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Planalto quer barrar alta de gasto do INSS
Para governo, projeto que eleva custo com aposentadoria ameaça reajuste do mínimo
Idéia é tentar mudar na
Câmara textos que foram
aprovados no Senado;
agência vê risco de déficit
da Previdência aumentar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo trabalha para derrubar projetos aprovados nesta
semana no Senado que podem
levar a um aumento nos gastos
com aposentadoria e pensões.
Um dos principais argumentos
é que as propostas, de autoria
do senador Paulo Paim (PT-RS), poderão prejudicar a política de concessão de reajustes
reais (acima da inflação) para o
salário mínimo e prejudicar
quem ganhar a remuneração.
A idéia é tentar mudar os textos na Câmara, onde os projetos ainda serão apreciados. Para o Planalto, as duas propostas
do petista podem causar um
"rombo" nas contas públicas.
O principal alvo de contrariedade é com a emenda que estende a aposentados e pensionistas a política de valorização
do salário mínimo. A avaliação
é que, se a emenda não cair, poderá dificultar futuros aumentos do mínimo, o que afetaria
quem está na ativa.
Ontem, a agência de classificação de risco Fitch divulgou
nota afirmando que tais medidas, caso venham a se tornar lei,
podem minar o progresso feito
nos últimos anos para conter o
déficit da Previdência. Segundo
a agência, elevações nos gastos
correntes podem aumentar a
rigidez orçamentária e deteriorar a qualidade do gasto do país.
Para a Fitch, o Brasil deve
mirar cada vez mais no corte de
gastos correntes para permitir
a redução da carga tributária,
gerando mais investimentos e
crescimento. "Medidas que elevem as pressões sobre os gastos
podem tornar essa tarefa mais
difícil", diz a nota.
Na quarta-feira, o Senado
aprovou dois projetos com potencial de elevar as despesas
previdenciárias. Um deles trata
da política de valorização do salário mínimo. Proposto pelo
Executivo, o projeto prevê que
o mínimo seja reajustado entre
2008 e 2011 pela inflação do
INPC mais o crescimento real
do PIB.
Uma emenda de Paim, no entanto, estendeu a regra de reajuste aos aposentados e pensionistas que ganham mais de um
mínimo, o que poderá elevar o
gasto anual da Previdência em
R$ 3,5 bilhões. O outro projeto
aprovado estabelece a extinção
do fator previdenciário, mudando a forma de cálculo dos
benefícios da Previdência. O
mecanismo foi criado no governo FHC e leva em conta o tempo de contribuição, a idade no
momento do pedido de aposentadoria e a expectativa de vida
para estimular os segurados a
adiarem a aposentadoria.
No caso de aposentadoria pelo tempo mínimo de contribuição (30 anos para mulheres e
35 para os homens), o fator funciona como um redutor do valor do benefício. Acima do tempo mínimo, poderá aumentar o
valor da aposentadoria.
O líder do PR da Câmara dos
Deputados, Luciano Castro
(RR), afirmou que convocou
uma reunião de bancada para a
próxima semana para, entre
outros assuntos, discutir sugestões de mudanças no projeto
aprovado pelo Senado. "Tomar
a previdência deficitária é pior,
então vamos rever [os projetos
do Senado]."
(JULIANNA SOFIA, LETÍCIA SANDER e MARIA CLARA CABRAL)
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