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Positivo pode mudar seu estatuto para fechar venda
Mudança prejudicaria minoritários da empresa, que sofre com a alta do dólar
Maior fabricante de computador do país recebeu lance de R$ 2 bi da Lenovo; Dell também está na disputa, que fez ações dispararem
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
As negociações entre a Positivo Informática e a Lenovo,
que já duram um ano, avançaram com uma proposta formal
da gigante chinesa pela compra
da maior fabricante de computadores e notebooks do Brasil.
A americana Dell também
está no páreo, mas, até o momento, as ofertas não avançaram por uma questão de cifras.
Os controladores, que detêm
cerca de 70% das ações do grupo Positivo, receberam propostas de, no máximo, R$ 2 bilhões
pela empresa.
Desde a abertura de capital,
no final de 2006, suas ações caíram de R$ 23,5 para R$ 10,45,
no pregão de ontem, o que barateou o valor da empresa.
Para fechar o negócio, a Positivo tinha o preço alvo de R$ 4,7
bilhões, embora, segundo a Folha apurou, aceite R$ 3 bilhões.
Segundo um dos envolvidos
nessa negociação, as conversas
podem avançar caso a crise financeira se agrave no primeiro
trimestre de 2009. A alta do dólar impacta o caixa da Positivo,
que vem operando com margens de lucro pequenas.
É por isso que as propostas
continuam em análise. Os chineses querem pagar R$ 2 bilhões, quantia mínima que
obrigaria a Positivo a fazer uma
mudança de seu estatuto, desprotegendo os acionistas minoritários. Pelas regras vigentes, o
comprador de mais de 10% das
ações terá de pagar a cotação
mais alta dos últimos dois anos,
inclusive aos minoritários.
Ao contrário da TIM, que
diante dos rumores de mercado
enviou à CVM (Comissão de
Valores Mobiliários) um fato
relevante negando que estivesse à venda, a Positivo explicou à
autoridade que mantém uma
parceria com o banco UBS Pactual, responsável pela análise
das ofertas de compra recebidas nos últimos dois anos.
Analistas de mercado, acionistas e parceiros da Positivo
entenderam o comunicado como a confirmação de que a empresa está à venda, provocando
uma alta de 46,1% nas ações no
pregão de anteontem. Ontem,
os papéis fecharam em R$
10,45, com pico de R$ 13,00, registrando uma alta de 6,11%.
Na Bolsa de Hong Kong, a Lenovo, a maior fabricante de PCs
da China, registrou a maior alta
dos últimos oito anos. As ações
subiram 27%, fechando a 2,19
dólares de Hong Kong.
Dentro da própria Positivo o
clima é de tensão. Os presidentes de Positivo, Dell e Lenovo
negaram o pedido de entrevista
da Folha e não se pronunciaram.
Dois analistas de mercado
com acesso às empresas envolvidas garantem que a Lenovo é
o candidato preferencial por
dois motivos.
Primeiro, porque ela estaria
consolidando sua posição
mundial, uma tendência que se
confirma entre empresas que
operam em escala global, tentando aumentar suas margens
de lucro. No Brasil, ela passaria
à liderança, algo que tenta há
quatro anos, desde a compra da
divisão de PCs da IBM.
Na análise desses especialistas, a Dell não estaria fora da
disputa, mas a compra faria
menos sentido ao representar
uma radical mudança na estratégia comercial ainda muito focada nos canais de venda indireta, como a internet.
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