São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Yahoo! recusa proposta da Microsoft

Oferta era de US$ 44,6 bi; direção da empresa, no entanto, sinalizou que está aberta a novas negociações

DA REDAÇÃO

A direção do Yahoo! confirmou ontem que recusou a oferta hostil de US$ 44,6 bilhões feita pela Microsoft há duas semanas, mas deixou aberta a possibilidade de novas negociações. Segundo a empresa, a proposta da Microsoft "deprecia substancialmente" o seu valor.
O Yahoo! disse, em comunicado, que "avalia todas as opções estratégicas" e "continua comprometido em buscar iniciativas" que elevem o valor da empresa. Uma das hipóteses em estudo é a fusão com a AOL.
A Microsoft disse que a decisão da concorrente foi "desapontadora" e reafirmou um trecho que já estava na carta de seu presidente-executivo, Steve Ballmer, que anunciava a oferta há duas semanas, sinalizando que não desistiria do negócio em caso de recusa. "A Microsoft se reserva o direito de seguir todos os passos necessários para garantir que os acionistas do Yahoo! tenham a oportunidade de constatar o valor de nossa proposta."
Segundo pessoas próximas às negociações, o Yahoo! quer uma oferta de pelo menos US$ 40 por ação, o que elevaria em cerca de US$ 12 bilhões o valor oferecido pela Microsoft. A proposta da Microsoft, anunciada em 1º de fevereiro, era de US$ 31 por papel da rival -62% superior ao preço das ações do Yahoo! no dia anterior. Ontem, as ações do Yahoo! subiram 2,29%, para US$ 29,87. As da Microsoft retrocederam 1,23%.
A Microsoft poderia entrar em contato direto com os acionistas do Yahoo!, aproveitando a insatisfação com os resultados da empresa -o lucro caiu nos últimos oito trimestres. Três dias antes de receber a oferta, o Yahoo! divulgou que seus ganhos caíram 23,4% no último trimestre de 2007 ante o mesmo período de 2006 e que pretende demitir 1.000 dos seus 14.300 funcionários.
O lucro em 2007, de US$ 660 milhões, foi praticamente metade do lucro do Google no último trimestre do ano passado, de US$ 1,21 bilhão -resultado considerado decepcionante.
Não é a primeira vez que o Yahoo! recusa uma proposta da Microsoft. O próprio Ballmer confirmou negociações anteriores na carta de 1º de fevereiro. Segundo o executivo, as duas companhias discutiram uma possível fusão e outras possibilidades de parceria no final de 2006 e no começo do ano passado, mas que, em fevereiro de 2007, a concorrente decidiu encerrar as negociações porque estava confiante no seu "potencial de alta".
"Um ano se passou e a situação competitiva não melhorou", escreveu Ballmer. Por isso, segundo ele, "enquanto uma parceria comercial podia fazer sentido há algum tempo, a Microsoft acredita que a única alternativa agora é a combinação que estamos propondo".

Opções
Segundo o diário londrino "The Times", o Yahoo! quer negociar uma fusão com a AOL para se proteger da oferta hostil da Microsoft. "Tudo o que eles [Microsoft] estão tentando é levar a empresa de barbada. Eles estão tentando roubá-la, e a direção não vai deixar que isso aconteça", disse uma fonte ligada ao Yahoo! ao jornal.
Também estariam sendo estudados acordos com a Disney e com o Google. Neste caso, o Yahoo! passaria a usar o sistema de publicidade on-line do rival. O crescente mercado de publicidade on-line, setor que é dominado pelo Google, é uma das principais razões que motivaram a oferta da Microsoft.
Microsoft e Yahoo! vêm enfrentando dificuldades para competir com o Google no setor de publicidade na internet, um dos mais lucrativos da área.
No ano passado, segundo o "Wall Street Journal", o Google faturou US$ 11,7 bilhões com as vendas de publicidade, contra US$ 5,1 bilhões do Yahoo! e US$ 2,8 bilhões da Microsoft.
A companhia de Bill Gates calcula que esse mercado "cada vez mais dominado por um "player'" totalizou US$ 40 bilhões em 2007 e deve chegar a US$ 80 bilhões em 2010.


Com agências internacionais

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