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Dólar está "derretendo" no mundo, diz Mantega
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) afirmou ontem que
o governo poderá tomar medidas para conter a desvalorização do dólar diante do real, mas
não quis classificá-las como um
pacote cambial. O ministro disse que, entre essas possíveis
ações, está o fim da cobertura
cambial, um dispositivo que
permitirá às empresas exportadoras manter toda a sua receita
em dólares no exterior. Hoje, as
exportadoras são obrigadas a
trazer de volta para o Brasil
70% dos recursos frutos das
vendas externas.
Em uma exposição na Câmara, Mantega disse que a queda
do dólar preocupa o governo.
"Não estamos totalmente imunes a esta crise [financeira nos
EUA]. O dólar está derretendo.
Parece que o real está se valorizando, mas é o dólar que está
derretendo no mundo todo. É
um problema que nos preocupa", afirmou o ministro.
Mantega negou que o governo pretenda voltar a cobrar Imposto de Renda sobre os investidores estrangeiros que compram títulos da dívida pública
interna. Hoje, esses investidores são isentos do pagamento
de IR, hipótese em estudo no
governo, conforme informou
ontem o jornal "Valor Econômico". O ministro também não
quis comentar a possibilidade
de taxar as operações de câmbio com IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras).
"Não há nenhum pacote
cambial em curso. É claro que o
governo permanentemente se
preocupa em fomentar as exportações e impedir que haja
uma valorização cambial excessiva", afirmou o ministro. "É
até possível que possamos acabar com a cobertura cambial."
Com o fim da cobertura cambial, o governo pretende reduzir a oferta de dólares no mercado financeiro e, assim, conter
a desvalorização da moeda
americana. Mantega disse que
o fim desse dispositivo já estava
previsto no projeto de lei que
cria as ZPEs (Zonas de Proteção a Exportações) que tramita
no Congresso, ou seja, já havia
intenção de derrubar essa norma que obriga os exportadores
a trazerem de volta ao Brasil
sua receita em dólares.
Recessão nos EUA
Pela primeira vez desde o início da crise financeira internacional, Mantega disse que a
economia norte-americana poderá entrar em recessão. "Está
havendo um agravamento da
crise. Parece que os EUA podem mesmo entrar em recessão. Vão ter um crescimento
mais moderado", afirmou.
Embora tenha admitido que
o Brasil não está totalmente
imune, Mantega avalia que a
economia brasileira agora depende mais do desempenho
dos outros países emergentes.
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