São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Câmara dos EUA aprova plano de resgate a montadoras de US$ 14 bi

Proposta de ajuda agora vai para o Senado, onde deve enfrentar resistências

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Depois de 48 horas de negociações com a Casa Branca sobre o texto da lei de resgate das gigantes automotivas GM e Chrysler, a Câmara dos Representantes dos EUA votou e aprovou com facilidade a medida na noite de ontem. A legislação segue agora para o Senado, onde deverá enfrentar oposição de republicanos.
O texto final da lei oferece empréstimos emergenciais de curto prazo de até US$ 14 bilhões para a GM e a Chrysler -o dinheiro pode ser disponibilizado já na semana que vem. Em troca, as empresas dariam ao Departamento do Tesouro garantias para um equivalente em ações de 20% do valor emprestado. A Ford, também na linha de frente das negociações, afirmou que não precisa do empréstimo por enquanto, preferindo abrir uma linha de crédito federal.
O valor final é menos da metade dos US$ 34 bilhões pedido pelas montadoras. O rascunho da lei enviado por democratas à Casa Branca na segunda-feira previa um teto de US$ 15 bilhões em empréstimos.
A verba será proveniente de fundos previamente aprovados para ajudar montadoras a reformarem suas fábricas e produzirem veículos "ecológicos", com maior eficiência de combustível. Ironicamente, o texto aprovado eliminou, por exigência da Casa Branca, uma demanda inicial para que as automotivas desistissem de processos contra elevação de padrões antipoluentes.
A lei também prevê que o presidente George W. Bush designará imediatamente um "czar" para supervisionar o empréstimo e a restruturação das empresas. Sob orientação do "czar", as gigantes automotivas têm até 31 de março para cortar custos, renegociar dívidas e obter concessões de trabalhadores em volume suficiente para relatar um "valor geral presente positivo". Além disso, ficam barrados o pagamento de dividendos a acionistas e de bônus a executivos.
Com o apoio dos líderes democratas, a lei foi aprovada na Câmara por 237 a 170. Agora, o futuro da proposta está nas mãos do Senado.
Na tarde de ontem, senadores republicanos contrários à medida, incluindo o conservador Richard Shelby (Alabama), disseram que pretendem barrar a aprovação. "A lei não vai ajudar as montadoras a se tornarem competitivas. Vai apenas adiar seu funeral."
"O dinheiro dos contribuintes vai ser desperdiçado", acrescentou o republicano John Ensign (Nevada). "Se os CEOs dessas empresas não conseguiram gerenciá-las bem, como podemos esperar que um "czar" ou político saiba tomar as melhores decisões para seus negócios agora?"
Apesar das dificuldades, o líder democrata no Senado, Harry Reid, disse esperar que o plano fosse aprovado no Senado até o final desta semana.


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