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EUA mantêm discurso de dólar forte
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Defender a política de dólar forte está se tornando
uma tarefa árdua para os Estados Unidos. Na semana
passada, o governo lançou
mão de três dos principais
representantes da equipe
econômica para convencer
os mercados mundiais de
que o país permanece comprometido com essa política.
Em discurso, Larry Summers, conselheiro econômico da Casa Branca, Tim
Geithner, secretário do Tesouro, e Ben Bernanke, presidente do Fed (o banco central americano), repetiram o
mantra. A sinalização de
Bernanke de que o governo
pretende apertar a política
monetária tão logo perceba
sinais suficientes de recuperação da economia surtiu
efeito na cotação da moeda,
que voltou a subir na sexta.
O dólar está em queda há
sete meses, e o receio é que a
injeção de recursos feita pelo
governo para dinamizar a
economia no auge da crise se
transforme em inflação.
Dólar e petróleo já foram
vistos como um casamento
perfeito, mas uma reportagem divulgada pelo jornal
britânico "The Independent" levantou dúvidas ao dizer que estava em discussão
a substituição do dólar por
uma cesta de moedas como
referência para o valor do
barril. A reportagem foi desmentida, mas, independentemente disso, assustou o
mercado. O resultado foi
uma corrida de investidores
para outros ativos como o
ouro, que bateu recorde.
A flutuação acentuada da
moeda ocorre em meio a um
cenário em que diversos países sugerem que o dólar seja
substituído como moeda de
reserva internacional. Especialistas ouvidos pela Folha
afirmam que a desvalorização do dólar é um movimento de correção necessário para equilibrar as contas externas americanas, mas que o
seu futuro como moeda de
reserva permanece garantido num horizonte de curto e
médio prazo.
Na prática, mesmo que haja um consenso de que o dólar não é mais o referencial
adequado, a complexidade
da equação, com a quantidade de reservas internacionais em dólar no caixa dos
países emergentes, desestimula mudanças abruptas.
"Os EUA são o principal
mercado consumidor de petróleo. Algumas pessoas gostam de fantasiar sobre inflação, especular comprando
ouro, mas não há evidência
de que qualquer mudança
drástica seria viável neste
momento. Abandonar o dólar como moeda de reserva
afetaria o desempenho das
exportações de emergentes
como China e Brasil", disse à
Folha Robert Scott, do Economic Policy Institute.
Para John Williamson, do
Peter Institute for International Economics, no curto
prazo, no entanto, o dólar deverá continuar em queda.
Do ponto de vista da economia real, um dólar mais
desvalorizado representa
maior competitividade para
as exportações americanas.
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