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TRIBUTOS
Empresas ganham contra IPI
Liminares derrubam arrecadação da Receita
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal perdeu R$ 800
milhões de arrecadação no primeiro trimestre deste ano por
causa de liminares judiciais obtidas pelas empresas contra o pagamento do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) e da
Cide (contribuição sobre consumo de combustíveis).
"Virou festa", comentou o secretário-adjunto da Receita, Ricardo Pinheiro, ao explicar que as
liminares estão sendo obtidas por
diversos setores da indústria no
caso do IPI.
Ontem Pinheiro divulgou que a
arrecadação de março, de R$
19,973 bilhões, foi 0,88% menor
que a do mesmo mês do ano passado. Um dos motivos é a perda
provocada pelas liminares.
Os resultados da Receita neste
primeiro trimestre, porém, são
positivos se for levado em conta
que no ano passado houve uma
arrecadação extra de R$ 6,2 bilhões no período, principalmente
por causa do pagamento de atrasados de Imposto de Renda pelos
fundos de pensão.
O problema do IPI acontece
porque as empresas compram alguns insumos que não são tributados pelo imposto porque ou
têm alíquota zero, ou são isentos,
ou não sofrem taxação porque
não são produtos industriais.
Na hora de pagar o seu IPI, porém, essas empresas querem que
a Receita desconte a parcela do
imposto relativa ao insumo. Mas
a Receita argumenta que o benefício é dado ao produtor do insumo
e não a quem o utiliza.
Por exemplo, o tomate não é tributado pelo IPI, mas a massa de
tomate é. O fabricante da massa
quer um crédito pela parcela do
IPI que incide sobre o tomate.
As últimas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o
assunto têm sido favoráveis às
empresas. Mas a Receita aposta
em uma decisão que poderá ser
tomada este mês a respeito dos insumos não-tributados. Segundo
Pinheiro, se ela for favorável à Receita o governo poderá recorrer
sobre os outros casos.
Caso contrário, a Procuradoria
Geral da Fazenda Nacional calcula que as perdas seriam de quase
R$ 21 bilhões por ano pelos próximos dez anos.
No caso da Cide, que foi criada
no ano passado, a contestação é
feita pelo setor de combustíveis.
Em março deste ano foi arrecadado 38,29% menos que em março
do ano passado.
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