São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

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Crise consome R$ 26 bi de fundo de pensão do BB

Para Sérgio Rosa, presidente da instituição, 2009 está pior para definir investimento

Perdas vieram de queda das ações e mais despesas com o pagamento de benefícios; patrimônio do fundo cai de R$ 137,1 bi para R$ 115,3 bi


ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Maior fundo de pensão do país, a Previ (Caixa de Previdência dos Empregados do Banco do Brasil) perdeu metade do superávit que havia acumulado em sua história devido à crise econômica global que derrubou a cotação das ações nas Bolsas. O superávit (reservas para compromissos futuros) caiu de R$ 52 bilhões para R$ 26 bilhões entre dezembro de 2007 e dezembro de 2008.
A queda no superávit foi reflexo da desvalorização da carteira de ações e das despesas com pagamento de pensões e aposentadorias. O patrimônio da Previ, que chegou a R$ 137,1 bilhões no final de 2007, encolheu para R$ 115,3 bilhões no final do ano passado.
O presidente da entidade, Sérgio Rosa, disse que 2009 está pior do que 2008 para os gestores dos fundos de pensão, por não haver nenhuma visibilidade do horizonte econômico.
Segundo ele, em 2008 havia a sensação de que a crise seria de curto prazo, o que já não ocorre hoje. Diante da falta de visibilidade -"há previsões para todos os gostos", diz-, a Previ optou por não fazer grandes movimentos e não apostar em uma direção exclusiva. Para ele, a indefinição atual é "estressante".
A Previ foi o fundo de pensão mais afetado pela crise global, porque seu patrimônio está fortemente concentrado em investimento em ações. Elas representam 60% do total dos ativos. Como o Ibovespa caiu mais de 40% no ano passado, a Previ foi arrastada na queda.
A carteira de ações da Previ era de R$ 90 bilhões no final de 2007 e fechou 2008 em R$ 66 bilhões. Além da desvalorização dos papéis, a entidade também se desfez de parte deles.

Vender seria pior
Segundo Rosa, a concentração dos investimentos em ações havia sido positiva para a Previ nos anos anteriores, o que a levou a acumular o superávit de R$ 52 bilhões até o final de 2007. No ano passado, essa mesma estratégia custou caro para a instituição.
O gigantismo da Previ também a impediu de reduzir sua exposição ao risco da Bolsa durante a crise. Segundo Rosa, se ela vendesse suas carteiras de ações no mercado acabaria por agravar ainda mais a crise.
Segundo o executivo, apesar da desvalorização de sua carteira de renda variável, a Previ continua com boa saúde financeira. "As reservas acumuladas durante o período de vacas gordas nos permitem enfrentar o inverno rigoroso de agora", declarou, referindo-se ao superávit existente de R$ 26 bilhões.

Ingerência política
Questionado sobre a existência de ingerência política na gestão dos fundos de pensão de empresas estatais, Rosa criticou a tentativa de instalação de mais uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as fundações. "Não há fatos para justificar um furor investigativo", declarou.
Segundo ele, as perdas patrimoniais sofridas pelos fundos de pensão no ano passado não se devem a ingerência política em sua gestão, mas à conjuntura econômica.


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