São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

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Empresas e governos de países emergentes voltam a captar no mercado internacional

DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas e governos de países emergentes voltaram ao mercado de capitais internacional no trimestre passado, de acordo com relatório do BIS (Banco de Compensações Internacionais). No segundo trimestre deste ano, a emissão líquida de papéis de governos ou empresas dos países em desenvolvimento foi de minguados US$ 2 bilhões, contra US$ 44,7 bilhões do trimestre anterior.
No terceiro trimestre, as emissões voltaram a ganhar fôlego, e o mundo em desenvolvimento emitiu, em termos líquidos, US$ 23,9 bilhões em papéis -títulos ou ações.
"Os governos de países emergentes praticamente não haviam ido ao mercado desde abril", ressalta o relatório do BIS. De fato, a maior parte da recuperação das emissões ocorreu por conta do setor privado, enquanto os governos, com raras exceções, como o Brasil, continuam sem recorrer ao financiamento externo.
Mesmo quem voltou, como Brasil e México, lembra o relatório, o fez timidamente. "O setor privado excedeu em muito as captações do setor público."
A redução drástica das emissões soberanas, como são chamadas as operações feitas por governos, é compreensível. Segundo o BIS, a tendência é explicada por dois fatores. Por um lado, a situação fiscal da maioria dos países é hoje bem melhor que no passado, o que diminui a necessidade de financiamento. Por outro, governos têm preferido trocar endividamento externo por interno, como é o caso do Brasil.
Assim, dos US$ 23,9 bilhões de emissões líquidas no terceiro trimestre, US$ 15,3 bilhões, ou 64%, foram de aumento de emissões de instituições financeiras. As emissões de empresas explicam 25% do total. Os governos de países emergentes, com emissões líquidas de US$ 2,5 bilhões, responderam apenas por quase 11% das emissões líquidas no terceiro trimestre.
Ainda que baixo, o volume de US$ 2,5 bilhões de emissões líquidas de governos emergentes mostra uma mudança drástica em relação ao segundo trimestre, quando esses governos tiveram emissão líquida negativa -tiraram papéis do mercado- no valor de US$ 20 bilhões.
Mas não está claro ainda se a tendência de pagamento de dívida externa pública dos países emergentes já acabou. Mesmo no terceiro trimestre, apenas 7 dos 28 países em desenvolvimento acompanhados pelo BIS fizeram emissões líquidas -os demais ou não foram a mercado ou reduziram suas dívidas.


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