São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

análise

Redução do juro demorará a fazer efeito

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem ameaças inflacionárias no horizonte, os especialistas esperam que nos próximos meses o Banco Central continue reduzindo firmemente a taxa básica de juros da economia brasileira de forma que ela fique abaixo dos 10% até o final do ano.
Os analistas do mercado financeiro, que até a semana passada apostavam no corte de 1 ponto percentual, elevaram suas previsões para 1,5 ponto anteontem, quando foi divulgado que o PIB (Produto Interno Bruto) do país caiu 3,6% no quatro trimestre de 2008.
"Acho que a redução da Selic deveria ser maior, mas a unanimidade da decisão mostra que os membros do Copom estão mais perto da realidade", diz Marcelo Ribeiro, estrategista da Pentágono Asset Management.
Apesar de esperada pelo mercado financeiro, a aceleração na redução dos juros pelo BC não deve reverter o quadro recessivo que se desenha neste início de 2009.
"Ajuda a animar o mercado. No entanto não faz efeito imediato; medidas de política monetária demoram alguns meses para serem sentidas", diz Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios.
Para Paulo Rabello de Castro, presidente da RC Consultores, "o BC foi bem mais corajoso do que de hábito, porém a sua atitude será insuficiente para resgatar a economia da morte súbita".
Segundo a diretora de renda fixa do Banco Espírito Santo (BES), em Portugal, "as forças da recessão são muito maiores que o efeito da queda dos juros. No mundo todo, foi feita a maior redução de juros, mas mal se conseguiu conter a aversão ao risco", argumenta. O medo de calotes generalizados e o "ciclo vicioso" que a percepção de mais risco gera, diz, "tiram a maior parte da eficácia em cortar os juros".
Na opinião do economista--chefe do banco JPMorgan, Fábio Akira, o impacto desse corte maior agora em março será menor do que se o BC tivesse iniciado a redução dos juros em dezembro de 2008, como era esperado.
Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, ressalta que os resultados da produção industrial em janeiro, a retração da atividade no último trimestre do ano passado e o quadro internacional ainda turbulento "deixaram claro para o BC que o risco maior, hoje, é de recessão, e não de inflação".
Rabello de Castro discorda. "Sou crítico da timidez do BC em reduzir a Selic em 2006 e 2007, porém vejo que, a partir da explosão desta crise, teve atuação austera e adequada diante do perigo de a alta do dólar ser repassada para os preços." Isso ainda pode acontecer, de acordo com a sua avaliação.
(DENYSE GODOY, FABRICIO VIEIRA e SHEILA D'AMORIM)


Texto Anterior: Indústria diz que corte é insuficiente
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.