São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

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Lucro das concessões só se compara ao tráfico de drogas, afirma subprocurador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O subprocurador-geral da República Aurélio Virgílio Veiga Rios disse ontem que "o lucro das concessões [de rodovias] só se compara ao tráfico internacional de drogas" e defendeu a "redefinição dos contratos".
Ao ouvir a declaração, numa reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social sobre infra-estrutura, o presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy, ficou indignado, balançando a cabeça negativamente.
"É brincadeira essa comparação. É desconhecer completamente a realidade daquilo que está sendo realizado no país", afirmou Godoy, na saída do encontro.
Em sua apresentação, o subprocurador-geral afirmou que o lucro é enorme porque as concessões são feitas por 20 a 30 anos, sem investimentos. "O governo transfere trechos que já estão prontos", disse Rios, criticando os "altíssimos preços dos pedágios" em rodovias que já estavam em bom estado.
Godoy criticou a fala como um "exemplo da disfunção das instituições, que afasta investimentos". Ele reconheceu que pode haver mudanças, mas criticou interferências "ideológicas". "Se há distorções, têm de ser avaliadas, mas com base em discussões técnicas", afirmou.
O empresário deixou a reunião no meio para ir a um encontro com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, justamente para discutir, entre outros assuntos, a polêmica sobre a concessão das rodovias.
Ao término da reunião do Conselho, o subprocurador-geral afirmou que sua declaração foi uma "provocação", mas manteve as críticas às concessões das rodovias.
Mas a "provocação" gerou outras reações do setor. "Ele extrapolou. Não tem acesso ao balanço do Cartel de Medellín", ironizou o presidente do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada), Luiz Fernando Santos Reis. "É um absurdo", disse.
Reis elencou dados para atacar a comparação do subprocurador. "Recuperamos estradas que estavam calamitosas e que hoje são consideradas ótimas ou boas por 86% dos usuários. Fizemos investimentos de R$ 10 bilhões para 2.000 km, que é muito mais do que o governo investe na malha dele", disse.

Outras críticas
Em sua fala, além da crítica às concessões, Rios também atacou diversos setores, como o da aviação. "A TAM inovou, conseguiu fazer overbooking em todos os seus vôos na alta temporada", disse, num dos ataques, esse em referência ao caos nos aeroportos do país no final do ano.
No caso das licenças ambientais, apontadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um dos entraves para "destravar" o país, o subprocurador-geral saiu em defesa da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. "É uma extrema injustiça com a ministra. Nenhuma grande obra deixou de ser feita [em razão do licenciamento]", afirmou o subprocurador-geral. (PEDRO DIAS LEITE)


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