São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

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Gastos com educação elevam o IPCA, índice oficial da inflação

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pressionado pelo reajuste das mensalidades escolares, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,55% em fevereiro, a maior taxa desde junho de 2008 (0,74%) e acima da variação de janeiro (0,48%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A aceleração da inflação, porém, não preocupa, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
A alta de janeiro para fevereiro foi provocada exclusivamente pelo grupo educação, que sazonalmente sobe nesse mês. Pelos dados do IPCA, o grupo teve alta de 4,77%, impacto de 0,33 ponto percentual. Representou 67% do índice.
"Como em fevereiro é apropriado o reajuste das mensalidades escolares, a taxa ficou um pouco maior do que em janeiro, mostrando a alta sazonal das escolas", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.
Por seu turno, a alta dos alimentos perdeu força e o grupo subiu 0,27% em fevereiro, num ritmo bem menos intenso do que em janeiro -0,75%.
"Observa-se, de fato, um recuo em vários itens importantes consumidos pelas famílias. Os alimentos apresentaram um resultado bem menor. Isso significa que os preços não ficaram muito mais altos."
Segundo o IBGE, a carne registrou queda de 2,14% em fevereiro -em janeiro, havia subido 0,23%. Também cederam com força os preços de tomate (-11,12%), feijão-carioca (-3,35%) e frango (-1,74%).
Para Francis Kinder, economista da Rosemberg e Associados, os preços das carnes e de outros alimentos recuam na esteira da crise, que dificulta a exportação de muitos itens.
Na visão de Nunes dos Santos, o enfraquecimento do consumo explica o comportamento da inflação neste ano.
Tal cenário confortável de inflação, diz Kinder, possibilitou o corte de juros. Segundo a LCA, essa tendência permitiu a redução da Selic.
Em 12 meses até fevereiro, o IPCA somou 5,9%. Analistas esperam 4,5% em dezembro.


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