São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Ação do BC vai na contramão de outros países

ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO

A manutenção, mais uma vez, dos juros em 13,75% pelo BC é quase uma exceção entre as principais economias globais. No momento em que o mundo enfrenta um período de aguda desaceleração, a lista dos BCs que não cortaram os juros desde a concordata do Lehman Brothers é composta basicamente por países que enfrentam grave crise (vários deles tiveram de apelar ao FMI) e pelo Brasil -única entre as 20 maiores economias que cresceu mais no terceiro trimestre do que nos três meses anteriores.
Além do Brasil, somente a Rússia e o México entre as 25 maiores economias (que têm PIBs acima de US$ 380 bilhões) não cortaram seus juros desde 15 de setembro, quando o Lehman Brothers pediu concordata, ampliando a crise. A Indonésia chegou a elevar os juros no início da crise, mas hoje eles estão no mesmo nível de antes de 15 de setembro.
No caso russo, o governo apelou ao aumento dos juros (de 11% para 13%) para tentar atrair o investidor estrangeiro, que deixou o país com a crise e após o conflito com a Geórgia, em agosto. Com uma das suas principais fontes de renda -o petróleo- caindo cerca de 60% desde julho, o país já gastou US$ 128 bilhões (mais de 20% das reservas internacionais) para tentar impedir uma desvalorização maior do rublo.
Para o México, que manteve a taxa de juros, a principal preocupação é a inflação, que, no mês passado, chegou ao maior nível em mais de sete anos. Mas, com o vizinho Estados Unidos indicando que terá a pior recessão em mais de 25 anos, analistas dizem que essa política não terá longa duração, e o governo deverá reduzir os juros.
Mesmo ampliando a pesquisa para 57 países, a decisão brasileira de não cortar os juros continua sendo minoria, sendo seguida em sua maior parte por países que tiveram de recorrer a empréstimos bilionários do FMI, como a Islândia e o Paquistão, ou vizinhos como Venezuela e Chile, entre outros.
A lista dos que reduziram os juros é muito mais extensa e é composta por países que vão dos EUA (com PIB de US$ 13,8 trilhões) até o Vietnã (cuja economia é 5% da americana). Taiwan, por exemplo, já cortou a taxa quatro vezes desde a concordata do Lehman Brothers.


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