São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

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Banco Central de Lula é mais rigoroso do que o de FHC, defendem economistas

DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O Banco Central de Luiz Inácio Lula da Silva é mais rigoroso do que o de Fernando Henrique Cardoso. Pelo menos é o que sugerem pesquisas apresentadas por economistas durante encontro em Salvador.
Desde 2003, o BC reage mais pronta e fortemente a alterações da expectativa de inflação e, sugere um dos trabalhos, poderia tê-la mantido na meta com juros menos altos.
Economistas de todo o Brasil reuniram-se na semana passada, em Salvador, no 34º Encontro Nacional de Economia, organizado pela Anpec (Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia).
Rodrigo Policano, da Universidade de São Paulo, e Rodrigo Bueno, da Fundação Getulio Vargas, tentaram, em artigo apresentado durante o encontro, mostrar como o Banco Central se comportou na hora de decidir os juros.
Ambos estudaram o comportamento da política monetária de 1995 até 2005 e "descobriram" o seguinte: até o ano de 1999, os juros reagiam mais fortemente a variações das reservas internacionais e ao nível de atividade econômica. A partir de 1999, eles passaram a reagir mais a mudanças nas expectativas de inflação.
Mas os dois economistas também chegaram a outra conclusão: "a partir de 2003, a política monetária ficou mais rígida", diz Bueno. Trocando em miúdos, o Banco Central na era Lula reage mais a mudanças na expectativa de inflação apurada entre analistas e consultores do setor privado.
Vladimir Teles e Mario Brundo, ambos da Escola de Economia de São Paulo, da FGV, chegaram, por caminhos diferentes, a resultado parecido. "Os resultados mostram que há uma política monetária ativa de combate à inflação. Ela foi mais agressiva no período recente, desde o início do governo Lula", diz Teles.
Ele também tentou estimar o quanto da agressividade poderia ter sido evitada, calculando o que ele chamou de excesso de rigor do Banco Central.
Segundo Teles, pelo menos desde janeiro deste ano, o rigor do Banco Central teria custado 2% em termos de juros.
Ou seja, os juros poderiam estar mais baixos hoje, e o Banco Central não teria aberto mão da estabilidade para isso. (MARCELO BILLI)


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