São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Pibinho é o da Europa, o nosso é Pibão", diz Mantega

Ministro atribui PIB abaixo do previsto à revisão de dados anteriores feita pelo IBGE

Expansão da União Europeia ficou em 0,4% no período, ante 1,3% no Brasil; em eventos no Nordeste, Lula não comenta o resultado


EDUARDO RODRIGUES
EDUARDO CUCOLO

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de a expansão da atividade no terceiro trimestre de 1,3% ter ficado abaixo das projeções da equipe econômica, que esperava 2%, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o resultado do PIB foi grande se comparado aos de outros países europeus.
"Pibinho é o da União Europeia, o nosso é Pibão. O resultado da Europa foi positivo em apenas 0,4%, esse é que é o Pibinho." O ministro ressaltou que houve resultados negativos na Espanha e no Reino Unido.
Em eventos no Maranhão ontem, o presidente Lula não comentou o resultado do PIB. A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT ao Planalto, também não se referiu aos dados do IBGE, mas afirmou que o país crescerá de 5% a 6% em 2010. "É uma fase sustentável de crescimento."
Mantega, no entanto, admitiu que foi surpreendido pelos números. Anteontem, ele havia dito que o crescimento no trimestre ficaria em torno de 2%, que, anualizado, resultaria em um ritmo de 8%. Antes de comentar o dado oficial, o ministro argumentou que o instituto alterou a metodologia de avaliação do peso de setores na economia, revisando também resultados anteriores.
"Está tudo diferente, então ficou longe dos 8% que eu falei e que todos falaram. A mediana das previsões do mercado era 1,95% no trimestre, mas ninguém imaginava que ia haver mudanças na base da série."
Com as alterações nos parâmetros do IBGE, o impacto da crise na economia brasileira também ficou menor. "Em resumo, o IBGE está nos dizendo que a recessão foi menos forte, a queda do nível de atividade foi menos forte na crise e a recuperação também foi menos forte." Ele também ressaltou que as despesas de consumo da administração pública cresceram 0,5% entre julho e setembro, menos que o PIB. "Então não procedem aquelas análises que dizem que o governo está gastando muito. Não está."
Segundo o ministro, dados da arrecadação federal em novembro indicam que a atividade produtiva do país estaria crescendo entre 4,5% e 5% no último trimestre do ano. Mas, apesar das apostas de investidores em um crescimento do PIB ainda mais vigoroso em 2010, Mantega disse confiar em uma taxa mais modesta, de 5%. "Acredito que vá haver revisão nas previsões para o próximo ano. Todos os que estavam falando em 6,5% e 7% vão ter que revisar", acrescentou.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou, por meio de nota, que os números do IBGE confirmam a retomada do crescimento. Destacou também que o crescimento de 1,3% na comparação com o segundo trimestre é superior ao 1,1% verificado entre o segundo e o terceiro trimestres de 2008. "Esse fato evidencia a retomada do dinamismo da economia brasileira e a superação dos efeitos mais agudos da crise internacional."
Disse ainda que o avanço de 6,5% no investimento "indica a solidez da retomada e a confiança dos agentes econômicos na manutenção do crescimento".

Colaborou MALU DELGADO, enviada especial a São Luís



Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Para o governo, câmbio vira maior risco para inflação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.