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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Crise é oportunidade para mercado de capitais
A contração do crédito no
sistema bancário é uma oportunidade para fortalecer o mercado de capitais brasileiro como uma fonte de captação de
recursos para as empresas. Essa é a avaliação do diretor técnico do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais),
Carlos Antônio Rocca, que discutiu o tema com outros 17 representantes de entidades e
empresas do setor financeiro,
como CVM, BM&FBovespa e
Apimec.
Segundo Rocca, isso já vem
acontecendo. Em carta-resumo da reunião, ele mostra que o
volume médio mensal captado
pelas empresas brasileiras no
mercado de capitais até 30 de
setembro cresceu para R$ 6,8
bilhões neste ano -21,4% mais
que o registrado no ano passado (R$ 5,6 bilhões).
No acumulado do ano, já foram captados R$ 60 bilhões no
mercado de capitais, 89% do total movimentado em 2007. Os
dados consideram instrumentos como emissões primárias
de ações, debêntures, notas
promissórias e cessão de direitos creditórios.
Apesar do aumento na captação de recursos via mercado de
capitais, apenas 4 empresas
abriram o capital na Bovespa
neste ano ante 64 no ano passado. Para Rocca, a retração nos
IPOs (oferta inicial de ações)
reflete mais a saída de investidores estrangeiros do Brasil
que um desaquecimento do
mercado de capitais nacional.
"Antes, ao lado das emissões
primárias de empresas que já
têm capital aberto, havia um
fluxo significativo de IPOs, com
forte participação de investidores estrangeiros. Como eles sumiram com a crise, entende-se
que agora não há mercado para
entrar na Bolsa."
Mas o contexto desfavorável
para os IPOs não deve impedir
que empresas captem recursos
no mercado de capitais. "Há
uma grande quantidade de empresas que não o usam como alternativa para captar recursos.
Mas à medida que enfrentarem
restrições ao crédito, podem
considerar a opção."
Para Lacerda, China compensará recessão nos EUA
O pacote chinês de estímulo à economia animou
os mercados financeiros
ontem porque confirmou
que a China será o país que
compensará em parte as
perdas mundiais com a recessão nos Estados Unidos
e na Europa. A análise é de
Antonio Corrêa de Lacerda, professor de economia
da PUC-SP.
Para ele, todos os países
que fazem comércio com a
China vão ganhar com a
injeção de US$ 586 bilhões
na economia chinesa.
"A China demanda commodities e produtos internacionais. E isso abre uma
oportunidade para o Brasil", afirma o professor da
PUC-SP.
Entre os setores mais
beneficiados, Lacerda cita
o de mineração e o de
equipamentos.
Lacerda ressalta que o
pacote chinês é diferente
dos anunciados pelos Estados Unidos e pelos países europeus, focados em
socorrer instituições financeiras em crise. Em
vez de cobrir perdas de
bancos com títulos podres,
as medidas propostas pela
China se dispõem a fortalecer o mercado doméstico com investimentos.
"No caso da China, não
temos um pacote de socorro a bancos, mas com projetos firmes que demandam produtos e representam oportunidades de investimentos", disse o economista.
DE OLHO NELAS
Na lista "The 50 Women to Watch 2008", divulgada ontem pelo "Wall Street Journal", que elenca as mulheres que podem trazer impactos significativos ao mundo dos
negócios no próximo ano, a primeira é Sheila Bair, chefe
da FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), órgão
que garante operações do setor bancário dos EUA. A segunda colocada entre as mulheres para se prestar atenção foi Indra Nooyi, presidente da PepsiCo.
Carne terá novo patamar de preços, diz Sociedade Rural
O mercado de carnes vai se
ajustar a um novo patamar de
preço, bem abaixo do praticado
hoje, segundo Cesário Ramalho
da Silva, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira). Com
a crise, que escasseou o crédito
aos russos -maior comprador
individual da carne brasileira-
os negócios entre Brasil e Rússia serão comprometidos.
Nos portos russos já há contêineres parados pois o país está sem recursos para quitar as
parcelas restantes dos carregamentos que já foram entregues
nos portos, diz Silva. "Quando o
comprador busca crédito bancário para tirar a mercadoria do
porto, não consegue."
Segundo Silva, os russos já
começaram a pedir descontos e
ameaçaram cancelar contratos.
Na Sial, uma das maiores feiras
de alimentos do mundo, que
ocorreu no fim de outubro, em
Paris, Silva afirma que os descontos pedidos circulavam em
torno de US$ 1.500 por tonelada, sendo que hoje o valor da
medida é de cerca de US$ 3.500
-antes do aprofundamento da
crise, o valor praticado era de
cerca de R$ 4.000. Mas os descontos ainda não foram aceitos.
"Foi uma feira sem negócios.
Isso significa que o mercado internacional de carnes está em
busca de um novo patamar,
mais baixo."
Silva diz que as informações
de que frigoríficos brasileiros
estão reavaliando seus investimentos e dando férias a funcionários acentuam incertezas no
setor. "Se isso se espalhar para
mais países importadores e frigoríficos vai afetar a demanda e
os pedidos de entrega, e atingir
o preço pago ao pecuarista."
EM BOM PORTUGUÊS
A Britcham (Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil) lança, pela
primeira vez em português,
o livro "Doing Business in
Brazil", publicação editada
desde 1998 em inglês. O livro
é um guia bienal sobre a legislação brasileira, direcionado a executivos e empreendedores estrangeiros
que pretendem investir no
país. A versão em português
do guia de negócios terá 373
páginas e estará à venda por
R$ 80 nas principais livrarias brasileiras.
NO MAPA
A Bradesco Seguros e Previdência terá um aplicativo
comercial homologado pela
Apple para o iPhone. Trata-se de um software do Bradesco Seguro Auto, um serviço gratuito que oferece a
usuários do iPhone o acesso
a oficinas, mapas digitais,
listas de endereços de postos
de combustíveis, estacionamentos e dicas de manutenção do veículo, entre outros.
O aplicativo está disponível
também para não-clientes
da seguradora.
EM CASA
As Casas Bahia inauguram
amanhã uma filial em Paraisópolis, comunidade da zona sul de SP com 80 mil habitantes e 21 mil domicílios.
A rede recebeu 1.600 currículos da comunidade e integrou à equipe de atendimento 27 moradores locais.
ANIVERSÁRIO
A Caixa Consórcios completou seis anos de existência nesta semana com mais
de 52 mil famílias brasileiras
contempladas com imóveis.
O valor equivale a quase metade da carteira do produto
imobiliário hoje, de 109.685
consorciados. Até novembro, a média de entregas da
empresa é de 53 residências
a cada 24 horas.
VÔO ALTO
Grandes empreiteiras, como OAS, Odebrecht e Camargo Corrêa, se destacaram como o principal grupo
entre os inscritos para o 1º
Seminário Internacional sobre Concessão de Aeroportos no Brasil, que será realizado na sexta, em SP.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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