Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
Crise dá chance "histórica" ao país, afirma Carneiro
DA REPORTAGEM LOCAL
Economista da Unicamp,
Ricardo Carneiro afirma que
a crise dá ao Brasil uma oportunidade histórica de transformar em vantagem a desvantagem de ter até agora
uma das taxas de juros mais
altas do mundo. "Há muita
gordura nos juros para cortar", disse. Otimista, ele acredita que o país ainda pode
crescer 3% neste ano.
(TONI SCIARRETTA)
FOLHA - O Banco Central acordou tarde demais?
RICARDO CARNEIRO - A taxa de
juros brasileira era muito alta. Isso é uma anomalia da
economia brasileira. O que
era desvantagem pode agora
virar uma vantagem. Não há
nenhum risco de inflação [de
demanda]. Há muita gordura
nos juros para cortar.
FOLHA - Essa é uma oportunidade para o país sair da crise com
um taxa mais civilizada?
CARNEIRO - Tem de ver o impacto de como essa taxa vai
cair nos bancos. Mas juro
real mais baixo traz uma série de vantagens também: reduz a inadimplência, diminui o gasto público.
FOLHA - O PIB assustou?
CARNEIRO - Já se sabia [que o
PIB viria ruim]. No último
trimestre de 2008 houve
uma contração generalizada
devido ao aperto no crédito.
Há muitas possibilidades em
aberto. Não acho que volte
tão cedo aquele ritmo com o
qual se vinha crescendo até o
terceiro trimestre de 2008.
FOLHA - Qual a maior fonte de
incerteza para o país?
CARNEIRO - O freio veio da
contribuição externa, pela
via da contração do crédito
bancário internacional. A
economia brasileira é muito
aberta do ponto de vista financeiro. Há um passivo externo de US$ 1 trilhão. No
curto prazo, temos reservas
de US$ 200 bilhões. Mas há
perspectivas favoráveis, como crescimento da China e
de outros asiáticos. Se o Brasil conseguir se diferenciar
do conjunto dos outros
emergentes... [também
atrairá capital].
FOLHA - Quais os fatores que
atenuam a crise?
CARNEIRO - Há um conjunto
de características que diferenciam o Brasil de outros
países na crise -mercado interno muito grande, o peso
das grandes estatais, incluindo os bancos, programas anticíclicos de relevância em
andamento como o PAC
[Programa de Aceleração do
Crescimento]. Tudo isso para retomar um certo patamar
de crescimento. Acredito
que temos condição de crescer 3% neste ano, se o cenário externo permitir.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Petrobras prevê preço menor para gasolina se cenário não mudar Índice
|