São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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"Perda de controle da Bahia surpreendeu", diz Trajano

Presidente do Magazine Luiza diz que operação entre os concorrentes foi "audaciosa"

Luiza Helena Trajano afirma que sua rede está aberta a fusões e aquisições no próximo ano e preparada para abrir capital na Bolsa


Sérgio Zacchi - 15.dez.05/Folha Imagem
Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Para Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza, que deve faturar R$ 3,8 bilhões neste ano, a união entre Casas Bahia e Pão de Açúcar foi "uma atitude audaciosa" e "a surpresa foi a Casas Bahia perder o controle" da nova empresa que uniu as famílias Klein e Diniz.
D. Luizinha, como é conhecida no mercado, afirma que a sua rede "não foi procurada" por grupos interessados em unir operações e que 2010 será um "ano em que focará a expansão orgânica e que a rede estará aberta a aquisições e fusões, principalmente com a entrada de R$ 250 milhões do alongamento da nossa sociedade com o Itaú/Unibanco", diz.
Segundo ela, a união entre Casas Bahia e Pão de Açúcar, anunciada na semana passada, colocou o Magazine Luiza em segundo lugar no ranking do setor varejista. Leia a seguir os principais trechos da entrevista, concedida pela empresária por e-mail.

 

FOLHA - Como a sra. avalia a união entre Casas Bahia e Pão de Açúcar?
LUIZA HELENA TRAJANO
- Foi uma atitude rápida e audaciosa. A surpresa foi a Casas Bahia perder o controle.

FOLHA - O que muda para o Magazine com esse negócio?
TRAJANO
- Nada. Não fazemos nosso planejamento preocupados com o movimento de outras empresas, mas temos de ter cada vez mais velocidade.

FOLHA - A nova empresa não terá um domínio amplo do mercado de eletrodomésticos?
TRAJANO
- A nova empresa distanciou-se muito em tamanho, mas abre uma oportunidade para o Magazine Luiza e demais redes de diferenciar e inovar com velocidade. É um desafio muito grande.

FOLHA - A sra. acha que o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] vai (ou deve) impor algum tipo de restrição ao negócio?
TRAJANO
- Acredito que o Cade saberá defender o interesse dos consumidores.

FOLHA - Existem redes varejistas que possam ser alvo de aquisições? Analistas dizem que redes com presença no Nordeste serão a próxima "bola da vez".
TRAJANO
- Graças à política econômica do governo federal, o Nordeste tornou-se atraente e uma região muito interessante para expansão. No caso do Magazine Luiza, ainda estamos muito focados e animados com os resultados de nossa entrada na Grande São Paulo, que, apenas em um ano, já encontrou o ponto de equilíbrio. Queremos expandir nossa operação na região, mas não descartamos nenhuma conversa que nos permitisse entrar no Nordeste.

FOLHA - Após a união entre Casas Bahia e Pão de Açúcar, o que o Magazine Luiza pretende fazer?
TRAJANO
- Continuaremos normalmente nosso plano estratégico, que é o de expansão. A fusão nos colocou do terceiro lugar para o segundo lugar no ranking das redes de varejo.

FOLHA - A rede pretende abrir o capital? Qual seria a razão?
TRAJANO
- Abrir o capital é um dos caminhos naturais para o Magazine Luiza. Estamos preparados para isso há pelo menos dez anos, com balanço auditado por consultoria internacional e cada vez investindo mais em governança corporativa. Não determinamos a data para realizar o IPO [oferta inicial de ações] do Magazine Luiza, que será feito no momento mais adequado para a empresa.

FOLHA - Como o Magazine vê 2010? Economistas dizem que renda e emprego vão sustentar a economia. O que a sra. acha?
TRAJANO
- Estou muito otimista com 2010, o mundo está se recuperando da crise, e o Brasil já está crescendo. A geração de emprego está permitindo acesso de um maior número de brasileiros ao consumo, e não vamos falar de crise ano que vem, pelo contrário, será um ano de otimismo, de Copa do Mundo.

FOLHA - Quanto a rede pretende investir em 2010?
TRAJANO
- Estamos finalizando nosso planejamento, mas, com certeza, será um ano em que focaremos tanto a expansão orgânica como estamos abertos a aquisições e fusões, principalmente após a entrada de R$ 250 milhões do alongamento da nossa sociedade com o Itaú/Unibanco.

FOLHA - Alguns grupos nacionais ou estrangeiros estão querendo se associar com o Magazine?
TRAJANO
- Não temos nenhuma negociação com grupo nacional ou estrangeiro.

FOLHA - Quanto a rede pretende vender neste mês?
TRAJANO
- Projeta-se um crescimento de 30% em relação ao Natal de 2008. Considerando o mesmo número de lojas, o crescimento deve ser de 23% neste Natal. O Brasil reagiu bem à crise, e isso ajuda o consumo. E o governo também foi sensível ao reduzir o IPI da linha branca e de móveis e ajudou, assim, na geração de emprego e no acesso da população a bens essenciais, como máquinas de lavar roupa.

FOLHA - Qual será o faturamento da rede neste ano?
TRAJANO
- O faturamento do Magazine Luiza em 2008 foi de R$ 3,2 bilhões e neste ano será de R$ 3,8 bilhões. Esse crescimento se deve às novas lojas em São Paulo.

FOLHA - Há falta de produto hoje? Há problemas de negociações de preços e prazos?
TRAJANO
- Não. Em maio, quando começou a isenção de IPI da linha branca, tivemos problemas com máquinas de lavar. Mas a indústria, em curto espaço, recuperou-se, e não estamos com falta de nada.


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