São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Economia global deve crescer 4,9%, estima Fundo

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

A economia mundial deve crescer 4,9% neste ano num ambiente de riscos menores que os identificados há seis meses, prevê o FMI. Para 2008, o Fundo prevê mais 4,9%.
Se as previsões do Fundo estiverem certas, 2008 será o sexto ano consecutivo de crescimento ao redor de 5% -feito inédito desde o início dos anos 1970. O FMI estima em 20% as chances de a economia global crescer abaixo de 4% em 2008.
A previsão para o biênio 2007-08, porém, é inferior aos 5,4% registrados em 2006. Sobretudo por um desaquecimento além do esperado nos EUA. O FMI revisou de 2,9% para 2,2% a previsão de desempenho da maior economia do mundo neste ano. Em 2008, o crescimento dos EUA voltaria ao patamar de 2,8%.
O Fundo destaca que o cenário que tendia para o negativo em 2006 está desanuviando. Mais: o crescimento atual é homogêneo em várias partes do mundo, a inflação está sob controle e há melhora significativa nos fundamentos macroeconômicos de vários países.
"Apesar dos altos e baixos recentes no mercado financeiro, a economia global deve ter mais um bom ano em 2007. Os riscos também são menos ameaçadores do que pareciam em setembro", afirmou Simon Johnson, economista-chefe do FMI.
Ele comparou as recentes turbulências do mercado aos abanos da cauda de um cão. "A economia mundial e seus fundamentos hoje sólidos são o corpo do cachorro. Com isso firme, é difícil que o movimento do rabo provoque grandes estragos." Para ele, a instabilidade foi "uma limitada e bastante temporária fuga de ativos mais arriscados, especialmente nos mercados emergentes, depois de um longo período de valorização".
"Os mercados já se recuperaram. Acreditamos que os sólidos fundamentos macroeconômicos servirão mais como âncora contra o nervosismo. E não que as turbulências afetem o cenário econômico atual", disse Johnson.
A economia européia deve crescer 2,3% neste ano, assim como a japonesa. Na Ásia emergente, 8,8% -com a China ainda crescendo 10%, na previsão do Fundo. Na América Latina, a previsão para 2007 é de 4,9%. Na Rússia, 6,4%.
Em 2006, os EUA foram responsáveis por 19,7% do crescimento global. A China, por 15,1%; a União Européia, por 14,7%. O Brasil, por 2,6%.
Como os EUA cresceram 3,4% em 2006, seu impulso na economia global deve cair neste ano, com Ásia e Europa ganhando maior relevância.

Inflação e EUA
O relatório "Panorama da Economia Mundial" do FMI diz que as pressões inflacionárias identificadas em vários países até o ano passado também diminuíram.
Mas os EUA continuam sendo a grande incógnita. O FMI lembra que a inflação acumulada em 12 meses no país ainda está acima do alvo perseguido pelo Fed (o BC americano) e que a produtividade cresce em ritmo menor -o que pode trazer custos e preços maiores.
Em fevereiro, o "core" (núcleo, que exclui energia e alimentos) da inflação americana estava em 2,7%, abaixo dos 2,9% de setembro.
O mercado de financiamentos imobiliários de alto risco ["subprime"] dos EUA também preocupa desde que a inadimplência bateu em 13,3% no final de 2006. Os "estoques" de moradias novas também são os maiores em 15 anos.
Nos EUA, o mercado imobiliário é uma grande fonte de financiamento, já que os americanos recorrem a hipotecas para levantar crédito. Quando o mercado cai, a tendência é que o consumo também caia, com reflexos globais. Individualmente, os EUA absorvem 20% da importação mundial.
"Se os EUA espirram, o resto do mundo pega um resfriado? Em nossa visão, se é que os EUA espirraram, foi um espirro muito fraco", disse Johnson.
Ele prevê que a solidez e os altos lucros recentes das empresas americanas gerem um novo ciclo de investimentos no país, puxando o crescimento. (FCZ)


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