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PECUÁRIA
Cerca de 600 animais que deveriam ser mortos foram abatidos em frigorífico após autorização do governo do PR
Fazenda suspeita de aftosa vendeu carne
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Cerca de 600 cabeças de gado
que deveriam ser mortas para eliminar o foco de aftosa do Paraná
já foram abatidas em frigorífico,
antes da confirmação da doença
pelo Ministério da Agricultura, e
o produto já foi comercializado
no mercado interno. O transporte
da fazenda ao frigorífico foi autorizado pela Seab (Secretaria da
Agricultura e do Abastecimento
do Paraná).
A informação é de André Carioba, proprietário e gerente da fazenda Cachoeira, de São Sebastião da Amoreira (367 km ao norte de Curitiba). Ele acompanhou
ontem, no auditório da Seab, em
Curitiba, a reunião do Conesa
(Conselho Estadual de Saúde
Agropecuária) em que foi decidido o abate imediato dos 1.800 animais interditados na propriedade
desde a confirmação do foco, em
6 de dezembro.
Por 17 votos a 1 e cinco abstenções, o conselho confirmou o que
já se esperava: o setor agropecuário e industrial de alimentos no
Estado referendou à Seab a morte
dos animais e a destruição das
carcaças na fazenda Cachoeira.
O argumento da maioria foi que
isso favoreceria o restabelecimento, em seis meses, do comércio internacional da carne bovina brasileira. Era o que também o Ministério da Agricultura esperava que
o Paraná fizesse para atender às
normas da OIE (Organização
Mundial de Saúde Animal) sobre
o comércio de carne de área infectada com aftosa.
Carioba entrou com uma medida cautelar na Justiça contra o
abate e afirma que não vai autorizar a vigilância sanitária animal a
entrar na propriedade ""para matar gado sadio". Desde a confirmação dos primeiros casos de aftosa em Mato Grosso do Sul, no
fim de setembro, a propriedade
da família Carioba não registrou
nenhuma morte de animal pelos
sintomas da aftosa, afirma.
A revelação do proprietário de
que parte do gado já virou carne
-abatida no Frigomax de Arapongas (PR)- ocorreu quando
jornalistas perguntaram por que
o ministério, ao anunciar o foco,
disse que havia 2.202 animais na
fazenda, enquanto a Seab e o fazendeiro falam em 1.800 cabeças.
Ele disse que, de 17 de outubro a
6 de dezembro (quando o foco do
Paraná foi confirmado), a Cachoeira movimentou, para abate
comercial, de 500 a 600 cabeças.
"Não sei com exatidão", afirmou.
Ele disse que os animais percorreram o trecho rodoviário entre a
fazenda e o frigorífico em um caminhão baú lacrado e que técnicos da Agricultura federais e estaduais acompanharam o transporte. ""Pedi e recebi autorização para
vender, e essa carne foi para o comércio com selo do Sif [Serviço
de Inspeção Federal]. O resto vocês têm que perguntar para a secretaria da Agricultura", disse.
O diretor-geral da Seab, Newton Pohl Ribas, tratou de justificar
a autorização dizendo que, no período do transporte, a Cachoeira
""não era foco [de aftosa] nem seu
gado estava em investigação". A
condição para a OIE devolver em
seis meses o certificado de área livre de aftosa com vacinação é que
todo o plantel da área afetada seja
abatido na propriedade.
O diretor-geral da Seab disse
que o abate confirmado ontem
ocorre ainda neste mês. Antes o
Conesa fará avaliação para indenizar a fazenda Cachoeira. O valor estimado do prejuízo do fazendeiro só com o gado é de R$
1,37 milhão. A matança deve exigir de oito a dez dias.
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