São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Freada dos preços no atacado segura inflação

DA SUCURSAL DO RIO

Se o Banco Central tivesse olhado apenas para o comportamento recente de inflação, sua opção seria cortar a taxa básica de juros, segundo especialistas. É que todos os índices mostram uma firme desaceleração na esteira da queda das commodities e do enfraquecimento da demanda.
Ontem, a primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) registrou alta de 0,14%, muito abaixo do 0,80% de igual período de novembro.
O índice cedeu graças especialmente à freada dos preços no atacado, que subiram apenas 0,04% na parcial deste mês, com queda dos produtos industriais (-0,15%).
No começo da semana, o IGP-DI já havia sinalizado a mesma tendência: o índice cedeu de 1,09% em outubro para 0,07% em novembro, segundo a FGV. A perda de fôlego foi puxada pelo recuo tanto das commodities no atacado como dos preços industriais.
Mesmo ao consumidor, os preços já mostram arrefecimento. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) cedeu de 0,45% em outubro para 0,36% em novembro -taxa que surpreendeu todas as expectativas. A variação menor ocorreu devido à desaceleração de alimentos e bens duráveis.
No IPCA, índice que baliza as metas de inflação do governo, o grupo alimentação recuou de 0,69% em outubro para 0,61% em novembro.
Para Francis Kinder, da Rosenberg & Associados, é clara a tendência de contração da demanda interna. Tal cenário, diz, possibilita a queda dos preços industriais e permite, em tese, ao BC reduzir os juros.
Para Flávio Castello Branco, da CNI (Confederação Nacional da Indústria), há um quadro mais favorável de inflação e sinais claros de redução do nível de atividade econômica -como a queda da produção da indústria e a menor confiança de empresários e de consumidores. Tal ambiente, diz, permite o recuo da taxa. A única dúvida, segundo ele, é o câmbio.
Na visão do economista Luiz Roberto Cunha, da PUC do Rio de Janeiro, a instabilidade gerada pela forte oscilação do câmbio leva a uma posição de cautela do Banco Central.


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