São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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Reação dos investimentos é destaque do PIB

Consumo das famílias mantém alta, e empresários voltam a investir em linhas de produção, veículos e instalações

Apesar de melhora sobre 2º trimestre, investimentos caíram 12,5% em relação ao 3º trimestre de 2008 e são apenas 17,7% do PIB


DA SUCURSAL DO RIO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Na toada da melhora da economia, os empresários já retomam, aos poucos, o otimismo e os investimentos em suas linhas de produção, em suas frotas de veículos, em instalações e em outros empreendimentos, mostram os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados ontem.
Segundo o IBGE, os investimentos produtivos cresceram 6,5% do segundo para o terceiro trimestre deste ano nos cálculos livres de influências sazonais. Foram o principal destaque positivo do PIB, graças ao avanço da produção doméstica de máquinas e equipamentos -já que as importações desses bens ainda estão lentas.
"Essa é, sem dúvida, a melhor notícia do PIB", diz Sérgio Vale, economista da MB Associados. É boa, diz, porque sinaliza que daqui em diante a recuperação da economia tende a se acelerar e a ganhar corpo com os investimentos em curso em aumento de capacidade instalada de produção, o que afasta também o risco de escassez de produtos e de consequente inflação.
Apesar da melhora recente, os investimentos na economia do país sentem ainda o baque da crise e nem de longe repetem o bom desempenho visto antes de setembro de 2008, quando a turbulência financeira se instalou com força.
Ante o terceiro trimestre de 2008, os investimentos caíram 12,5%. Como proporção do PIB, corresponderam a 17,7% no terceiro trimestre deste ano, a menor taxa de investimento desde igual período de 2006.
Para Vale, o país tem condições, porém, de sustentar níveis mais altos nos próximos anos, e o crescimento agora já sinaliza tal tendência.
Segundo Rebeca Palis, gerente das Contas Trimestrais do IBGE, a aceleração dos investimentos em relação ao segundo trimestre ocorreu especialmente por causa da produção de máquinas e equipamentos -o que indica um melhor perfil de expansão, baseada na ampliação de capacidade.
Juan Jensen, da Tendências, diz que a reação dos investimentos já era esperada e é um "sinal positivo e importante" para uma recuperação mais firme da economia em 2010.
Já Virene Matesco, economista da FGV, prefere dar destaque para a queda em relação a 2008 e diz que o resultado comprometerá o avanço da economia no ano que vem.
"Com essa queda, a economia brasileira em 2010 crescerá devido ao nível de ociosidade da atividade econômica, comprometendo, dessa forma, o vigor e a sustentabilidade do crescimento esperado para o ano que vem", afirma.

Lastro no consumo
O consumo das famílias -que desde o início da crise evitou quedas maiores do PIB- cresceu 2% na comparação com o segundo trimestre. Foi impulsionado por expansão da massa salarial, retomada do crédito e desoneração de veículos e eletrodomésticos.
Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o consumo das famílias teve alta de 3,9%. Nessa comparação, foi o principal destaque do PIB.
(PEDRO SOARES E GUSTAVO PATU)

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