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Entidade diz que, para os juros caírem, é necessário aumentar as garantias para quem fornece o crédito
Compulsório explica "spread", diz Febraban
DA REPORTAGEM LOCAL
O "spread" bancário no Brasil é
muito elevado porque ainda não
foram tomadas todas as medidas
necessárias para baixá-lo, como a
redução do compulsório, dos impostos e dos recursos direcionados (montante que os bancos são
obrigados a destinar para crédito
rural e imobiliário).
Além disso, é necessário aumentar as garantias para quem
fornece o crédito no Brasil, que
atualmente são poucas.
A posição é do economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Roberto Luis
Troster, para quem em 2003 "foram tomadas decisões na direção
contrária, ou seja, de engordar os
"spreads" em vez de atrofiá-los".
O economista realizou um estudo sobre concentração bancária
onde registra um histórico do
"spread" no Brasil.
De acordo com esse levantamento, a diferença entre a taxa de
captação e a cobrada de empresas
e de consumidores era de 139,22
pontos percentuais em 1994, número que caiu para 39,95 pontos
percentuais em 2001.
Em 2002, subiu novamente, para 42,46 pontos percentuais, e, no
ano passado, recuou para 41,52
pontos percentuais.
Segundo ele, uma das razões pelas quais não houve queda em
2003 é o percentual de depósitos
compulsórios, "que, em vez de ser
reduzido, foi aumentado".
"Os depósitos compulsórios totalizaram R$ 125,536 bilhões no
ano passado. A tributação sobre
operações bancárias subiu. São
decisões contraditórias em relação ao desejo de baixar "spreads"."
Para Troster, o Brasil possui
"uma legislação comercial obsoleta" que deve ser aprimorada. "A
duração média de um processo de
falência no Brasil é de dez anos,
enquanto que em alguns países
demora menos de um ano".
Além da redução no compulsório, o economista afirma que é necessário diminuir o volume dos
recursos direcionados e os impostos diretos e indiretos.
"As ações que mostram o compromisso com a decisão de baixar
os "spreads" já estão diagnosticadas. São: a redução ou a eliminação dos depósitos compulsórios,
a redução do crédito direcionado,
a racionalização da tributação,
melhorias na execução dos contratos e uma política econômica
consistente com juros básicos estruturalmente baixos."
Troster acredita que "é razoável
esperar queda neste ano, devido
ao aumento de escala, da menor
volatilidade, da expectativa de
menor inadimplência e de ganhos
de eficiência".
O economista Fernando Cardim, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), admite
que há falta de garantias no Brasil,
mas ressalta que em outros países
"leis de falências imperfeitas ou
simplesmente desastrosas são a
regra, não a exceção".
"Apenas em países anglo-saxões e, mais particularmente, nos
Estados Unidos, as leis são mais
eficientes. A Europa ocidental toda tem aparatos legais sobre falências tão problemáticos quanto
os nossos. Na América Latina então, nem se fala", afirma.
Segundo ele, a concentração
bancária no Brasil e, conseqüentemente, a falta de concorrência
-outro fator apontado como razão para a pequena oferta de crédito- também é semelhante à de
outros países emergentes.
"O que é diferente aqui é que o
governo é fonte garantida e segura dos ganhos dos bancos, graças
à política do governo federal, que
não os pressiona para competirem exatamente onde os preços
mais importam, que é o mercado
de crédito de massas", diz.
Metodologia
As taxas cobradas do setor privado informadas ao FMI pelas autoridades monetárias de diferentes países, utilizadas pelo Iedi para
realizar o levantamento de
"spread", não seguem necessariamente o mesmo conceito.
A maior parte dos países informa ao Fundo Monetário Internacional a chamada "lending rate"
(taxa de empréstimo), que é a
mesma taxa informada pelo Brasil: uma média dos juros cobrados
de pessoas físicas e jurídicas.
O Iedi realizou dois levantamentos sobre "spread". O que
compara o brasileiro ao dos principais países emergentes não leva
em conta qual o conceito usado
por eles para informar suas taxas
de empréstimo ao Fundo.
No segundo levantamento, o Iedi incluiu todos os países -emergentes ou não- que informam
ao Fundo a "lending rate".
(MAELI PRADO)
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