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Dados podem gerar erro de diagnóstico
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Muito barulho foi feito
quando se divulgou que o
PIB de 2003, primeiro ano
da administração petista,
havia caído 0,2%.
Poucos meses depois, o
número foi recalculado e
se concluiu que a economia havia, na verdade,
crescido 0,5%, amainando
as tensões no governo e os
ataques da oposição.
Já em 2007, uma revisão retroativa dos parâmetros do IBGE apontou um
primeiro mandato de Lula
muito melhor do que se
pensava: mesmo 2003, o
pior ano, havia registrado
avanço de 1,15%.
As estatísticas do PIB
podem ser comparadas
aos exames laboratoriais
que os médicos utilizam
para fazer diagnósticos e
prescrever tratamentos.
A diferença é que, na
economia, é usual o laboratório avisar que o laudo
anterior foi revisto e o colesterol do paciente não
havia caído como parecia.
Desta vez, o que ajudou
a derrubar as análises e as
projeções do governo e dos
especialistas foi a revisão
dos resultados de 2007,
tradicionalmente feitas no
terceiro trimestre, quando
informações mais detalhadas chegam ao IBGE.
Há um mês, anunciou-se, sem alarde, que o PIB
de 2007 crescera 6,1%, e
não os 5,7% calculados antes. A partir daí, foram revistos os dados de 2008, e
descobriu-se que o crescimento do terceiro trimestre fora de 7,1%, e não de
6,8% -o que explica parte
dos erros nas previsões.
O programa de computador que harmoniza os
resultados e calcula as variações em relação ao trimestre imediatamente
anterior também mostrou
um novo retrato do impacto da crise no país: o final
de 2008 não foi tão desastroso como se achava, nem
a recuperação posterior
tem sido tão aguda.
Ninguém fica mais rico
ou mais pobre com a revisão de dados passados,
mas as estatísticas, voláteis, podem produzir diagnósticos e tratamentos
equivocados, além de exploração política oportunista. O recálculo periódico ajudou a retórica governista em 2003 e atrapalhou agora -ainda mais
porque a projeção errada
vinha sendo multiplicada
por quatro para produzir
um dado anualizado mais
impressionante.
(GUSTAVO PATU)
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