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FMI prevê alta de 4,4% no PIB do país
Estimativa de crescimento é menor que a média prevista para a AL e a economia global, de 4,9% em ambos os casos
Fundo mostra otimismo com país, elogia BC, mas critica alta carga tributária, gastos elevados do governo e ambiente de negócios
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) projeta crescimento de 4,4% para a economia brasileira em 2007 e de
4,2% para o ano que vem.
A estimativa, que já usa o novo cálculo do PIB do país, é superior à do próprio mercado
brasileiro, que prevê, em média, alta de 3,9% neste ano.
No ano passado, nesta época
do ano, o FMI previa alta do
PIB brasileiro de 3,5%, mas ele
fechou em 2,9% (na metodologia antiga do cálculo do IBGE).
Brasil e Chile são os dois únicos países da América Latina
que devem crescer mais neste
ano em relação a 2006, diz o
Fundo. Mas o PIB do Brasil deve ficar abaixo tanto da média
mundial quanto da América
Latina (4,9% para ambos os casos), diz o relatório "Panorama
da Economia Mundial".
"Certamente estamos otimistas com a economia brasileira, que deve ganhar mais ritmo", disse Charles Collyns,
economista-chefe-adjunto do
FMI. Ele considerou "bem-vinda" a recente mudança na metodologia de cálculo do PIB.
"O Brasil tem se beneficiado
da alta das commodities. Também passou por um período de
crescimento relativamente baixo, que conteve a inflação. A
economia agora responde à redução dos juros, e esperamos
que continue a crescer."
Collyns disse que não vê "nenhuma razão para que os juros
no Brasil permaneçam altos no
médio prazo". Lembrou que o
país pratica taxas muito superiores às de seus vizinhos, mas
também elogiou o "gradualismo" e a "prudência" do Banco
Central na redução dos juros,
que já dura um ano e meio.
"A economia vai crescer em
um ritmo mais acelerado, mas
também deve manter a inflação
baixa", disse Collyns. Para o
FMI, os juros menores darão
novo impulso à demanda doméstica. "Dados mais recentes
mostram que essa recuperação
já está a caminho."
Ao mesmo tempo em que
prevê uma aceleração, o Fundo
voltou a afirmar que o Brasil só
não cresce em um ritmo mais
rápido por "fatores estruturais
muito bem conhecidos".
"O Brasil tem um nível de
gasto público extremamente
alto levando em conta sua renda. Esse gasto é financiado por
uma carga tributária muito elevada", disse Collyns.
O FMI voltou a cobrar mais
"flexibilização" no Orçamento
brasileiro, onde grande parte
das receitas são vinculadas por
lei a gastos específicos.
Collyns disse também que há
problemas a serem atacados no
sistema financeiro do país, como os altos "spreads" (diferença entre o custo de captação de
capital o banco e o quanto ele
cobra do cliente) nos empréstimos, e que o mercado de capitais precisa ser melhor "desenvolvido". "Há ainda uma série
de questões nas áreas de clima
para negócios e infra-estrutura"" acrescentou.
Na América Latina, o crescimento brasileiro em 2007 ficará abaixo da média da região
(4,9%) e de países como Chile
(5,2%), Colômbia (5,5%), Peru
(6%) e Uruguai (5%), Venezuela (6,2%) e Argentina (7,5%).
Apesar do otimismo, o FMI
diz que mercados emergentes
como os da América Latina e da
Ásia "merecem particular atenção dados os inúmeros exemplos de "bolhas" seguidas por estouros".
"Mas a boa notícia é que, em
geral, os países emergentes
buscam se reestruturar neste
atual clima benigno da economia mundial", diz o Fundo.
Em 2007, segundo as previsões do FMI, os mercados
emergentes devem receber
US$ 283,7 bilhões líquidos em
investimentos privados destinados ao setor produtivo.
O principal destino desse dinheiro será a Ásia emergente,
com uma fatia de US$ 96,1 bilhões. Já a América Latina ficará com US$ 61,3 bilhões, muito
superior aos US$ 34,5 bilhões
registrados em 2006.
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