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INTERNET
Para analistas, é preciso criar novos meios para ajudar a definir valor de companhias de tecnologia
Megafusão complica critério de avaliação
MAURO TEIXEIRA
da Reportagem Local
A compra da Time Warner, o
maior grupo de telecomunicações do mundo, pela America
Online, é um marco de um processo que vai ampliar as dificuldades dos especialistas em avaliação
de valor de empresas.
O meganegócio representou,
como dizem os norte-americanos, a vitória dos "clicks" sobre os
"bricks" (tijolos, em inglês).
Grosso modo, o valor de mercado de uma empresa de tecnologia
é determinado basicamente pelo
potencial de crescimento de seus
usuários. "O problema é que o
número de usuários de Internet
ainda cresce muito", diz Roque
Sut Ribeiro, gerente de renda variável da corretora Síntese.
O vai diferenciar uma empresa
da outra, diz Ribeiro, será a gama
de serviços oferecidos. No caso da
AOL, o negócio pode significar
um acréscimo aos seus atuais 21
milhões de usuários dos 13 milhões de assinantes de TV a cabo
da Time Warner. E quanto isso
vai valorizar a companhia?
Difícil dizer, concordam os analistas. O certo é que esse valor será
alto. "A avaliação das empresas
desse setor ainda é um mundo a
ser descoberto", prevê Flavio Dania, coordenador de pesquisas de
investimentos do Unibanco. Ele
acha que é preciso criar critérios
próprios, usando indicadores diferentes daqueles que definem o
valor das empresas tradicionais.
Os analistas são unânimes em
dizer que a tendência de crescimento deve se manter nos próximos anos, mas há quem preveja
um golpe duro em quem tirar demais os pés do chão. "As empresas de Internet estão sendo hiperavaliadas, em níveis absurdos.
Os investidores estão comprando
um valor futuro virtual, mas não
há garantia de eternidade", diz
Fabio Alperowitch, sócio da corretora Fama Investimentos.
Ele cita a Globo Cabo, cujas
ações dispararam após o anúncio
de um acordo com a Microsoft.
"Como uma empresa que ainda é
uma promessa pode valer mais
do que uma Sadia, que tem fábricas, patrimônio?", indaga.
Por enquanto, no Brasil, essas
questões estão restritas à Globo
Cabo, mas em breve muitas outras empresas do setor devem
atrair as atenções dos investidores, esperam os analistas.
A valorização das empresas de
Internet foram de tal amplitude
que uma Microsoft, por exemplo,
vale hoje mais do que 604 empresas latino-americanas de capital
aberto, segundo levantamento da
Economática. O valor de mercado da empresa de Bill Gates era
anteontem de US$ 579,21 bilhões,
enquanto o grupo de companhias
da América Latina era avaliado
em US$ 526,04 bilhões.
"Ninguém sabe onde isso vai
parar, nem aqui nem nos Estados
Unidos", diz Flavio Dania.
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