São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

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DÍVIDA

FMI e governo dos EUA pressionam por nova proposta

Argentina descarta oferta melhor para a renegociação com credores

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

O presidente argentino, Néstor Kirchner, afirmou que seu governo não vai melhorar a proposta de reestruturação da dívida feita aos credores privados portadores de títulos em "default".
"A proposta de pagamento aos credores é inamovível", disse Kirchner ao diário "Clarín".
"Tampouco se modificará a meta de 3% do superávit primário, prevista para este ano, para aumentar pagamentos da dívida. Fazer isso seria colocar em perigo o crescimento", afirmou.
A postura do presidente foi reforçada por declarações do chefe de gabinete, Alberto Fernández. "Não nos movemos da proposta de Dubai [de setembro do ano passado]. É a mais acessível e a que tem mais seriedade, porque nos permite o crescimento econômico e cumprir com nossas obrigações", afirmou.
No último mês, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e a Casa Branca vêm aumentando as pressões sobre o governo argentino para que modifique sua oferta e, dessa forma, consiga uma adesão maior ao programa de reestruturação da dívida do país, de US$ 88 bilhões.
Na última sexta-feira, a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, disse que a Argentina deve adotar "decisões difíceis" em matéria econômica e cumprir com rigor as metas firmadas com o FMI, que incluem terminar as negociações externas em junho. O governo diz já estar cuidando do assunto.
O tema estará novamente em pauta nas reuniões que Kirchner manterá nesta semana com o presidente George W. Bush (EUA) e com o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, na Cúpula das Américas, em Monterrey.
A oferta oficial do governo -que prevê um desconto de 75% no valor nominal dos títulos- foi rejeitada pelos credores internacionais, que, após tentativas frustradas de negociação, agora pressionam o FMI e o governo americano por uma atitude mais dura em relação à Argentina.
O governo ofereceu ainda a troca de bônus em moratória por outros com desconto menor, mas com juros de até 2% ao ano e vencimento entre 20 e 42 anos.
Para os credores, as condições são inaceitáveis. Eles consideram os prazos muito longos e a taxa de juros muito baixa, e alegam que o desconto real no valor nominal dos títulos chegaria a 90%.



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