|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Apesar da turbulência, investidor aposta em ações
Desde o início da instabilidade nos mercados, fundos captaram R$ 335 milhões
Analistas vêem aplicador
brasileiro mais maduro,
pronto a enfrentar períodos
de oscilações da Bolsa
sem se desesperar
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos dias, mais precisamente desde 27 de fevereiro,
a Bolsa de Valores de São Paulo
sofreu fortes oscilações, amargando importante perda de valor. Mesmo assim, investidores
se mantiveram calmos e chegaram a injetar dinheiro novo nos
fundos de ações.
Do começo da crise até o dia
8, os fundos de ações tiveram
captação líquida positiva em
torno de R$ 335 milhões, segundo dados do site Fortuna. O
patrimônio da categoria caiu
no período devido à desvalorização das cotas -decorrente da
baixa dos preços das ações-, e
não por causa de saques.
"O investidor brasileiro está
demonstrando que começa a
entender que há ciclos na Bolsa. E que algumas vezes pode
ser até interessante aplicar
nesse mercado exatamente nos
momentos de queda", diz Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Analistas
e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).
No acumulado do ano, levantamento da Anbid mostra que
os fundos de ações registram
captação líquida de R$ 3,9 bilhões -ou 44% do total captado
pela categoria em 2006.
No ano, os fundos acionários
só atraíram menos recursos
que a renda fixa e os multimercados -segmentos que têm patrimônios bem mais robustos.
Na renda fixa, mesmo com os
juros em baixa, as aplicações
superam os saques em R$ 9,19
bilhões no ano, até o dia 5. Nos
multimercados, essa cifra está
positiva em R$ 4,66 bilhões.
O mercado de fundos como
um todo registra captação líquida positiva de R$ 22 bilhões
em 2007. Em 2006, o resultado
foi positivo em R$ 64 bilhões.
"Para quem está pensando
em entrar na Bolsa neste momento, aconselho destinar apenas uns 30% de suas economias
a aplicações no mercado de
ações", afirma Alexandre Póvoa, diretor responsável pela
Modal Asset. "Não recomendaria a ninguém entrar com 100%
de suas economias na Bolsa, estimulado pelo fato de as ações
terem caído bastante recentemente", avalia Póvoa.
O mercado mundial sofreu
dias seguidos de perdas. O epicentro da atual turbulência
veio da China, onde a Bolsa despencou quase 9% no dia 27 de
fevereiro e acabou por desencadear um processo de venda de
ações em todo o mundo.
Do começo das turbulências
até o último dia 7, os fundos de
ações do tipo Ibovespa Ativo
acumularam desvalorização de
6,14%. Isso significa que quem
tinha R$ 5.000 viu suas economias virarem R$ 4.693.
No mesmo período, a renda
fixa rendeu 0,31%.
Os multimercados mostraram sua versatilidade nesses
dias agitados. No período, os
multimercados com renda variável perderam só 0,52%. Os
multimercados sem renda variável subiram 0,21%.
"Os multimercados sempre
são uma alternativa interessante", afirma Póvoa.
Nesse tipo de aplicação, o
gestor tem uma liberdade
maior para montar a carteira,
podendo recorrer a diferentes
segmentos do mercado para
buscar ativos.
Antes do susto que interrompeu a seqüência de recordes
que a Bolsa de Valores vinha alcançando, analistas projetavam que os multimercados e os
fundos de ações acabassem por
ser os destaques -tanto em
captação quanto em rentabilidade- em 2007.
Texto Anterior: Luiz Carlos Bresser-Pereira: A próxima crise mundial Próximo Texto: POP faz um mês com procura ainda baixa Índice
|