São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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Dados podem gerar erro de diagnóstico

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Muito barulho foi feito quando se divulgou que o PIB de 2003, primeiro ano da administração petista, havia caído 0,2%.
Poucos meses depois, o número foi recalculado e se concluiu que a economia havia, na verdade, crescido 0,5%, amainando as tensões no governo e os ataques da oposição.
Já em 2007, uma revisão retroativa dos parâmetros do IBGE apontou um primeiro mandato de Lula muito melhor do que se pensava: mesmo 2003, o pior ano, havia registrado avanço de 1,15%.
As estatísticas do PIB podem ser comparadas aos exames laboratoriais que os médicos utilizam para fazer diagnósticos e prescrever tratamentos.
A diferença é que, na economia, é usual o laboratório avisar que o laudo anterior foi revisto e o colesterol do paciente não havia caído como parecia.
Desta vez, o que ajudou a derrubar as análises e as projeções do governo e dos especialistas foi a revisão dos resultados de 2007, tradicionalmente feitas no terceiro trimestre, quando informações mais detalhadas chegam ao IBGE.
Há um mês, anunciou-se, sem alarde, que o PIB de 2007 crescera 6,1%, e não os 5,7% calculados antes. A partir daí, foram revistos os dados de 2008, e descobriu-se que o crescimento do terceiro trimestre fora de 7,1%, e não de 6,8% -o que explica parte dos erros nas previsões.
O programa de computador que harmoniza os resultados e calcula as variações em relação ao trimestre imediatamente anterior também mostrou um novo retrato do impacto da crise no país: o final de 2008 não foi tão desastroso como se achava, nem a recuperação posterior tem sido tão aguda.
Ninguém fica mais rico ou mais pobre com a revisão de dados passados, mas as estatísticas, voláteis, podem produzir diagnósticos e tratamentos equivocados, além de exploração política oportunista. O recálculo periódico ajudou a retórica governista em 2003 e atrapalhou agora -ainda mais porque a projeção errada vinha sendo multiplicada por quatro para produzir um dado anualizado mais impressionante.
(GUSTAVO PATU)


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