São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2008

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Dólar está "derretendo" no mundo, diz Mantega

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou ontem que o governo poderá tomar medidas para conter a desvalorização do dólar diante do real, mas não quis classificá-las como um pacote cambial. O ministro disse que, entre essas possíveis ações, está o fim da cobertura cambial, um dispositivo que permitirá às empresas exportadoras manter toda a sua receita em dólares no exterior. Hoje, as exportadoras são obrigadas a trazer de volta para o Brasil 70% dos recursos frutos das vendas externas.
Em uma exposição na Câmara, Mantega disse que a queda do dólar preocupa o governo. "Não estamos totalmente imunes a esta crise [financeira nos EUA]. O dólar está derretendo. Parece que o real está se valorizando, mas é o dólar que está derretendo no mundo todo. É um problema que nos preocupa", afirmou o ministro.
Mantega negou que o governo pretenda voltar a cobrar Imposto de Renda sobre os investidores estrangeiros que compram títulos da dívida pública interna. Hoje, esses investidores são isentos do pagamento de IR, hipótese em estudo no governo, conforme informou ontem o jornal "Valor Econômico". O ministro também não quis comentar a possibilidade de taxar as operações de câmbio com IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
"Não há nenhum pacote cambial em curso. É claro que o governo permanentemente se preocupa em fomentar as exportações e impedir que haja uma valorização cambial excessiva", afirmou o ministro. "É até possível que possamos acabar com a cobertura cambial."
Com o fim da cobertura cambial, o governo pretende reduzir a oferta de dólares no mercado financeiro e, assim, conter a desvalorização da moeda americana. Mantega disse que o fim desse dispositivo já estava previsto no projeto de lei que cria as ZPEs (Zonas de Proteção a Exportações) que tramita no Congresso, ou seja, já havia intenção de derrubar essa norma que obriga os exportadores a trazerem de volta ao Brasil sua receita em dólares.

Recessão nos EUA
Pela primeira vez desde o início da crise financeira internacional, Mantega disse que a economia norte-americana poderá entrar em recessão. "Está havendo um agravamento da crise. Parece que os EUA podem mesmo entrar em recessão. Vão ter um crescimento mais moderado", afirmou.
Embora tenha admitido que o Brasil não está totalmente imune, Mantega avalia que a economia brasileira agora depende mais do desempenho dos outros países emergentes.


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