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Planalto barra medidas "artificiais" no câmbio
Orientação é manter compra de dólares para evitar valorização maior do real
Equipe econômica não deseja
voltar a tributar com IOF a
entrada de capital externo;
governo estuda medidas para
reduzir custo de empresas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A orientação do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva é não
adotar medidas consideradas
"artificiais" na política cambial
e seguir com as operações de
compra de dólar para evitar
uma valorização ainda mais excessiva do real. A moeda fechou
a sexta-feira cotada a R$ 1,737,
menor cotação em 12 meses.
Na avaliação da equipe econômica, hoje a principal medida disponível para segurar o valor do dólar é a atuação do Banco Central para enxugar o mercado de câmbio-ou seja, comprar o excesso de moeda estrangeira no mercado e, se necessário, ir além disso.
Essa estratégia fez as reservas internacionais atingirem
na semana passada o valor recorde de US$ 230 bilhões
-apenas em dois dias foram
adquiridos aproximadamente
US$ 5 bilhões que entraram no
país por conta do lançamento
de ações no mercado pelo banco Santander.
Até aqui, Lula tem se colocado contra adotar medidas que
possam ser interpretadas como
uma intervenção direta no
mercado de câmbio, como centralização cambial. E repete
sempre que não irá acabar com
o câmbio flutuante.
Sua equipe também não deseja voltar a tributar com IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) a entrada de capital
estrangeiro no país. Chegou a
ser analisada a possibilidade de
aplicar esse tributo apenas nas
operações de compra de títulos
públicos com dinheiro estrangeiro, mas por enquanto está
descartada porque seu efeito
seria muito pequeno no mercado cambial.
Tributar todo tipo de entrada
de moeda estrangeira, por outro lado, prejudicaria as empresas nacionais, que estão se capitalizando com o lançamento de
ações no mercado.
Custos
Enquanto isso, o governo segue estudando medidas para
diminuir custos das empresas
brasileiras, tornando-as mais
competitivas no mercado externo. A principal é a redução
nos encargos da folha de pagamento, com cortes na alíquota
do INSS.
Essa medida, contudo, deve
ficar para o próximo ano porque significa abrir mão de receita -algo muito difícil de ser
feito neste ano por conta da
queda na arrecadação.
Assessores presidenciais,
apesar de não gostarem da excessiva valorização do real, destacam que até certo ponto ela é
considerada bem-vinda. Isso
porque ajuda no combate à inflação com a entrada de produtos mais baratos do exterior e
estimula as empresas a se modernizarem com a compra de
máquinas e equipamentos.
A valorização do real tem
preocupado o governo porque,
em suas avaliações, a tendência
é de forte entrada de capital estrangeiro neste e nos próximos
anos no país. Motivo: os investimentos no pré-sal e para
montar a infraestrutura da Copa do Mundo em 2014 e da
Olimpíada em 2016, no Rio de
Janeiro.
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