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Aberturas de capital devem se intensificar
Embora o volume de operações feitas no início do ano tenha ficado abaixo da previsão, perspectiva é de aumento, dizem analistas
Com reação das economias e das empresas, lançamentos de ações já cresceram 400% no 1º trimestre em todo o mundo, aponta consultoria
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil, que vivia uma febre
de abertura de capital de empresas antes do agravamento
da crise internacional em 2009,
deve ser um dos países que
mais terão companhias indo à
Bolsa nos próximos dois anos,
segundo especialistas.
A trajetória de queda dos juros e a recomposição da liquidez internacional no mercado
de crédito facilitam o financiamento corporativo pelos meios
tradicionais, como emissões de
títulos e empréstimos de bancos. Mas o mercado de ações é
cada vez mais a escolha dos empreendedores que buscam recursos para ampliar as suas
operações e se preparar para a
esperada decolagem do Brasil.
Essa opção tem, para os gestores, a vantagem de reforçar a
marca das companhias, tornando-as mais conhecidas do
público em geral, que está se familiarizando com a Bolsa, e
ainda trazer para dentro do negócio novas e mais modernas
normas de administração.
De acordo com informações
da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), já existem atualmente em análise 18 pedidos de
ofertas de lançamento de ações
por companhias brasileiras.
Dessas operações, seis são de
IPOs (ofertas públicas iniciais,
na sigla em inglês).
"O único fator que pode atrapalhar é a elevação dos juros
nos EUA, porque, nesse caso, os
investidores correriam para
alocar parte dos seus recursos
em ativos norte-americanos.
Mas não parece provável que
isso vá acontecer tão cedo, pelo
comportamento da economia
por lá", ressalva Ricardo Fontes, professor do Insper.
Segundo pesquisa feita pela
firma de auditoria e consultoria
Ernst & Young, 267 empresas
abriram capital nos três primeiros meses do ano em todo o
mundo, o que significa elevação
de 413% na comparação com o
registrado no mesmo período
de 2009 (52 IPOs).
Essas operações movimentaram US$ 53,2 bilhões globalmente, e, desses, 6% se referem
a transações ocorridas no mercado de capitais do Brasil. O
país ficou na quarta posição no
ranking de aberturas entre janeiro e março deste ano, com
cinco operações, as quais captaram US$ 3,3 bilhões. Os três
primeiros colocados foram
China, Japão e Estados Unidos.
Essa retomada se deve, principalmente, à melhora no cenário econômico mundial, pois os
países dão sinais de recuperação das suas atividades -nos
emergentes, mais do que nos
EUA ou na Europa.
Por isso, juntos, os países do
chamado grupo dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguiram 49% do total das
aberturas de capital, o correspondente a US$ 26,2 bilhões
em 135 negociações. Seis dos
dez maiores IPOs e 11 dos 20
maiores vieram do grupo de
países emergentes.
Embora os valores dos IPOs
realizados no Brasil no início de
2010 tenham ficado um pouco
abaixo do esperado, a sinalização é positiva, destaca Paulo
Sérgio Dortas, sócio da Ernst &
Young Brasil para essa área, em
nota. "As perspectivas são as
melhores possíveis. A atividade
nos mercados emergentes continua forte, mas o diferencial do
período é que presenciamos o
renascimento da atividade em
mercados importantes, como
Tóquio, Londres, Paris e
Frankfurt", diz Dortas.
O continente asiático foi o
que apresentou maior número
de IPOs no primeiro trimestre
de 2010: 166 (US$ 35,1 bilhões).
Na Europa, apesar das incertezas e dos temores que cercam
o euro e a saúde financeira de
países como Grécia e Portugal,
o número de IPOs registrado
nos três primeiros meses deste
ano foi o maior desde o último
trimestre de 2007: 39.
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