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Banco Central de Lula é mais rigoroso do que o de FHC, defendem economistas
DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
O Banco Central de Luiz Inácio Lula da Silva é mais rigoroso
do que o de Fernando Henrique Cardoso. Pelo menos é o
que sugerem pesquisas apresentadas por economistas durante encontro em Salvador.
Desde 2003, o BC reage mais
pronta e fortemente a alterações da expectativa de inflação
e, sugere um dos trabalhos, poderia tê-la mantido na meta
com juros menos altos.
Economistas de todo o Brasil
reuniram-se na semana passada, em Salvador, no 34º Encontro Nacional de Economia, organizado pela Anpec (Associação Nacional dos Centros de
Pós-Graduação em Economia).
Rodrigo Policano, da Universidade de São Paulo, e Rodrigo
Bueno, da Fundação Getulio
Vargas, tentaram, em artigo
apresentado durante o encontro, mostrar como o Banco
Central se comportou na hora
de decidir os juros.
Ambos estudaram o comportamento da política monetária
de 1995 até 2005 e "descobriram" o seguinte: até o ano de
1999, os juros reagiam mais fortemente a variações das reservas internacionais e ao nível de
atividade econômica. A partir
de 1999, eles passaram a reagir
mais a mudanças nas expectativas de inflação.
Mas os dois economistas
também chegaram a outra conclusão: "a partir de 2003, a política monetária ficou mais rígida", diz Bueno. Trocando em
miúdos, o Banco Central na era
Lula reage mais a mudanças na
expectativa de inflação apurada
entre analistas e consultores do
setor privado.
Vladimir Teles e Mario
Brundo, ambos da Escola de
Economia de São Paulo, da
FGV, chegaram, por caminhos
diferentes, a resultado parecido. "Os resultados mostram
que há uma política monetária
ativa de combate à inflação. Ela
foi mais agressiva no período
recente, desde o início do governo Lula", diz Teles.
Ele também tentou estimar o
quanto da agressividade poderia ter sido evitada, calculando
o que ele chamou de excesso de
rigor do Banco Central.
Segundo Teles, pelo menos
desde janeiro deste ano, o rigor
do Banco Central teria custado
2% em termos de juros.
Ou seja, os juros poderiam
estar mais baixos hoje, e o Banco Central não teria aberto mão
da estabilidade para isso.
(MARCELO BILLI)
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