São Paulo, domingo, 11 de outubro de 2009

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Planalto barra medidas "artificiais" no câmbio

Orientação é manter compra de dólares para evitar valorização maior do real

Equipe econômica não deseja voltar a tributar com IOF a entrada de capital externo; governo estuda medidas para reduzir custo de empresas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é não adotar medidas consideradas "artificiais" na política cambial e seguir com as operações de compra de dólar para evitar uma valorização ainda mais excessiva do real. A moeda fechou a sexta-feira cotada a R$ 1,737, menor cotação em 12 meses.
Na avaliação da equipe econômica, hoje a principal medida disponível para segurar o valor do dólar é a atuação do Banco Central para enxugar o mercado de câmbio-ou seja, comprar o excesso de moeda estrangeira no mercado e, se necessário, ir além disso.
Essa estratégia fez as reservas internacionais atingirem na semana passada o valor recorde de US$ 230 bilhões -apenas em dois dias foram adquiridos aproximadamente US$ 5 bilhões que entraram no país por conta do lançamento de ações no mercado pelo banco Santander.
Até aqui, Lula tem se colocado contra adotar medidas que possam ser interpretadas como uma intervenção direta no mercado de câmbio, como centralização cambial. E repete sempre que não irá acabar com o câmbio flutuante.
Sua equipe também não deseja voltar a tributar com IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) a entrada de capital estrangeiro no país. Chegou a ser analisada a possibilidade de aplicar esse tributo apenas nas operações de compra de títulos públicos com dinheiro estrangeiro, mas por enquanto está descartada porque seu efeito seria muito pequeno no mercado cambial.
Tributar todo tipo de entrada de moeda estrangeira, por outro lado, prejudicaria as empresas nacionais, que estão se capitalizando com o lançamento de ações no mercado.

Custos
Enquanto isso, o governo segue estudando medidas para diminuir custos das empresas brasileiras, tornando-as mais competitivas no mercado externo. A principal é a redução nos encargos da folha de pagamento, com cortes na alíquota do INSS.
Essa medida, contudo, deve ficar para o próximo ano porque significa abrir mão de receita -algo muito difícil de ser feito neste ano por conta da queda na arrecadação.
Assessores presidenciais, apesar de não gostarem da excessiva valorização do real, destacam que até certo ponto ela é considerada bem-vinda. Isso porque ajuda no combate à inflação com a entrada de produtos mais baratos do exterior e estimula as empresas a se modernizarem com a compra de máquinas e equipamentos.
A valorização do real tem preocupado o governo porque, em suas avaliações, a tendência é de forte entrada de capital estrangeiro neste e nos próximos anos no país. Motivo: os investimentos no pré-sal e para montar a infraestrutura da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada em 2016, no Rio de Janeiro.


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