|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lucro das concessões só se compara ao tráfico de drogas, afirma subprocurador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O subprocurador-geral da
República Aurélio Virgílio Veiga Rios disse ontem que "o lucro das concessões [de rodovias] só se compara ao tráfico
internacional de drogas" e defendeu a "redefinição dos contratos".
Ao ouvir a declaração, numa
reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
sobre infra-estrutura, o presidente da Abdib (Associação
Brasileira da Infra-estrutura e
Indústrias de Base), Paulo Godoy, ficou indignado, balançando a cabeça negativamente.
"É brincadeira essa comparação. É desconhecer completamente a realidade daquilo
que está sendo realizado no
país", afirmou Godoy, na saída
do encontro.
Em sua apresentação, o subprocurador-geral afirmou que
o lucro é enorme porque as
concessões são feitas por 20 a
30 anos, sem investimentos. "O
governo transfere trechos que
já estão prontos", disse Rios,
criticando os "altíssimos preços dos pedágios" em rodovias
que já estavam em bom estado.
Godoy criticou a fala como
um "exemplo da disfunção das
instituições, que afasta investimentos". Ele reconheceu que
pode haver mudanças, mas criticou interferências "ideológicas". "Se há distorções, têm de
ser avaliadas, mas com base em
discussões técnicas", afirmou.
O empresário deixou a reunião no meio para ir a um encontro com a ministra-chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff, justamente para discutir, entre
outros assuntos, a polêmica sobre a concessão das rodovias.
Ao término da reunião do
Conselho, o subprocurador-geral afirmou que sua declaração
foi uma "provocação", mas
manteve as críticas às concessões das rodovias.
Mas a "provocação" gerou
outras reações do setor. "Ele
extrapolou. Não tem acesso ao
balanço do Cartel de Medellín",
ironizou o presidente do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada),
Luiz Fernando Santos Reis. "É
um absurdo", disse.
Reis elencou dados para atacar a comparação do subprocurador. "Recuperamos estradas
que estavam calamitosas e que
hoje são consideradas ótimas
ou boas por 86% dos usuários.
Fizemos investimentos de R$
10 bilhões para 2.000 km, que é
muito mais do que o governo
investe na malha dele", disse.
Outras críticas
Em sua fala, além da crítica
às concessões, Rios também
atacou diversos setores, como o
da aviação. "A TAM inovou,
conseguiu fazer overbooking
em todos os seus vôos na alta
temporada", disse, num dos
ataques, esse em referência ao
caos nos aeroportos do país no
final do ano.
No caso das licenças ambientais, apontadas pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva como
um dos entraves para "destravar" o país, o subprocurador-geral saiu em defesa da ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva. "É uma extrema injustiça
com a ministra. Nenhuma
grande obra deixou de ser feita
[em razão do licenciamento]",
afirmou o subprocurador-geral.
(PEDRO DIAS LEITE)
Texto Anterior: Saiba mais: No país, taxa de retorno supera média mundial Próximo Texto: Frases Índice
|