São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Aéreas menores querem aliança para dividir vôos

Ontem, BRA anunciou acordo operacional com a OceanAir a partir de junho

Projeto de criar a aliança Tropical pode ter também a participação da Webjet e da TAF; Varig saiu depois de negociação com a Gol


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para enfrentar o chamado "duopólio" da Gol e Varig (agora do mesmo grupo) e da TAM, que, juntas têm 92,7% do mercado, BRA, OceanAir, Webjet e TAF estudam a possibilidade de criar a aliança Tropical, um acordo operacional para compartilhar vôos entre elas.
Ontem pela manhã, durante encontro com agentes de viagem, o vice-presidente da BRA, Walter Folegatti, afirmou que a companhia fechou um acordo operacional com a OceanAir, que seria feito com 24 aviões (12 de cada empresa) e sujeito à aprovação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
As duas empresas passarão a voar juntas a partir de junho, operando em três aeroportos principais: Viracopos (Campinas), Brasília e Salvador.
Segundo a Folha apurou, está sendo negociada a participação também da Webjet e da TAF. A participação de mercado somada das quatro empresas seria de 5,37% da demanda de vôos domésticos no país. A idéia seria buscar sinergias e reduzir custos, aumentando a ocupação de assentos.
Se a Webjet vende o trecho Rio de Janeiro/Salvador, por exemplo, e a cearense TAF faz Salvador/Fortaleza, a companhia aérea carioca poderia vender o trecho RJ/Fortaleza.
Pelo que foi conversado até agora, a companhia que transportar o passageiro de outra empresa recebe 85% dessa receita; a que vender o bilhete sem transportá-lo recebe 15%.
"Todo mundo venderia todo mundo. Seria uma tarifa única, um despacho único de bagagens, uma só equipe de mecânicos. Isso economiza, reduz custos", afirma um executivo.
Cada companhia é mais forte em determinados trechos e aeroportos. Exemplos: a BRA, com 2,8% do mercado doméstico, tem participação maior no aeroporto de Guarulhos (SP); a OceanAir, com 1,6%, no Nordeste; a Webjet, com 0,62%, no RJ e em Porto Alegre; e a TAF, com 0,28%, em Fortaleza.
A Varig estava na negociação para fazer parte da aliança operacional, mas depois que foi comprada pela Gol saiu do projeto. A saída da empresa foi considerada um problema, mas as outras quatro pequenas devem continuar negociando para formar a Tropical.
"Vamos fazer uma reunião entre as outras companhias nos próximos dias para ver como conduziremos as coisas sem a Varig. O projeto já estava fechado antes da saída dela, e por sinal muito bem elaborado", disse João Ariston Pessoa de Araújo, presidente da TAF.
Webjet e OceanAir, segundo a Folha apurou, já se prepararam para compartilhar balcões em aeroportos do Sul do país. A idéia do projeto é que um logotipo da Tropical apareça ao lado da marca das companhias.

Mudanças
Para a aliança funcionar, seriam necessárias mudanças na malha das empresas para otimizar conexões, por exemplo.
A avaliação é que as principais alterações seriam feitas pela BRA, tanto em termos de mudanças na malha -com novos investidores, será reposicionada no mercado- como no seu sistema de informática.
"[Aliar-se] é a única chance de sobrevivência das pequenas", diz o consultor especializado Paulo Bittencourt Sampaio. "Elas podem rearranjar horários para dar mais conexões e facilitar para os passageiros". O ideal, afirma o especialista, seria que as companhias trabalhassem também com uma frota mais homogênea.
A taxa de ocupação dessas companhias oscila em torno de 50%. Em março, a BRA decolou com 62% dos assentos ocupados; a OceanAir, com 45%; a TAF, com 39%; e a Webjet, com 45%. A expectativa é que, com a eventual aliança, a ocupação possa aumentar em até oito pontos percentuais.


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