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Ofertas isolam Mercosul e Brasil de negociações
DE WASHINGTON
Ao anunciar ontem sua
primeira oferta para a criação da Alca (Área de Livre
Comércio das Américas), os
EUA isolaram o Mercosul
das negociações e colocaram
o Brasil numa situação estrategicamente delicada.
Afirmando que o Brasil
aceitou apresentar propostas diferenciadas de redução
de tarifas, refletindo a disparidade de tamanho e grau de
desenvolvimento entre os
países, os americanos ofereceram ontem ao Mercosul as
piores condições.
No entanto, o governo
brasileiro diz nunca ter concordado com a idéia de os
países oferecerem propostas
diferenciadas, mas propostas iguais com prazos diferentes de implementação.
Para os produtos agrícolas,
os EUA ofereceram a eliminação imediata de 85% das
tarifas de produtos agrícolas
do Caribe, 64% da América
Central e apenas 50% dos
países do Mercosul.
Quanto aos produtos industriais, os americanos ofereceram a eliminação de tarifas em 91% dos itens exportados pelo Caribe e apenas 58% para o Mercosul.
Na terça-feira passada, o
Brasil e a Argentina decidiram negociar em conjunto a
Alca, num primeiro sinal para aproximar os dois países e
fortalecer o Mercosul. A
aliança foi vista pelos EUA
como um movimento brasileiro para forçar a Argentina
a romper seu alinhamento
quase automático com os
EUA na maior parte da década de 90.
Fontes do escritório de representação comercial dos
EUA informaram que, ao
oferecerem propostas mais
saborosas para a América
Central, Caribe e países andinos, a Casa Branca decidiu
isolar o Brasil e a Argentina.
A proposta do Mercosul
para a criação da Alca (Área
de Livre Comércio das Américas) estará condicionada a
avanços nas negociações sobre subsídios e regras antidumping.
Os Estados Unidos não
mencionaram esses dois temas na sua oferta de abertura comercial divulgada ontem, por meio de uma nota.
Os norte-americanos querem discutir subsídios e regras antidumping no âmbito
da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A Folha apurou que o Brasil e seus sócios do Mercosul
se reservarão o direito de alterar sua oferta de abertura
comercial para bens agrícolas e industriais, que será entregue no fim de semana.
"O acesso a mercado promovido por reduções de impostos pode ser anulado por
medidas protecionistas, como direitos antidumping",
afirma o coordenador-geral
das negociações da Alca, Tovar da Silva Nunes.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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