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Ação do BC vai
na contramão
de outros países
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
A manutenção, mais uma
vez, dos juros em 13,75% pelo
BC é quase uma exceção entre as principais economias
globais. No momento em que
o mundo enfrenta um período de aguda desaceleração, a
lista dos BCs que não cortaram os juros desde a concordata do Lehman Brothers é
composta basicamente por
países que enfrentam grave
crise (vários deles tiveram de
apelar ao FMI) e pelo Brasil
-única entre as 20 maiores
economias que cresceu mais
no terceiro trimestre do que
nos três meses anteriores.
Além do Brasil, somente a
Rússia e o México entre as 25
maiores economias (que têm
PIBs acima de US$ 380 bilhões) não cortaram seus juros desde 15 de setembro,
quando o Lehman Brothers
pediu concordata, ampliando a crise. A Indonésia chegou a elevar os juros no início
da crise, mas hoje eles estão
no mesmo nível de antes de
15 de setembro.
No caso russo, o governo
apelou ao aumento dos juros
(de 11% para 13%) para tentar atrair o investidor estrangeiro, que deixou o país com
a crise e após o conflito com a
Geórgia, em agosto. Com
uma das suas principais fontes de renda -o petróleo-
caindo cerca de 60% desde
julho, o país já gastou US$
128 bilhões (mais de 20% das
reservas internacionais) para tentar impedir uma desvalorização maior do rublo.
Para o México, que manteve a taxa de juros, a principal
preocupação é a inflação,
que, no mês passado, chegou
ao maior nível em mais de sete anos. Mas, com o vizinho
Estados Unidos indicando
que terá a pior recessão em
mais de 25 anos, analistas dizem que essa política não terá longa duração, e o governo
deverá reduzir os juros.
Mesmo ampliando a pesquisa para 57 países, a decisão brasileira de não cortar
os juros continua sendo minoria, sendo seguida em sua
maior parte por países que tiveram de recorrer a empréstimos bilionários do FMI, como a Islândia e o Paquistão,
ou vizinhos como Venezuela
e Chile, entre outros.
A lista dos que reduziram
os juros é muito mais extensa e é composta por países
que vão dos EUA (com PIB
de US$ 13,8 trilhões) até o
Vietnã (cuja economia é 5%
da americana). Taiwan, por
exemplo, já cortou a taxa
quatro vezes desde a concordata do Lehman Brothers.
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