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Nova conta salário deve excluir aposentado
INSS vê risco de fraudes com permissão para transferência automática entre bancos; servidor público pode ter regra diferenciada
Cresce a pressão de Serra e de outros governadores para que funcionalismo também fique fora de novas regras previstas para 2007
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por causa da pressão política
dos Estados, sobretudo do governador eleito de São Paulo,
José Serra (PSDB), a equipe
econômica já acena com tratamento diferenciado para servidores públicos na adoção da
nova conta salário. Aposentados e pensionistas do INSS deverão ficar fora das novas regras, a pedido do ministro Nelson Machado (Previdência).
Em discussão na área técnica, a regulamentação do instrumento que permite aos trabalhadores transferir, automaticamente e sem custos, o salário
do banco escolhido pelo empregador para a instituição de
sua preferência, prevê três grupos com regras diferenciadas.
O primeiro é formado pelos
beneficiários da Previdência.
Nelson Machado vê risco na
medida porque dificultaria a
fiscalização, facilitando fraudes
nas aposentadorias. Com isso,
nos bastidores da área econômica, é dado como certo que a
nova conta salário não deverá
ser aplicada nesse caso.
Os trabalhadores de empresas ou governos que já tinham
convênios com instituições financeiras antes de setembro
deste ano -quando foi anunciado que a partir de janeiro de
2007 a conta salário deixaria de
ser optativa- passarão por um
período de transição. A idéia é
que demore até dois anos para
que os bancos sejam obrigados
a oferecer a conta salário nesse
caso. Com isso, há tempo para
encerrar os contratos em vigor.
A maior dor de cabeça tem sido o funcionalismo. Serra pediu ao governo que os servidores não sejam incluídos nas novas regras. Parte da equipe econômica alega que a medida será
inútil se não for aplicada ao
funcionalismo. Outros dizem
que está em jogo a "sobrevivência dos bancos públicos" que
restaram após as privatizações.
Segundo a Folha apurou, integrantes do Banco do Brasil e
da Caixa Econômica Federal,
no entanto, alegam não ver esse risco para os bancos públicos. Primeiro porque não acreditam que haverá corrida dos
trabalhadores para trocar de
banco. Segundo porque as instituições públicas também poderão ser agressivas e ganhar
novos clientes. Os dois bancos
federais já trabalham estratégias para aumentar a clientela
com pacotes especiais vinculados à conta salário.
Pressão
Enquanto isso, o pedido de
Serra ganhou apoio de outros
governadores, segundo informou à Folha um importante
interlocutor do governo.
Mesmo governadores de Estados que se enquadram nas
regras de transição, por terem
convênio assinado antes de setembro, querem excluir o funcionalismo porque, quando
vencer o contrato, poderão licitar novamente a folha de pagamento e fazer caixa. O ministro
Guido Mantega (Fazenda) teria dito em conversas com banqueiros na última quinta-feira
que "será difícil não atender ao
pedido dos governadores".
Segundo a Folha apurou, a
área econômica trabalhava
com "salvaguardas" para os Estados. A sugestão inicial era incluir os servidores públicos no
grupo de transição. Mas, na última sexta, Mantega já tinha
em mãos nova fórmula que
permite a "venda da folha de
pagamento do Estado, mas
com algumas condições", segundo relato de um técnico do
governo. A solução não comprometeria o objetivo principal
da nova conta salário: elevar a
concorrência entre os bancos.
O BC é contra regras especiais para Estados e prefere
uma transição aplicada a todos.
Uma nova rodada de reuniões
acontecerá nesta semana.
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