São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2007

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Apesar da turbulência, investidor aposta em ações

Desde o início da instabilidade nos mercados, fundos captaram R$ 335 milhões

Analistas vêem aplicador brasileiro mais maduro, pronto a enfrentar períodos de oscilações da Bolsa sem se desesperar

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos dias, mais precisamente desde 27 de fevereiro, a Bolsa de Valores de São Paulo sofreu fortes oscilações, amargando importante perda de valor. Mesmo assim, investidores se mantiveram calmos e chegaram a injetar dinheiro novo nos fundos de ações.
Do começo da crise até o dia 8, os fundos de ações tiveram captação líquida positiva em torno de R$ 335 milhões, segundo dados do site Fortuna. O patrimônio da categoria caiu no período devido à desvalorização das cotas -decorrente da baixa dos preços das ações-, e não por causa de saques.
"O investidor brasileiro está demonstrando que começa a entender que há ciclos na Bolsa. E que algumas vezes pode ser até interessante aplicar nesse mercado exatamente nos momentos de queda", diz Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).
No acumulado do ano, levantamento da Anbid mostra que os fundos de ações registram captação líquida de R$ 3,9 bilhões -ou 44% do total captado pela categoria em 2006.
No ano, os fundos acionários só atraíram menos recursos que a renda fixa e os multimercados -segmentos que têm patrimônios bem mais robustos.
Na renda fixa, mesmo com os juros em baixa, as aplicações superam os saques em R$ 9,19 bilhões no ano, até o dia 5. Nos multimercados, essa cifra está positiva em R$ 4,66 bilhões.
O mercado de fundos como um todo registra captação líquida positiva de R$ 22 bilhões em 2007. Em 2006, o resultado foi positivo em R$ 64 bilhões.
"Para quem está pensando em entrar na Bolsa neste momento, aconselho destinar apenas uns 30% de suas economias a aplicações no mercado de ações", afirma Alexandre Póvoa, diretor responsável pela Modal Asset. "Não recomendaria a ninguém entrar com 100% de suas economias na Bolsa, estimulado pelo fato de as ações terem caído bastante recentemente", avalia Póvoa.
O mercado mundial sofreu dias seguidos de perdas. O epicentro da atual turbulência veio da China, onde a Bolsa despencou quase 9% no dia 27 de fevereiro e acabou por desencadear um processo de venda de ações em todo o mundo.
Do começo das turbulências até o último dia 7, os fundos de ações do tipo Ibovespa Ativo acumularam desvalorização de 6,14%. Isso significa que quem tinha R$ 5.000 viu suas economias virarem R$ 4.693.
No mesmo período, a renda fixa rendeu 0,31%.
Os multimercados mostraram sua versatilidade nesses dias agitados. No período, os multimercados com renda variável perderam só 0,52%. Os multimercados sem renda variável subiram 0,21%.
"Os multimercados sempre são uma alternativa interessante", afirma Póvoa.
Nesse tipo de aplicação, o gestor tem uma liberdade maior para montar a carteira, podendo recorrer a diferentes segmentos do mercado para buscar ativos.
Antes do susto que interrompeu a seqüência de recordes que a Bolsa de Valores vinha alcançando, analistas projetavam que os multimercados e os fundos de ações acabassem por ser os destaques -tanto em captação quanto em rentabilidade- em 2007.


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