São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Trem-bala terá uma primeira etapa até São José dos Campos

A pré-candidata do PT à Presidência e ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirma que o trem-bala sai do papel e que, numa primeira etapa, irá só até São José dos Campos, no Vale do Paraíba. O trajeto completo, inicialmente previsto, liga as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, passando por São José.
"A primeira fase vai até São José dos Campos, que tem um aeroporto de tamanho de porte internacional. É preciso ter novos aeroportos com custo menor. Além disso, você revitaliza Viracopos", diz Dilma.
No Rio de Janeiro, a expectativa era a de que as obras começassem concomitantemente nos dois Estados, para que os cariocas não corressem o risco de ficar de fora do projeto. O trecho no Estado do Rio é, no entanto, considerado o de maior custo.
Para a ex-ministra, a ligação entre Rio e São Paulo é importante porque as duas cidades estão ficando inviáveis e com pouco espaço para expandir a construção de casas populares.
" Primeiro, por uma questão de logística, entre essas duas regiões metropolitanas. Esse tipo de distância e o tamanho dessas regiões são típicos para esse tipo de trem", diz Dilma. O tempo de deslocamento permite a concorrência do trem-bala com o avião e o ônibus, afirma.
O trem criará, de acordo com estimativas da pré-candidata petista, regiões alternativas de construção de moradias, de estabelecimentos comerciais, "novos polos de crescimento".
"Hoje, o problema em São Paulo e no Rio é que não temos terrenos baratos. Em alguns lugares, não tem nem terreno, mesmo que se queira pagar o preço [solicitado]", afirma.
"Quando você cria o trem- -bala, muda a forma de tráfego de pessoas nessas regiões."
Dilma rebate críticas de que há obras mais necessárias, como terminais nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas.
"Não tem espaço para expandir nem Cumbica nem Congonhas. Tem o problema de aproximação. Deixaram uma parte da cidade tomar conta do aeroporto", afirma, acrescentando que obras viáveis não seriam suficientes para as necessidades existentes.
"Você até consegue fazer um terceiro terminal, e consegue melhorá-lo, mas não uma terceira pista da proporção do que seria necessário para o volume de tráfego aéreo para São Paulo. Você passa então a ter como hipóteses Viracopos e São José dos Campos", diz.
Dilma também refuta o argumento de alguns setores de que o problema de transporte entre São Paulo e Rio não é de pessoas e, sim, de cargas.
"Todos os países do mundo, do porte do nosso, com regiões metropolitanas vizinhas, tomaram essa decisão [de construir o trem-bala], que melhorou o trânsito dessas regiões", diz.
"São Paulo está inviável, o Rio está ficando. Fazendo isso, você melhora o trânsito interno. Você pega o trem e vai para o centro da cidade, para dentro da cidade", acrescenta.
Dilma cita o exemplo do Japão, um dos países que demonstraram interesse em participar do trem-bala brasileiro. "É o que fez com que o eixo de Tóquio se deslocasse", diz, ao mencionar o problema de espaço para construir moradias ou prédios comerciais. "Hoje, se deslocam ao longo do caminho, e permite fazer polos [de desenvolvimento]."

"Faixa inferior do Minha Casa é atraente"

Dentro do Minha Casa, Minha Vida, até agora são poucos os empreendimentos destinados às famílias com renda entre zero e três salários mínimos. Mas, na opinião da pré-candidata à Presidência, Dilma Rousseff, essa realidade vai mudar com a fase dois do programa, lançada em março pelo governo.
"Por que as construtoras descobriram que essa faixa é um grande negócio? Porque a gente banca, é subsídio direto na veia", diz. "Para não desviar do seu objetivo, a Caixa faz o pagamento contra a unidade, financia quem vai ficar com a casa. No [que tange a] capital de giro, ela [a construtora] pode ter acesso. Você elimina problemas de desvios no financiamento do imóvel e o subsídio vai direto para o subsidiado, o proprietário." Daqui para a frente, não haverá nenhuma política habitacional fora desse modelo, segundo Dilma.

EMBREAGEM
A Assurant Solutions acaba de fechar parceria com os grupos distribuidores de veículos UAB Motors, Caoa e Itavema para iniciar em São Paulo a distribuição de garantia estendida e proteção financeira para carros. Com as parcerias, a seguradora inaugura sua entrada no mercado de distribuição automotiva de São Paulo. "Já estamos presentes em Curitiba, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Brasília e dobramos o número de pontos de venda nos últimos seis meses", diz Luciano Groch, diretor da divisão automotiva da Assurant Solutions. De acordo com ele, o novo negócio importa para o segmento automotivo o conceito de seguro massificado já muito difundido no varejo, onde atua em parceria com redes de supermercados, lojas de departamento e eletroeletrônicos. A garantia estendida é similar à de fábrica e cobre despesas por problemas mecânicos nos veículos. O seguro proteção financeira quita parcelas ou o valor integral do carro financiado, em caso de morte natural ou acidental ou por invalidez permanente da pessoa que adquirir um veículo na concessionária.

MAIS CRÉDITO
A Caixa Econômica Federal registrou, no primeiro trimestre do ano, um crescimento de 7,3% nos empréstimos a consumidores e empresas. Para 2010, a expectativa é de uma alta de 30%, a ser favorecida pela parceria com o banco PanAmericano, que deve ter início nos próximos 30 dias. "Pensamos em rever essa estimativa porque com a entrada dos 22 mil pontos de venda do PanAmericano, o crédito, impulsionado pelo imobiliário, deverá crescer ainda mais", diz Márcio Percival, vice-presidente da Caixa Econômica Federal.

Infraestrutura leva índice de investimentos a recorde

O bom momento da economia reflete no maior apetite das empresas em investir no país.
O índice de intenção de investimento, calculado pela Tendências Consultoria, atingiu o recorde de 156,54 pontos em março. O indicador é considerado termômetro do humor das empresas em relação à decisão de investir no Brasil.
Criado em 2005, o índice é calculado com base nos investimentos anunciados pelas empresas por meio da mídia, ponderado pelo valor.
"O fato de as empresas aumentarem os investimentos reflete uma confiança maior na economia brasileira", diz Bruno Rezende, da Tendências.
Os setores da área de infraestrutura foram os que mais anunciaram aplicação de recursos no primeiro trimestre deste ano. Os destaques foram construção civil, energia elétrica e transporte e logística.
A preferência pelos segmentos ligados à infraestrutura é atribuída aos megaeventos esportivos que o Brasil receberá nos próximos anos e à necessidade de ampliação da capacidade de escoamento de commodities, segundo Rezende.
A tendência para os próximos meses é de aumento dos investimentos. "O crescimento do crédito e da renda deve continuar atraindo capital produtivo ao país", diz o economista.



com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK


Próximo Texto: Falta de recursos ameaça obras do governo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.