São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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Exportação reduz oferta no país

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto a demanda interna por álcool cresce a um ritmo mais forte do que a ampliação da produção, o governo estimula a exportação do produto, ao retirar mais álcool do mercado interno, o que tem contribuído para a elevação do preço do combustível.
Nos últimos cinco anos, o volume exportado cresceu 913% -eram 227 milhões de litros em 2000 e, no ano passado, até novembro, o total chegou a 2,3 bilhões de litros. O salto nas exportações aconteceu de 2003 para 2004, quando o volume aumentou de 762 milhões de litros para 2,4 bilhões.
No mercado interno, o aumento do consumo de álcool hidratado (usado nos automóveis) também é expressivo. De acordo com o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustível e Lubrificantes), em novembro do ano passado foram vendidos 233,6 milhões de litros de álcool, o que representou crescimento de 39% em relação ao mesmo mês do ano anterior. As vendas de gasolina ficaram em 1,35 bilhão de litros, em queda de 0,8% sobre novembro de 2004.
Para representantes do setor, é preciso haver mais planejamento por parte do governo. "O mercado é livre, mas esse é um setor estratégico", afirmou Fernando Perri, diretor da Udop (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista). "O preço hoje está estimulando investimentos no setor, mas há um espaço de tempo entre os investimentos e a ampliação da produção", disse.
O governo tem estimulado a exportação do produto, oferecendo até a logística da Petrobras para facilitar o escoamento do álcool brasileiro para o mercado externo. A estratégia é aproveitar a necessidade ambiental de redução da emissão de gás carbônico e vender o produto brasileiro como combustível a ser misturado à gasolina ou usado nos automóveis.
Em dezembro, a Petrobras e a estatal japonesa Nippon Alcohol Hanbai assinaram convênio para criação de uma joint venture para explorar o mercado japonês de álcool. A empresa, chamada Brazil-Japan Ethanol, deve começar a operar em 2008 e atingir uma exportação de 1,8 bilhão de litros de álcool por ano, o que corresponde a pouco mais de 10% da atual produção brasileira do produto, de aproximadamente 16 bilhões de litros.
A Petrobras avalia que o mercado japonês poderá absorver 6 bilhões de litros de álcool por ano se o governo daquele país ampliar a permissão da mistura de álcool na gasolina de 3% para 10%.
Na semana passada, a estatal brasileira, que exporta 10% do total de álcool vendido para o mercado externo, informou que a meta é quintuplicar suas exportações de álcool neste ano.
A própria Petrobras, no entanto, admite que seria necessário aumentar a área plantada no Brasil para garantir a oferta. Pelos cálculos da estatal, seria necessário aumentar a área plantada e o número de usinas em 40%.


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