São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Correios têm plano para comprar a VarigLog

Estatal pretende ter uma empresa aérea para transportar cartas e encomendas

ECT gasta R$ 500 milhões por ano com transporte aéreo; custo estimado para montar nova companhia seria de R$ 400 milhões

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Os Correios estudam a possibilidade de adquirir a VarigLog, a ex-subsidiária de transporte de cargas da Varig que enfrenta hoje uma disputa societária envolvendo o fundo de investimento americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.
O presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), Carlos Henrique Custódio, afirma que, desde o fim de 2006, a estatal estuda uma forma de constituir uma empresa aérea para efetuar os serviços de transporte de cartas e de encomendas.
A iniciativa é resultado de recomendação da CPI dos Correios, que investigou fraudes nas licitações de empresas que operam a rede postal noturna.
Diante da complexidade envolvida na criação de uma nova empresa, a ECT concluiu que o melhor seria fazer uma parceria com uma empresa aérea. Segundo Custódio, a ECT gasta R$ 500 milhões por ano com os serviços de transporte aéreo. O custo estimado para montar uma nova companhia seria da ordem de R$ 400 milhões. A estatal tem R$ 3 bilhões em caixa.
O problema é a falta de experiência no negócio, como contratação de pilotos, pessoal qualificado, e também a dificuldade para regularizar a documentação. "Teríamos de fazer concurso público para piloto se optássemos por criar uma nova empresa. Além disso, só o Cheta [Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo] leva quase um ano para sair", disse Custódio.
Desde o final de 2006, o presidente da ECT manteve conversas com TAM, Gol e VarigLog. Inicialmente, não houve interesse pela proposta. No final de janeiro, em meio à disputa com o fundo americano, o presidente da VarigLog, João Luis Bernes de Sousa, procurou a ECT perguntando se ainda havia interesse no assunto. Apesar disso, ainda não há definição sobre o negócio.
O Ministério das Comunicações confirmou a existência de negociações. A VarigLog informou, em nota, que mantém conversas com a ECT. "O ministro Hélio Costa já tem trabalhado no sentido de viabilizar a autorização da mudança no estatuto [da ECT] que permitiria a criação de uma empresa subsidiária", afirma Custódio.
Segundo ele, será necessário ainda alterar a Lei Postal e obter a aprovação do Congresso. O governo ainda não sabe qual seria o melhor modelo para a aquisição, mas pretende ficar com o controle e a gestão da companhia. A ECT avalia que a compra de uma empresa aérea é uma decisão estratégica que permitiria à estatal crescer mais no segmento de entrega de encomendas.
"O comércio eletrônico está crescendo em ritmo acelerado. Do lucro do ano passado, 50% do faturamento já vem do segmento de encomendas", disse. Os Correios lucraram R$ 829 milhões no ano passado.
Questionado sobre a viabilidade de comprar uma empresa envolvida em disputa acionária, Custódio disse que, se a VarigLog for a melhor proposta, passará por "pente-fino" para verificar as dívidas e ativos.


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