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TRABALHO
Valor é acertado com centrais, que querem antecipar reajuste de maio para março; governo admite reajuste de 7% na tabela do IR
Governo aceita subir mínimo para R$ 350
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Governo e centrais sindicais
chegaram a um consenso para o
novo salário mínimo -aumento
de R$ 300 para R$ 350-, mas
passaram a divergir sobre a data
de sua aplicação. Os sindicalistas
dizem que só fecham acordo com
o governo se o aumento for antecipado de maio para março.
A antecipação geraria um custo
adicional de R$ 1,6 bilhão para o
governo federal, segundo cálculos
preliminares. Caso a data-base seja mantida em maio, as centrais
insistirão em um reajuste de R$
360. A decisão será tomada na
próxima semana, quando os sindicalistas se reúnem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Eu diria que R$ 350 em maio é
um número mais real do ponto de
vista do impacto orçamentário.
Em março, já fica um pouco pesado, mas assumimos o compromisso de encaminhar a proposta
ao presidente", declarou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Os sindicalistas e os ministros
Marinho, Nelson Machado (Previdência) e Luiz Dulci (Secretaria
Geral da Presidência) discutiram
ontem o aumento do mínimo e a
correção da tabela do Imposto de
Renda das pessoas físicas.
Na reunião, o governo também
admitiu oficialmente reajustar a
tabela do IR em 7%. Em dezembro, a Folha antecipou que o Palácio do Planalto queria elevar o mínimo dos atuais R$ 300 para R$
350 e que trabalhava com uma
correção da tabela de 7%.
"Se o governo se estressar muito
dá para fechar essa conta [R$ 350
e reajuste de 7% para o IR], mas
só se for resultado de negociação
com as centrais", disse Marinho,
destacando que um mínimo de
R$ 350 representará um aumento
real acima de 11%.
"O governo oficializou a proposta de R$ 350 e 7%. Concordamos com R$ 350 desde que seja
antecipado para março e, a partir
de 2007, a data-base mude para
janeiro", declarou o presidente da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício. Os sindicalistas não aceitam, no entanto,
correção do IR abaixo de 10%.
Nas quase três horas de reunião
com o governo, os sindicalistas
iniciaram a discussão propondo
reajustar o mínimo para R$ 360, a
partir de maio, e corrigir a tabela
em 10%. Antes, os sindicalistas
reivindicavam R$ 400 e 13%.
Mesmo com a reformulação da
proposta, o governo não aceitou
as condições. As centrais colocaram na mesa, então, a alternativa
de R$ 350, com antecipação para
março. Para tentar pressionar o
governo por um acordo, os sindicalistas alertaram para o desgaste
político que o presidente Lula enfrentará, em ano de eleições, caso
não chegue a um acordo.
"O presidente, que é candidato,
sabe da importância de fazer um
acordo com as centrais sindicais
neste ano. Até porque ele prometeu dobrar o valor real do salário
mínimo e não vai cumprir a promessa", declarou o presidente da
Força Sindical, Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho. Ele ameaçou
não participar da reunião com
Lula na próxima semana se a proposta de antecipação da data-base
for recusada pelo governo.
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