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DÍVIDA
FMI e governo dos EUA pressionam por nova proposta
Argentina descarta oferta melhor para a renegociação com credores
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
O presidente argentino, Néstor
Kirchner, afirmou que seu governo não vai melhorar a proposta de
reestruturação da dívida feita aos
credores privados portadores de
títulos em "default".
"A proposta de pagamento aos
credores é inamovível", disse
Kirchner ao diário "Clarín".
"Tampouco se modificará a meta de 3% do superávit primário,
prevista para este ano, para aumentar pagamentos da dívida.
Fazer isso seria colocar em perigo
o crescimento", afirmou.
A postura do presidente foi reforçada por declarações do chefe
de gabinete, Alberto Fernández.
"Não nos movemos da proposta
de Dubai [de setembro do ano
passado]. É a mais acessível e a
que tem mais seriedade, porque
nos permite o crescimento econômico e cumprir com nossas obrigações", afirmou.
No último mês, o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e a Casa
Branca vêm aumentando as pressões sobre o governo argentino
para que modifique sua oferta e,
dessa forma, consiga uma adesão
maior ao programa de reestruturação da dívida do país, de US$ 88
bilhões.
Na última sexta-feira, a conselheira de Segurança Nacional da
Casa Branca, Condoleezza Rice,
disse que a Argentina deve adotar
"decisões difíceis" em matéria
econômica e cumprir com rigor
as metas firmadas com o FMI, que
incluem terminar as negociações
externas em junho. O governo diz
já estar cuidando do assunto.
O tema estará novamente em
pauta nas reuniões que Kirchner
manterá nesta semana com o presidente George W. Bush (EUA) e
com o diretor-gerente do FMI,
Horst Köhler, na Cúpula das
Américas, em Monterrey.
A oferta oficial do governo
-que prevê um desconto de 75%
no valor nominal dos títulos- foi
rejeitada pelos credores internacionais, que, após tentativas frustradas de negociação, agora pressionam o FMI e o governo americano por uma atitude mais dura
em relação à Argentina.
O governo ofereceu ainda a troca de bônus em moratória por outros com desconto menor, mas
com juros de até 2% ao ano e vencimento entre 20 e 42 anos.
Para os credores, as condições
são inaceitáveis. Eles consideram
os prazos muito longos e a taxa de
juros muito baixa, e alegam que o
desconto real no valor nominal
dos títulos chegaria a 90%.
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