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Preço da cesta básica cai até 15% em 2009
Alimentos têm deflação em 16 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese; queda é a mais generalizada desde o Plano Real
Em São Paulo, a fatia do salário mínimo necessária para comprar uma cesta básica foi de 49,47%, menor percentual desde 1971
VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO
A cesta básica ficou mais barata em 16 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no ano passado. É o maior
número de cidades com deflação no preço dos produtos básicos desde o Plano Real.
Os preços da cesta básica no
país recuaram até 14,92% no
ano -percentual registrado em
João Pessoa. Belém foi a única
cidade pesquisada onde os preços subiram (2,65% no ano). Na
capital do Pará, os produtos alimentícios foram pressionados
pelo aumento do valor do tomate, do açúcar e da banana.
Com a queda nos preços dos
alimentos e os seguidos reajustes no salário mínimo, a fatia do
rendimento-base comprometida com a compra dos alimentos
essenciais é uma das menores
da história. Em São Paulo, cidade para a qual o Dieese dispõe
da série de dados mais longa, a
parcela necessária foi 49,47%,
menor percentual desde 1971.
José Maurício Soares, coordenador da pesquisa, destaca
que o salário mínimo vem ganhando poder de compra desde
1995. Em maio daquele ano, o
governo federal concedeu aumento do rendimento, que passou de R$ 70 para R$ 100. Soares afirma que, particularmente em 2009, quando o salário
mínimo subiu 5,8% acima da
inflação e passou a R$ 465, o
poder de compra aumentou
porque os preços ficaram mais
favoráveis aos trabalhadores.
De acordo com o Dieese, no
ano passado, o trabalhador que
recebe salário mínimo precisou
trabalhar 20 horas a menos ao
mês que em 2008 para comprar
a cesta.
João Saboia, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
aponta o bom desempenho do
mercado de trabalho, mesmo
em ano de crise, como outro fator responsável pelo aumento
do poder de compra. "A recuperação do mercado de trabalho a
partir do meio do ano passado
foi muito boa. Em 2009, a taxa
de desemprego ficou menor do
que era no ano anterior."
A crise teve papel-chave para
a deflação nos preços dos alimentos, ressalta Salomão Quadros, coordenador de Análises
Econômicas da Fundação Getulio Vargas. A recessão diminuiu a demanda por commodities agrícolas (como soja, carne,
milho etc.), o que abaixou os
preços desses produtos. Ao
mesmo tempo, houve aumento
da oferta, pois a cotação dos alimentos, que estava em alta nos
últimos anos, estimulou agricultores a elevar a produção.
Perspectivas
Neste ano, o crescimento da
economia deve aumentar os índices de preços, segundo Quadros. Para o especialista da
FGV, à medida que a recuperação da economia global se firmar, os preços voltarão ao terreno positivo, embora a alta de
preços deva ser mais moderada
do que a registrada em 2008.
O poder de compra do salário
mínimo, que passou para R$
510 neste mês, então, dependerá do comportamento dos preços dos alimentos. Quadros
afirma que, mesmo com a queda dos preços no ano passado,
as cotações continuam atrativas para o produtor, de acordo
com os indicadores já disponíveis sobre a próxima safra.
Por sua vez, o diretor da
UFRJ acrescenta que o poder
de compra do salário mínimo
deve continuar aumentando,
pois as perspectivas para o
crescimento econômico neste e
no próximo ano são favoráveis.
O crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) e a inflação são
variáveis usadas pelo governo
na fórmula para calcular o reajuste do mínimo ano a ano.
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