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Independência de tecnologia da Dataprev virá em 3 anos
Empresa da Previdência deixa de alugar computador
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de 33 anos, a Dataprev (empresa de tecnologia da
Previdência Social) anunciou
ontem que conquistará independência tecnológica em três
anos. O presidente da estatal,
José Antônio Soares, divulgou
o calendário para a migração da
base de dados previdenciários
para novo sistema -processo
em que não está descartado risco de "apagão" na Previdência.
"Toda implementação de sistema tem risco e compete à Dataprev resolver problemas. Tomara que não aconteça, mas
podemos ter problemas", afirmou Soares. Desde que foi criada, em 1974, a Dataprev depende tecnologicamente da empresa Unisys, de quem aluga
seus megacomputadores. As
máquinas operam em plataforma fechada, não rodam programas de outras marcas nem se
comunicam com outra base de
informações.
Em 2004, a Previdência enfrentou "apagão" e dois dos
maiores sistemas operacionais
(concessão e manutenção de
benefícios) entraram em pane
causando caos no INSS. A falha
no sistema trouxe à tona a briga
interna pela migração do sistema, com resistências dentro da
própria Dataprev. Na ocasião,
não foi afastada a hipótese de
sabotagem ante os planos de
transferência de tecnologia.
Ontem, Soares explicou que
para a transição de sistema foi
necessária a assinatura de novo
contrato com a Unisys com
prazo de 36 meses. O contrato
prevê aumento de capacidade
dos equipamentos atuais em
50% e estabelece cronograma
para devolução de máquinas à
empresa privada. Segundo ele,
a negociação resultou em reajuste de 3% nos valores pagos
pelo governo à Unisys - cerca
de R$ 3,3 milhões mensais.
"Os sistemas da Dataprev são
insuficientes para dar as respostas às demandas no tempo
adequado. Nos horários de pico
nas agências, algumas transações são contingenciadas. Com
aumento da capacidade, o tempo de atendimento na ponta vai
diminuir porque o sistema vai
ficar mais ágil", disse Soares.
O novo contrato também foi
feito porque o acordo vigente
era questionado judicialmente
pelo Ministério Público Federal. Os procuradores viram irregularidades no contrato entre a Dataprev e a Cobra Tecnologia (subsidiária do Banco do
Brasil), em que a Cobra subcontratava a Unisys para realizar os mesmos serviços, só que
com mais custos ao governo.
Soares relatou que o Ministério Público acompanhou todo o
processo de negociação do novo contrato com a Unisys. Segundo o acordo, até final de dezembro, um dos três grandes
computadores da Dataprev será devolvido à empresa privada.
Com isso, o Cadastro Nacional
de Informações Sociais passará
a rodar dentro de um sistema
próprio da Dataprev.
Após a migração dos sistemas de benefícios para o novo
modelo -até fevereiro de
2009-, outra máquina será devolvida. Para a terceira e última
máquina (sistema da arrecadação previdenciária), a previsão
é que a mudança leve 14 meses,
mas pode chegar a 36.
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