São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Crise é oportunidade para mercado de capitais

A contração do crédito no sistema bancário é uma oportunidade para fortalecer o mercado de capitais brasileiro como uma fonte de captação de recursos para as empresas. Essa é a avaliação do diretor técnico do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), Carlos Antônio Rocca, que discutiu o tema com outros 17 representantes de entidades e empresas do setor financeiro, como CVM, BM&FBovespa e Apimec.
Segundo Rocca, isso já vem acontecendo. Em carta-resumo da reunião, ele mostra que o volume médio mensal captado pelas empresas brasileiras no mercado de capitais até 30 de setembro cresceu para R$ 6,8 bilhões neste ano -21,4% mais que o registrado no ano passado (R$ 5,6 bilhões).
No acumulado do ano, já foram captados R$ 60 bilhões no mercado de capitais, 89% do total movimentado em 2007. Os dados consideram instrumentos como emissões primárias de ações, debêntures, notas promissórias e cessão de direitos creditórios.
Apesar do aumento na captação de recursos via mercado de capitais, apenas 4 empresas abriram o capital na Bovespa neste ano ante 64 no ano passado. Para Rocca, a retração nos IPOs (oferta inicial de ações) reflete mais a saída de investidores estrangeiros do Brasil que um desaquecimento do mercado de capitais nacional.
"Antes, ao lado das emissões primárias de empresas que já têm capital aberto, havia um fluxo significativo de IPOs, com forte participação de investidores estrangeiros. Como eles sumiram com a crise, entende-se que agora não há mercado para entrar na Bolsa."
Mas o contexto desfavorável para os IPOs não deve impedir que empresas captem recursos no mercado de capitais. "Há uma grande quantidade de empresas que não o usam como alternativa para captar recursos. Mas à medida que enfrentarem restrições ao crédito, podem considerar a opção."

Para Lacerda, China compensará recessão nos EUA

O pacote chinês de estímulo à economia animou os mercados financeiros ontem porque confirmou que a China será o país que compensará em parte as perdas mundiais com a recessão nos Estados Unidos e na Europa. A análise é de Antonio Corrêa de Lacerda, professor de economia da PUC-SP.
Para ele, todos os países que fazem comércio com a China vão ganhar com a injeção de US$ 586 bilhões na economia chinesa.
"A China demanda commodities e produtos internacionais. E isso abre uma oportunidade para o Brasil", afirma o professor da PUC-SP.
Entre os setores mais beneficiados, Lacerda cita o de mineração e o de equipamentos.
Lacerda ressalta que o pacote chinês é diferente dos anunciados pelos Estados Unidos e pelos países europeus, focados em socorrer instituições financeiras em crise. Em vez de cobrir perdas de bancos com títulos podres, as medidas propostas pela China se dispõem a fortalecer o mercado doméstico com investimentos.
"No caso da China, não temos um pacote de socorro a bancos, mas com projetos firmes que demandam produtos e representam oportunidades de investimentos", disse o economista.

DE OLHO NELAS

Na lista "The 50 Women to Watch 2008", divulgada ontem pelo "Wall Street Journal", que elenca as mulheres que podem trazer impactos significativos ao mundo dos negócios no próximo ano, a primeira é Sheila Bair, chefe da FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), órgão que garante operações do setor bancário dos EUA. A segunda colocada entre as mulheres para se prestar atenção foi Indra Nooyi, presidente da PepsiCo.

Carne terá novo patamar de preços, diz Sociedade Rural

O mercado de carnes vai se ajustar a um novo patamar de preço, bem abaixo do praticado hoje, segundo Cesário Ramalho da Silva, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira). Com a crise, que escasseou o crédito aos russos -maior comprador individual da carne brasileira- os negócios entre Brasil e Rússia serão comprometidos.
Nos portos russos já há contêineres parados pois o país está sem recursos para quitar as parcelas restantes dos carregamentos que já foram entregues nos portos, diz Silva. "Quando o comprador busca crédito bancário para tirar a mercadoria do porto, não consegue."
Segundo Silva, os russos já começaram a pedir descontos e ameaçaram cancelar contratos. Na Sial, uma das maiores feiras de alimentos do mundo, que ocorreu no fim de outubro, em Paris, Silva afirma que os descontos pedidos circulavam em torno de US$ 1.500 por tonelada, sendo que hoje o valor da medida é de cerca de US$ 3.500 -antes do aprofundamento da crise, o valor praticado era de cerca de R$ 4.000. Mas os descontos ainda não foram aceitos. "Foi uma feira sem negócios. Isso significa que o mercado internacional de carnes está em busca de um novo patamar, mais baixo."
Silva diz que as informações de que frigoríficos brasileiros estão reavaliando seus investimentos e dando férias a funcionários acentuam incertezas no setor. "Se isso se espalhar para mais países importadores e frigoríficos vai afetar a demanda e os pedidos de entrega, e atingir o preço pago ao pecuarista."

EM BOM PORTUGUÊS
A Britcham (Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil) lança, pela primeira vez em português, o livro "Doing Business in Brazil", publicação editada desde 1998 em inglês. O livro é um guia bienal sobre a legislação brasileira, direcionado a executivos e empreendedores estrangeiros que pretendem investir no país. A versão em português do guia de negócios terá 373 páginas e estará à venda por R$ 80 nas principais livrarias brasileiras.

NO MAPA
A Bradesco Seguros e Previdência terá um aplicativo comercial homologado pela Apple para o iPhone. Trata-se de um software do Bradesco Seguro Auto, um serviço gratuito que oferece a usuários do iPhone o acesso a oficinas, mapas digitais, listas de endereços de postos de combustíveis, estacionamentos e dicas de manutenção do veículo, entre outros. O aplicativo está disponível também para não-clientes da seguradora.

EM CASA
As Casas Bahia inauguram amanhã uma filial em Paraisópolis, comunidade da zona sul de SP com 80 mil habitantes e 21 mil domicílios. A rede recebeu 1.600 currículos da comunidade e integrou à equipe de atendimento 27 moradores locais.

ANIVERSÁRIO
A Caixa Consórcios completou seis anos de existência nesta semana com mais de 52 mil famílias brasileiras contempladas com imóveis. O valor equivale a quase metade da carteira do produto imobiliário hoje, de 109.685 consorciados. Até novembro, a média de entregas da empresa é de 53 residências a cada 24 horas.

VÔO ALTO
Grandes empreiteiras, como OAS, Odebrecht e Camargo Corrêa, se destacaram como o principal grupo entre os inscritos para o 1º Seminário Internacional sobre Concessão de Aeroportos no Brasil, que será realizado na sexta, em SP.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


Próximo Texto: "Reais não são suficientes", diz Febraban
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.