resultado do restaurante está nas mãos deles", diz Maroun, que planeja ampliar em 20% a rede em 2010.

Mercado de luxo quer melhor treinamento de funcionários

Não adianta nada a vendedora saber discorrer sobre as notas daquele perfume caríssimo se, na hora de passar a compra no caixa, diz para o cliente que vai "fazer um descontinho". Também pega mal chamar o programa de dez dias de passeios na França com direito a hospedagem em castelos de "pacote de viagem". O correto, no primeiro caso, é falar que serão oferecidas "condições especiais"; no segundo, afirmar que foi montado um "roteiro especializado e único".
A diferença está no grau de compreensão do segmento de luxo que os profissionais dos estabelecimentos possuem. Conhecer produtos é uma coisa, entender o funcionamento do mercado é bem outra. Por isso, depois de uma era em que os funcionários das lojas eram simplesmente os bem-nascidos que frequentavam as mesmas rodas dos clientes, o setor começa a preencher os seus quadros com pessoas comuns. Ou não tão comuns assim: para concorrer a uma vaga que paga, em média, R$ 10 mil mensais, curso universitário e vivência no exterior são imprescindíveis, frisam os especialistas.
"Recrutando com mais profissionalismo e treinando os colaboradores para que assimilem profundamente o assunto, é possível oferecer um atendimento de fato diferenciado", explica Mayra Rocha, da Case Consultores, que acaba de montar um serviço para fazer frente a essa nova demanda.

DURA REALIDADE 1
Para um grupo de funcionários do Banco Real, comprado no final de 2007 pelo Santander, o medo de que a cultura agressiva do seu novo dono se sobrepusesse à afável pela qual a instituição era conhecida tornou-se realidade. Eles reclamam de jornadas de trabalho excessivas, aumento da pressão e das cobranças pelo atingimento de metas rígidas. Descontes, alguns saíram, e os que ficaram estão buscando emprego na concorrência.

DURA REALIDADE 2
Na opinião desses colaboradores, Fabio Barbosa, presidente do Real que foi alçado ao comando do grupo formado a partir da aquisição, tem lutado para convencer os espanhóis do Santander de que o estilo de administração do banco brasileiro é mais eficaz, mas encontra forte resistência. E a frustração também é dos empregados do Santander, os quais comemoraram a nomeação de Barbosa como um sinal de que o ambiente melhoraria.

PREJUÍZO
Depois de três meses de quedas de faturamento de 50% por falta do material radioativo tecnécio, as clínicas de medicina nuclear do país começam a se recuperar com a importação de um suprimento emergencial. Os exames de cintilografia nos quais o insumo é utilizado estão sendo feitos, mas o fornecimento do produto só deve se regularizar no final deste ano.

DE OLHO NO BRASIL
A filial São Paulo da Câmara Britânica de Comércio tem novo presidente. É o advogado Rodrigo Alberto Correia da Silva, que antes dirigia o comitê de saúde da entidade. Com o renovado interesse da comunidade internacional pelo Brasil, as prioridades da câmara são o comércio bilateral e o intercâmbio tecnológico.

ESTRATÉGIA
Os donos de lojas em zonas de comércio voltado às classes C e D na capital paulista descobriram que a forma mais eficiente de comunicar promoções aos seus clientes é lançar mão de torpedos via celular. "É prático e tem baixo custo", diz Marco Roza, diretor da agência de marketing Consumidor Popular. Para conseguir bons pacotes, contratam o serviço dos chamados integradores de SMS, que fazem a negociação com as operadoras de telefonia.

CRÍTICA
Na primeira carta sobre política econômica elaborada na gestão de Pedro Passos, copresidente do conselho de administração da Natura, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) bate forte na política cambial do governo. "A taxa de câmbio deve estar em linha com o mínimo de preservação dos custos da produção interna. Há um limite para a valorização excessiva da moeda", diz o documento, a ser divulgado na terça-feira.


com DENYSE GODOY, JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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