São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Vendas de veículos mantêm ritmo de queda em dezembro

Mercado contraria expectativa da indústria e sofre declínio de 7% em dezembro

Como medida emergencial, montadoras realizam feirões e subsidiam taxas de juros; para concessionário, venda só terá alta em março

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ao contrário das expectativas da indústria automotiva, as vendas de veículos seguem em declínio. Na primeira semana deste mês, foram emplacadas 41.344 unidades no país -entre automóveis, caminhões e ônibus-, contra 44.799 unidades na primeira semana de novembro, queda de 7,7%, segundo dados obtidos pela Folha.
Para tentar reverter a trajetória de queda, as montadoras recorrem aos feirões e oferecem taxas de juros subsidiadas e prazos mais longos.
A GM, por exemplo, realizou quatro feirões consecutivos nos últimos finais de semana, desde o dia 15 de novembro. Em tempos normais, a montadora promove um feirão a cada dois meses, segundo o gerente regional de marketing e vendas da montadora, Rodrigo Rumi.
"Fizemos uma ação de varejo muito forte para trazer o consumidor de volta. É uma medida de emergência", diz. De acordo com ele, o fluxo de pessoas na rede da GM aumentou 25% entre as primeiras semanas de novembro e dezembro. "Esse é um indicativo de que o mercado está começando a se reaquecer. As pessoas voltaram pelo menos a pesquisar."
As concessionárias também sacrificam seus lucros para atrair clientela e se livrar dos altos níveis de estoques. O gerente de vendas da Sonnervig (concessionária Ford), Ramon Valadares Carmina, disse que a rede teve de abrir mão de até 50% da margem sobre alguns modelos para turbinar as vendas e reduzir o volume de carros estacionados nos pátios.
Ainda assim, o presidente da Fenabrave (associação das concessionárias), Sérgio Reze, prevê que as vendas só devem apresentar resultado positivo no país a partir de março.

Ford
As incertezas sobre o desempenho do mercado automotivo no país após o recrudescimento da crise global levaram a Ford a atrasar a elaboração de seu orçamento para 2009. Se, em geral, o planejamento anual de vendas, gastos e investimentos da montadora fica pronto entre setembro e outubro, neste ano a Ford deixou para aprová-lo somente na segunda metade de dezembro.
"Todos evitam fazer prognósticos para 2009. Se você sabe que haverá queda, a notícia é ruim, mas, ao menos, você consegue se planejar. Ocorre que temos vários cenários possíveis. Desde que comecei no setor automotivo, nunca vi tanta incerteza", disse ontem o presidente da Ford para o Brasil e Mercosul, Marcos de Oliveira.
Segundo ele, apesar da necessidade de reduzir a produção por conta da queda nas vendas, a montadora manterá seu plano de investimentos até 2011, de R$ 3 bilhões.
"Se deixarmos de investir, ficaremos em uma posição desfavorável quando o mercado voltar a se aquecer", afirma.


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