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"Perda de controle da Bahia surpreendeu", diz Trajano
Presidente do Magazine Luiza diz que operação entre os concorrentes foi "audaciosa"
Luiza Helena Trajano afirma que sua rede está aberta
a fusões e aquisições no próximo ano e preparada para abrir capital na Bolsa
Sérgio Zacchi - 15.dez.05/Folha Imagem
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Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Luiza Helena Trajano,
presidente do Magazine Luiza,
que deve faturar R$ 3,8 bilhões
neste ano, a união entre Casas
Bahia e Pão de Açúcar foi "uma
atitude audaciosa" e "a surpresa foi a Casas Bahia perder o
controle" da nova empresa que
uniu as famílias Klein e Diniz. D. Luizinha, como é conhecida no mercado, afirma que a
sua rede "não foi procurada"
por grupos interessados em
unir operações e que 2010 será
um "ano em que focará a expansão orgânica e que a rede
estará aberta a aquisições e fusões, principalmente com a entrada de R$ 250 milhões do
alongamento da nossa sociedade com o Itaú/Unibanco", diz.
Segundo ela, a união entre
Casas Bahia e Pão de Açúcar,
anunciada na semana passada,
colocou o Magazine Luiza em
segundo lugar no ranking do
setor varejista. Leia a seguir os
principais trechos da entrevista, concedida pela empresária
por e-mail.
FOLHA - Como a sra. avalia a união
entre Casas Bahia e Pão de Açúcar?
LUIZA HELENA TRAJANO - Foi uma
atitude rápida e audaciosa. A
surpresa foi a Casas Bahia perder o controle.
FOLHA - O que muda para o Magazine com esse negócio?
TRAJANO - Nada. Não fazemos
nosso planejamento preocupados com o movimento de outras empresas, mas temos de
ter cada vez mais velocidade.
FOLHA - A nova empresa não terá
um domínio amplo do mercado de
eletrodomésticos?
TRAJANO - A nova empresa distanciou-se muito em tamanho,
mas abre uma oportunidade
para o Magazine Luiza e demais redes de diferenciar e inovar com velocidade. É um desafio muito grande.
FOLHA - A sra. acha que o Cade
[Conselho Administrativo de Defesa
Econômica] vai (ou deve) impor algum tipo de restrição ao negócio?
TRAJANO - Acredito que o Cade
saberá defender o interesse dos
consumidores.
FOLHA - Existem redes varejistas
que possam ser alvo de aquisições?
Analistas dizem que redes com presença no Nordeste serão a próxima
"bola da vez".
TRAJANO - Graças à política
econômica do governo federal,
o Nordeste tornou-se atraente
e uma região muito interessante para expansão. No caso do
Magazine Luiza, ainda estamos
muito focados e animados com
os resultados de nossa entrada
na Grande São Paulo, que, apenas em um ano, já encontrou o
ponto de equilíbrio. Queremos
expandir nossa operação na região, mas não descartamos nenhuma conversa que nos permitisse entrar no Nordeste.
FOLHA - Após a união entre Casas
Bahia e Pão de Açúcar, o que o Magazine Luiza pretende fazer?
TRAJANO - Continuaremos normalmente nosso plano estratégico, que é o de expansão. A fusão nos colocou do terceiro lugar para o segundo lugar no
ranking das redes de varejo.
FOLHA - A rede pretende abrir o capital? Qual seria a razão?
TRAJANO - Abrir o capital é um
dos caminhos naturais para o
Magazine Luiza.
Estamos preparados para isso há pelo menos dez anos, com
balanço auditado por consultoria internacional e cada vez investindo mais em governança
corporativa. Não determinamos a data para realizar o IPO
[oferta inicial de ações] do Magazine Luiza, que será feito no
momento mais adequado para
a empresa.
FOLHA - Como o Magazine vê
2010? Economistas dizem que renda e emprego vão sustentar a economia. O que a sra. acha?
TRAJANO - Estou muito otimista com 2010, o mundo está se
recuperando da crise, e o Brasil
já está crescendo. A geração de
emprego está permitindo acesso de um maior número de brasileiros ao consumo, e não vamos falar de crise ano que vem,
pelo contrário, será um ano de
otimismo, de Copa do Mundo.
FOLHA - Quanto a rede pretende
investir em 2010?
TRAJANO - Estamos finalizando
nosso planejamento, mas, com
certeza, será um ano em que focaremos tanto a expansão orgânica como estamos abertos a
aquisições e fusões, principalmente após a entrada de R$
250 milhões do alongamento
da nossa sociedade com o
Itaú/Unibanco.
FOLHA - Alguns grupos nacionais
ou estrangeiros estão querendo se
associar com o Magazine?
TRAJANO - Não temos nenhuma
negociação com grupo nacional
ou estrangeiro.
FOLHA - Quanto a rede pretende
vender neste mês?
TRAJANO - Projeta-se um crescimento de 30% em relação ao
Natal de 2008. Considerando o
mesmo número de lojas, o crescimento deve ser de 23% neste
Natal. O Brasil reagiu bem à crise, e isso ajuda o consumo. E o
governo também foi sensível ao
reduzir o IPI da linha branca e
de móveis e ajudou, assim, na
geração de emprego e no acesso
da população a bens essenciais,
como máquinas de lavar roupa.
FOLHA - Qual será o faturamento
da rede neste ano?
TRAJANO - O faturamento do
Magazine Luiza em 2008 foi de
R$ 3,2 bilhões e neste ano será
de R$ 3,8 bilhões. Esse crescimento se deve às novas lojas
em São Paulo.
FOLHA - Há falta de produto hoje?
Há problemas de negociações de
preços e prazos?
TRAJANO - Não. Em maio, quando começou a isenção de IPI da
linha branca, tivemos problemas com máquinas de lavar.
Mas a indústria, em curto espaço, recuperou-se, e não estamos com falta de nada.
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