São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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FMI prevê alta de 4,4% no PIB do país

Estimativa de crescimento é menor que a média prevista para a AL e a economia global, de 4,9% em ambos os casos

Fundo mostra otimismo com país, elogia BC, mas critica alta carga tributária, gastos elevados do governo e ambiente de negócios


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta crescimento de 4,4% para a economia brasileira em 2007 e de 4,2% para o ano que vem.
A estimativa, que já usa o novo cálculo do PIB do país, é superior à do próprio mercado brasileiro, que prevê, em média, alta de 3,9% neste ano.
No ano passado, nesta época do ano, o FMI previa alta do PIB brasileiro de 3,5%, mas ele fechou em 2,9% (na metodologia antiga do cálculo do IBGE).
Brasil e Chile são os dois únicos países da América Latina que devem crescer mais neste ano em relação a 2006, diz o Fundo. Mas o PIB do Brasil deve ficar abaixo tanto da média mundial quanto da América Latina (4,9% para ambos os casos), diz o relatório "Panorama da Economia Mundial".
"Certamente estamos otimistas com a economia brasileira, que deve ganhar mais ritmo", disse Charles Collyns, economista-chefe-adjunto do FMI. Ele considerou "bem-vinda" a recente mudança na metodologia de cálculo do PIB.
"O Brasil tem se beneficiado da alta das commodities. Também passou por um período de crescimento relativamente baixo, que conteve a inflação. A economia agora responde à redução dos juros, e esperamos que continue a crescer."
Collyns disse que não vê "nenhuma razão para que os juros no Brasil permaneçam altos no médio prazo". Lembrou que o país pratica taxas muito superiores às de seus vizinhos, mas também elogiou o "gradualismo" e a "prudência" do Banco Central na redução dos juros, que já dura um ano e meio.
"A economia vai crescer em um ritmo mais acelerado, mas também deve manter a inflação baixa", disse Collyns. Para o FMI, os juros menores darão novo impulso à demanda doméstica. "Dados mais recentes mostram que essa recuperação já está a caminho."
Ao mesmo tempo em que prevê uma aceleração, o Fundo voltou a afirmar que o Brasil só não cresce em um ritmo mais rápido por "fatores estruturais muito bem conhecidos".
"O Brasil tem um nível de gasto público extremamente alto levando em conta sua renda. Esse gasto é financiado por uma carga tributária muito elevada", disse Collyns.
O FMI voltou a cobrar mais "flexibilização" no Orçamento brasileiro, onde grande parte das receitas são vinculadas por lei a gastos específicos.
Collyns disse também que há problemas a serem atacados no sistema financeiro do país, como os altos "spreads" (diferença entre o custo de captação de capital o banco e o quanto ele cobra do cliente) nos empréstimos, e que o mercado de capitais precisa ser melhor "desenvolvido". "Há ainda uma série de questões nas áreas de clima para negócios e infra-estrutura"" acrescentou.
Na América Latina, o crescimento brasileiro em 2007 ficará abaixo da média da região (4,9%) e de países como Chile (5,2%), Colômbia (5,5%), Peru (6%) e Uruguai (5%), Venezuela (6,2%) e Argentina (7,5%).
Apesar do otimismo, o FMI diz que mercados emergentes como os da América Latina e da Ásia "merecem particular atenção dados os inúmeros exemplos de "bolhas" seguidas por estouros".
"Mas a boa notícia é que, em geral, os países emergentes buscam se reestruturar neste atual clima benigno da economia mundial", diz o Fundo.
Em 2007, segundo as previsões do FMI, os mercados emergentes devem receber US$ 283,7 bilhões líquidos em investimentos privados destinados ao setor produtivo.
O principal destino desse dinheiro será a Ásia emergente, com uma fatia de US$ 96,1 bilhões. Já a América Latina ficará com US$ 61,3 bilhões, muito superior aos US$ 34,5 bilhões registrados em 2006.


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