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Aéreas menores querem aliança para dividir vôos
Ontem, BRA anunciou acordo operacional com a OceanAir a partir de junho
Projeto de criar a aliança Tropical pode ter também a participação da Webjet
e da TAF; Varig saiu depois de negociação com a Gol
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para enfrentar o chamado
"duopólio" da Gol e Varig (agora do mesmo grupo) e da TAM,
que, juntas têm 92,7% do mercado, BRA, OceanAir, Webjet e
TAF estudam a possibilidade
de criar a aliança Tropical, um
acordo operacional para compartilhar vôos entre elas.
Ontem pela manhã, durante
encontro com agentes de viagem, o vice-presidente da BRA,
Walter Folegatti, afirmou que a
companhia fechou um acordo
operacional com a OceanAir,
que seria feito com 24 aviões
(12 de cada empresa) e sujeito à
aprovação da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil).
As duas empresas passarão a
voar juntas a partir de junho,
operando em três aeroportos
principais: Viracopos (Campinas), Brasília e Salvador.
Segundo a Folha apurou, está sendo negociada a participação também da Webjet e da
TAF. A participação de mercado somada das quatro empresas seria de 5,37% da demanda
de vôos domésticos no país. A
idéia seria buscar sinergias e
reduzir custos, aumentando a
ocupação de assentos.
Se a Webjet vende o trecho
Rio de Janeiro/Salvador, por
exemplo, e a cearense TAF faz
Salvador/Fortaleza, a companhia aérea carioca poderia vender o trecho RJ/Fortaleza.
Pelo que foi conversado até
agora, a companhia que transportar o passageiro de outra
empresa recebe 85% dessa receita; a que vender o bilhete
sem transportá-lo recebe 15%.
"Todo mundo venderia todo
mundo. Seria uma tarifa única,
um despacho único de bagagens, uma só equipe de mecânicos. Isso economiza, reduz
custos", afirma um executivo.
Cada companhia é mais forte
em determinados trechos e aeroportos. Exemplos: a BRA,
com 2,8% do mercado doméstico, tem participação maior no
aeroporto de Guarulhos (SP); a
OceanAir, com 1,6%, no Nordeste; a Webjet, com 0,62%, no
RJ e em Porto Alegre; e a TAF,
com 0,28%, em Fortaleza.
A Varig estava na negociação
para fazer parte da aliança operacional, mas depois que foi
comprada pela Gol saiu do projeto. A saída da empresa foi
considerada um problema, mas
as outras quatro pequenas devem continuar negociando para formar a Tropical.
"Vamos fazer uma reunião
entre as outras companhias
nos próximos dias para ver como conduziremos as coisas
sem a Varig. O projeto já estava
fechado antes da saída dela, e
por sinal muito bem elaborado", disse João Ariston Pessoa
de Araújo, presidente da TAF.
Webjet e OceanAir, segundo
a Folha apurou, já se prepararam para compartilhar balcões
em aeroportos do Sul do país. A
idéia do projeto é que um logotipo da Tropical apareça ao lado da marca das companhias.
Mudanças
Para a aliança funcionar, seriam necessárias mudanças na
malha das empresas para otimizar conexões, por exemplo.
A avaliação é que as principais alterações seriam feitas
pela BRA, tanto em termos de
mudanças na malha -com novos investidores, será reposicionada no mercado- como no
seu sistema de informática.
"[Aliar-se] é a única chance
de sobrevivência das pequenas", diz o consultor especializado Paulo Bittencourt Sampaio. "Elas podem rearranjar
horários para dar mais conexões e facilitar para os passageiros". O ideal, afirma o especialista, seria que as companhias
trabalhassem também com
uma frota mais homogênea.
A taxa de ocupação dessas
companhias oscila em torno de
50%. Em março, a BRA decolou
com 62% dos assentos ocupados; a OceanAir, com 45%; a
TAF, com 39%; e a Webjet, com
45%. A expectativa é que, com a
eventual aliança, a ocupação
possa aumentar em até oito
pontos percentuais.
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