São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Positivo pode mudar seu estatuto para fechar venda

Mudança prejudicaria minoritários da empresa, que sofre com a alta do dólar

Maior fabricante de computador do país recebeu lance de R$ 2 bi da Lenovo; Dell também está na disputa, que fez ações dispararem

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

As negociações entre a Positivo Informática e a Lenovo, que já duram um ano, avançaram com uma proposta formal da gigante chinesa pela compra da maior fabricante de computadores e notebooks do Brasil.
A americana Dell também está no páreo, mas, até o momento, as ofertas não avançaram por uma questão de cifras.
Os controladores, que detêm cerca de 70% das ações do grupo Positivo, receberam propostas de, no máximo, R$ 2 bilhões pela empresa.
Desde a abertura de capital, no final de 2006, suas ações caíram de R$ 23,5 para R$ 10,45, no pregão de ontem, o que barateou o valor da empresa.
Para fechar o negócio, a Positivo tinha o preço alvo de R$ 4,7 bilhões, embora, segundo a Folha apurou, aceite R$ 3 bilhões. Segundo um dos envolvidos nessa negociação, as conversas podem avançar caso a crise financeira se agrave no primeiro trimestre de 2009. A alta do dólar impacta o caixa da Positivo, que vem operando com margens de lucro pequenas.
É por isso que as propostas continuam em análise. Os chineses querem pagar R$ 2 bilhões, quantia mínima que obrigaria a Positivo a fazer uma mudança de seu estatuto, desprotegendo os acionistas minoritários. Pelas regras vigentes, o comprador de mais de 10% das ações terá de pagar a cotação mais alta dos últimos dois anos, inclusive aos minoritários.
Ao contrário da TIM, que diante dos rumores de mercado enviou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) um fato relevante negando que estivesse à venda, a Positivo explicou à autoridade que mantém uma parceria com o banco UBS Pactual, responsável pela análise das ofertas de compra recebidas nos últimos dois anos.
Analistas de mercado, acionistas e parceiros da Positivo entenderam o comunicado como a confirmação de que a empresa está à venda, provocando uma alta de 46,1% nas ações no pregão de anteontem. Ontem, os papéis fecharam em R$ 10,45, com pico de R$ 13,00, registrando uma alta de 6,11%.
Na Bolsa de Hong Kong, a Lenovo, a maior fabricante de PCs da China, registrou a maior alta dos últimos oito anos. As ações subiram 27%, fechando a 2,19 dólares de Hong Kong.
Dentro da própria Positivo o clima é de tensão. Os presidentes de Positivo, Dell e Lenovo negaram o pedido de entrevista da Folha e não se pronunciaram.
Dois analistas de mercado com acesso às empresas envolvidas garantem que a Lenovo é o candidato preferencial por dois motivos.
Primeiro, porque ela estaria consolidando sua posição mundial, uma tendência que se confirma entre empresas que operam em escala global, tentando aumentar suas margens de lucro. No Brasil, ela passaria à liderança, algo que tenta há quatro anos, desde a compra da divisão de PCs da IBM.
Na análise desses especialistas, a Dell não estaria fora da disputa, mas a compra faria menos sentido ao representar uma radical mudança na estratégia comercial ainda muito focada nos canais de venda indireta, como a internet.


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