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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Especulação engole lucro do setor produtivo em 2008, diz estudo
A análise do desempenho das
empresas brasileiras não financeiras no ano passado revela
uma grave distorção: os seus resultados se explicam mais por
razões financeiras do que operacionais.
Segundo estudo realizado
pelo grupo de conjuntura da
Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo)
com 239 empresas de grande
porte, as despesas financeiras
das indústrias (excluindo a Petrobras) saíram de um ganho de
R$ 386 milhões em 2007 para
perdas de R$ 38,2 bilhões no
ano passado. Mesmo tendo registrado uma elevação de
25,5% no lucro da atividade
nesse período (de R$ 60,8 bilhões para R$ 76,4 bilhões), o
lucro líquido do setor recuou de
R$ 43,6 bilhões para R$ 30,6 bilhões no mesmo período.
No segmento de serviços, as
despesas financeiras saltaram
72,7%, de R$ 7,15 bilhões para
R$ 12,35 bilhões, fazendo o lucro líquido recuar cerca de 5%,
para R$ 22,7 bilhões. O lucro da
atividade avançou 16,2%, alcançando R$ 46,7 bilhões.
"O expressivo resultado operacional foi dizimado pela especulação financeira", resume
Geraldo Biasoto Junior, diretor-executivo da fundação. "Essas companhias apresentaram
comportamento idêntico ao de
corretoras e bancos."
Tal ousadia foi incentivada
pela própria política econômica do país, explica Biasoto. "Por
exemplo, há muito tempo, devido ao dólar baixo, os exportadores pegavam ACCs [Adiantamentos sobre Contratos de
Câmbio] e colocavam em títulos para garantir a sua rentabilidade", diz. Além disso, a elevada taxa de juros paga por papéis
públicos e outras aplicações
atraía as empresas que não são
do ramo financeiro.
"O ambiente se encontrava
extremamente favorável, então
elas se sentiram seguras para
executar determinadas transações. Nem imaginavam que o
cenário poderia mudar tão rapidamente", destaca Biasoto.
Embora muitas companhias
estejam colocando a culpa dos
problemas sofridos nos seus
executivos da área financeira,
daqui para a frente elas terão
que assumir a responsabilidade
pelo que acontece na sua tesouraria e redobrar a vigilância.
"Certamente os conselhos de
administração e as auditorias
tomarão mais cuidado", prevê o
diretor da Fundap.
"MADE IN BRAZIL"
Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedo), vai anunciar
nesta semana um investimento de R$ 100 milhões da indústria de brinquedos no país para os próximos cinco anos. Ele
diz que está disposto a reduzir em 5% o preço real dos produtos para ganhar competitividade ante a indústria chinesa,
que hoje tem 45% de participação de mercado, contra 55%
da brasileira. "A meta é que a indústria nacional fique com
75% de participação, tirando 20% da China. Vai ser uma
mudança completa no negócio de brinquedos no Brasil",
afirma. Costa também diz que vai assinar um documento
com o governo, em que se compromete a criar 20 mil empregos. O plano tem a pretensão de permitir o acesso de 20
milhões de crianças brasileiras aos produtos.
PRIMEIRA CLASSE
A Agaxtur decidiu concorrer no mercado de turismo de
alto luxo. A empresa, que abriu no final do ano passado
uma loja no shopping Cidade Jardim, endereço sofisticado de São Paulo, agora lança um catálogo de roteiros sob
uma marca para padrão elevado. "Com isso, a Agaxtur entra definitivamente nesse mercado", diz Aldo Leone Filho, presidente da empresa.
SEM DÓLAR
Charles Tang, presidente
da Câmara de Comércio e
Indústria Brasil-China, é favorável à substituição do dólar no comércio entre Brasil
e China por real e yuan. Segundo ele, o uso de moedas
locais vai intensificar o comércio entre os dois países.
A ideia de substituição do
dólar por outras moedas no
comércio internacional partiu inicialmente da China.
No começo do mês, o presidente Lula propôs ao país o
uso de real e yuan nas transações Brasil-China.
SEM CREDIBILIDADE
Para Tang, a substituição
do dólar no comércio internacional é um processo que
já começou e é irreversível.
Segundo ele, os governos de
muitos países não confiam
mais no dólar por conta da
crise mundial, que começou
nos Estados Unidos.
RUSSO
Welber Barral, secretário
de Comércio Exterior, comandará a delegação brasileira nas reuniões bilaterais
com a Rússia entre os próximos dias 20 e 23. Na pauta,
discussões sobre barreiras às
exportações brasileiras de
carne, cooperação econômica, defesa comercial e mecanismos financeiros.
LIDERANÇA
A Bookman Editora e a Insead acabam de lançar o livro
"Experiências e Técnicas de
Coaching" (416 pág e
R$ 54), dos especialistas em
liderança Manfred Kets de
Vries, Konstantin Korotov e
Elizabeth Florent-Treacy.
Na obra, os autores discutem
o papel do "coach" executivo
e como a presença do profissional é cada vez mais requisitada nas empresas. Entre
os temas abordados, está o
desafio no desenvolvimento
de lideranças.
SANDUÍCHE
A MegaMatte, rede de lanches saudáveis, inaugura
neste mês sua primeira franquia em São Paulo. A meta da
rede é abrir mais nove unidades até o final do ano.
VÔLEI
A Companhia de Seguros
Aliança do Brasil, empresa
do Banco do Brasil, vai neutralizar as emissões de carbono feitas durante o Circuito BB de Vôlei de Praia 2009.
Em 2008, a empresa investiu
R$ 5,4 milhões em responsabilidade socioambiental.
NO BAIRRO
Uma pesquisa com o perfil
dos moradores do bairro do
Tatuapé, em São Paulo, motivou o Santander a abrir sua
quinta agência na região,
com capacidade para atender 5.000 clientes. Segundo
o estudo, a renda de 45% das
famílias residentes no bairro
supera 15 salários mínimos.
Mesmo com a renda elevada,
o perfil do morador do bairro
é de um investidor conservador, que concentra metade
de seus investimentos na caderneta de poupança. Para o
Santander, há oportunidades na região.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e DENYSE GODOY
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