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Correios têm plano para comprar a VarigLog
Estatal pretende ter uma empresa aérea para transportar cartas e encomendas
ECT gasta R$ 500 milhões por ano com transporte aéreo; custo estimado para montar nova companhia seria de R$ 400 milhões
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Os Correios estudam a possibilidade de adquirir a VarigLog,
a ex-subsidiária de transporte
de cargas da Varig que enfrenta
hoje uma disputa societária envolvendo o fundo de investimento americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.
O presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos), Carlos Henrique
Custódio, afirma que, desde o
fim de 2006, a estatal estuda
uma forma de constituir uma
empresa aérea para efetuar os
serviços de transporte de cartas
e de encomendas.
A iniciativa é resultado de recomendação da CPI dos Correios, que investigou fraudes
nas licitações de empresas que
operam a rede postal noturna.
Diante da complexidade envolvida na criação de uma nova
empresa, a ECT concluiu que o
melhor seria fazer uma parceria com uma empresa aérea. Segundo Custódio, a ECT gasta
R$ 500 milhões por ano com os
serviços de transporte aéreo. O
custo estimado para montar
uma nova companhia seria da
ordem de R$ 400 milhões. A estatal tem R$ 3 bilhões em caixa.
O problema é a falta de experiência no negócio, como contratação de pilotos, pessoal
qualificado, e também a dificuldade para regularizar a documentação. "Teríamos de fazer
concurso público para piloto se
optássemos por criar uma nova
empresa. Além disso, só o Cheta [Certificado de Homologação de Empresa de Transporte
Aéreo] leva quase um ano para
sair", disse Custódio.
Desde o final de 2006, o presidente da ECT manteve conversas com TAM, Gol e VarigLog. Inicialmente, não houve
interesse pela proposta. No final de janeiro, em meio à disputa com o fundo americano, o
presidente da VarigLog, João
Luis Bernes de Sousa, procurou
a ECT perguntando se ainda
havia interesse no assunto.
Apesar disso, ainda não há definição sobre o negócio.
O Ministério das Comunicações confirmou a existência de
negociações. A VarigLog informou, em nota, que mantém
conversas com a ECT. "O ministro Hélio Costa já tem trabalhado no sentido de viabilizar a
autorização da mudança no estatuto [da ECT] que permitiria
a criação de uma empresa subsidiária", afirma Custódio.
Segundo ele, será necessário
ainda alterar a Lei Postal e obter a aprovação do Congresso.
O governo ainda não sabe qual
seria o melhor modelo para a
aquisição, mas pretende ficar
com o controle e a gestão da
companhia. A ECT avalia que a
compra de uma empresa aérea
é uma decisão estratégica que
permitiria à estatal crescer
mais no segmento de entrega
de encomendas.
"O comércio eletrônico está
crescendo em ritmo acelerado.
Do lucro do ano passado, 50%
do faturamento já vem do segmento de encomendas", disse.
Os Correios lucraram R$ 829
milhões no ano passado.
Questionado sobre a viabilidade de comprar uma empresa
envolvida em disputa acionária, Custódio disse que, se a VarigLog for a melhor proposta,
passará por "pente-fino" para
verificar as dívidas e ativos.
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