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Bancos estrangeiros iniciam corrida por US$ 4,3 tri na China
A partir de hoje, instituições financeiras poderão atuar no varejo do sistema bancário chinês, com oferta de serviços na moeda local
Principal desafio para as companhias multinacionais na disputa pelo mercado será a concorrência com os gigantes estatais do país
Paul Hilton - 19.out.06/Bloomberg
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Mulher em frente a agência do maior banco estatal chinês, o ICBC, com ativos de US$ 850 bilhões |
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Bancos estrangeiros poderão
competir em pé de igualdade
com os chineses a partir de hoje, quando termina o prazo de
cinco anos para a abertura do
setor financeiro da China fixado pela OMC (Organização
Mundial do Comércio).
O que está em jogo é o mercado do país mais populoso do
mundo -1,3 bilhão de pessoas-, que registra taxas
anuais de crescimento de 9,6%
desde 1978. O volume de depósitos atinge a fantástica soma
de US$ 4,3 trilhões, ou 170% do
PIB, mas são poucas as opções
rentáveis de investimentos.
São os titulares desses depósitos que os estrangeiros tentarão conquistar a partir de hoje,
quando poderão atuar sem restrições no varejo, com abertura
de agência e oferta de serviços
em yuans para pessoas físicas e
jurídicas. Até agora, eles só podiam ter operações em dólares
e restritas a empresas.
Multinacionais como Citibank, HSBC, Bank of American, Goldman Sachs e American Express já deram a largada
na corrida, por meio da compra
de participações minoritárias
em bancos estatais chineses.
Alguns bancos já possuem
agências na China e registraram no ano passado lucro total
de US$ 446 milhões, pouco
mais que o dobro do valor obtido em 2001. Mas o número total de suas agências é de apenas
214, comparado a cerca de 70
mil das instituições chinesas.
Agora, todos pretendem ampliar sua presença no mercado,
que tem volume de empréstimos de US$ 2,9 trilhões, o equivalente a 120% do PIB, já considerada a expansão de 10,5%
prevista para este ano. No Brasil, a relação é de pouco mais de
30% do PIB.
Apesar do enorme volume de
dinheiro nos bancos, o sistema
financeiro chinês é pouco sofisticado. O uso de cartões de crédito é incipiente e o financiamento ao consumo, quase inexistente. A afluente e cada vez
maior classe média chinesa
quer comprar carros, apartamentos e bens de consumo,
operações que podem ser intermediadas pelos bancos.
O principal desafio no caminho dos estrangeiros será a
concorrência com os gigantescos bancos estatais chineses,
que têm ramificações em todo
o país e concentram o maior volume de depósitos.
O maior deles, o ICBC (Industrial and Commercial Bank
of China), possui ativos de US$
850 bilhões, 18 mil agências e
355 mil funcionários.
O número de clientes da instituição reflete as proporções
do país: 2,5 milhões de empresas e 150 milhões de pessoas físicas, universo equivalente à
soma dos habitantes de Colômbia, Argentina, Peru, Equador e
Venezuela.
Mas antes de saírem à caça de
potenciais clientes, os bancos
estrangeiros terão de cumprir
as regras estabelecidas pelo governo para sua operação no
país -divulgadas apenas no dia
15 de novembro, menos de um
mês antes da data de abertura
do mercado financeiro.
A principal delas é a exigência de criação de novas empresas na China -e não meras filiais-, com capital mínimo de
US$ 125 milhões. Além disso,
terão de fazer provisões de US$
12,5 milhões para cada nova
agência que abrirem no país.
Segundo o governo, a regra
tem o objetivo de proteger os
interesses dos depositantes,
que correriam o risco de perder
ativos, na hipótese de uma crise
global do banco estrangeiro.
O organismo responsável pela regulamentação do setor
bancário informou que pelo
menos dez bancos estrangeiros
já haviam manifestado interesse em criar empresas na China
dentro das novas regras.
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