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Crise consome R$ 26 bi de fundo de pensão do BB
Para Sérgio Rosa, presidente da instituição, 2009 está pior para definir investimento
Perdas vieram de queda das ações e mais despesas com
o pagamento de benefícios; patrimônio do fundo cai de
R$ 137,1 bi para R$ 115,3 bi
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Maior fundo de pensão do
país, a Previ (Caixa de Previdência dos Empregados do
Banco do Brasil) perdeu metade do superávit que havia acumulado em sua história devido
à crise econômica global que
derrubou a cotação das ações
nas Bolsas. O superávit (reservas para compromissos futuros) caiu de R$ 52 bilhões para
R$ 26 bilhões entre dezembro
de 2007 e dezembro de 2008.
A queda no superávit foi reflexo da desvalorização da carteira de ações e das despesas
com pagamento de pensões e
aposentadorias. O patrimônio
da Previ, que chegou a R$ 137,1
bilhões no final de 2007, encolheu para R$ 115,3 bilhões no final do ano passado.
O presidente da entidade,
Sérgio Rosa, disse que 2009 está pior do que 2008 para os gestores dos fundos de pensão, por
não haver nenhuma visibilidade do horizonte econômico.
Segundo ele, em 2008 havia a
sensação de que a crise seria de
curto prazo, o que já não ocorre
hoje. Diante da falta de visibilidade -"há previsões para todos
os gostos", diz-, a Previ optou
por não fazer grandes movimentos e não apostar em uma
direção exclusiva. Para ele, a indefinição atual é "estressante".
A Previ foi o fundo de pensão
mais afetado pela crise global,
porque seu patrimônio está
fortemente concentrado em investimento em ações. Elas representam 60% do total dos
ativos. Como o Ibovespa caiu
mais de 40% no ano passado, a
Previ foi arrastada na queda.
A carteira de ações da Previ
era de R$ 90 bilhões no final de
2007 e fechou 2008 em R$ 66
bilhões. Além da desvalorização dos papéis, a entidade também se desfez de parte deles.
Vender seria pior
Segundo Rosa, a concentração dos investimentos em
ações havia sido positiva para a
Previ nos anos anteriores, o que
a levou a acumular o superávit
de R$ 52 bilhões até o final de
2007. No ano passado, essa
mesma estratégia custou caro
para a instituição.
O gigantismo da Previ também a impediu de reduzir sua
exposição ao risco da Bolsa durante a crise. Segundo Rosa, se
ela vendesse suas carteiras de
ações no mercado acabaria por
agravar ainda mais a crise.
Segundo o executivo, apesar
da desvalorização de sua carteira de renda variável, a Previ
continua com boa saúde financeira. "As reservas acumuladas
durante o período de vacas gordas nos permitem enfrentar o
inverno rigoroso de agora", declarou, referindo-se ao superávit existente de R$ 26 bilhões.
Ingerência política
Questionado sobre a existência de ingerência política na
gestão dos fundos de pensão de
empresas estatais, Rosa criticou a tentativa de instalação de
mais uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as fundações. "Não há
fatos para justificar um furor
investigativo", declarou.
Segundo ele, as perdas patrimoniais sofridas pelos fundos
de pensão no ano passado não
se devem a ingerência política
em sua gestão, mas à conjuntura econômica.
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