São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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Aberturas de capital devem se intensificar

Embora o volume de operações feitas no início do ano tenha ficado abaixo da previsão, perspectiva é de aumento, dizem analistas

Com reação das economias e das empresas, lançamentos de ações já cresceram 400% no 1º trimestre em todo o mundo, aponta consultoria


DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil, que vivia uma febre de abertura de capital de empresas antes do agravamento da crise internacional em 2009, deve ser um dos países que mais terão companhias indo à Bolsa nos próximos dois anos, segundo especialistas.
A trajetória de queda dos juros e a recomposição da liquidez internacional no mercado de crédito facilitam o financiamento corporativo pelos meios tradicionais, como emissões de títulos e empréstimos de bancos. Mas o mercado de ações é cada vez mais a escolha dos empreendedores que buscam recursos para ampliar as suas operações e se preparar para a esperada decolagem do Brasil.
Essa opção tem, para os gestores, a vantagem de reforçar a marca das companhias, tornando-as mais conhecidas do público em geral, que está se familiarizando com a Bolsa, e ainda trazer para dentro do negócio novas e mais modernas normas de administração.
De acordo com informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), já existem atualmente em análise 18 pedidos de ofertas de lançamento de ações por companhias brasileiras. Dessas operações, seis são de IPOs (ofertas públicas iniciais, na sigla em inglês).
"O único fator que pode atrapalhar é a elevação dos juros nos EUA, porque, nesse caso, os investidores correriam para alocar parte dos seus recursos em ativos norte-americanos. Mas não parece provável que isso vá acontecer tão cedo, pelo comportamento da economia por lá", ressalva Ricardo Fontes, professor do Insper.
Segundo pesquisa feita pela firma de auditoria e consultoria Ernst & Young, 267 empresas abriram capital nos três primeiros meses do ano em todo o mundo, o que significa elevação de 413% na comparação com o registrado no mesmo período de 2009 (52 IPOs).
Essas operações movimentaram US$ 53,2 bilhões globalmente, e, desses, 6% se referem a transações ocorridas no mercado de capitais do Brasil. O país ficou na quarta posição no ranking de aberturas entre janeiro e março deste ano, com cinco operações, as quais captaram US$ 3,3 bilhões. Os três primeiros colocados foram China, Japão e Estados Unidos.
Essa retomada se deve, principalmente, à melhora no cenário econômico mundial, pois os países dão sinais de recuperação das suas atividades -nos emergentes, mais do que nos EUA ou na Europa.
Por isso, juntos, os países do chamado grupo dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguiram 49% do total das aberturas de capital, o correspondente a US$ 26,2 bilhões em 135 negociações. Seis dos dez maiores IPOs e 11 dos 20 maiores vieram do grupo de países emergentes.
Embora os valores dos IPOs realizados no Brasil no início de 2010 tenham ficado um pouco abaixo do esperado, a sinalização é positiva, destaca Paulo Sérgio Dortas, sócio da Ernst & Young Brasil para essa área, em nota. "As perspectivas são as melhores possíveis. A atividade nos mercados emergentes continua forte, mas o diferencial do período é que presenciamos o renascimento da atividade em mercados importantes, como Tóquio, Londres, Paris e Frankfurt", diz Dortas.
O continente asiático foi o que apresentou maior número de IPOs no primeiro trimestre de 2010: 166 (US$ 35,1 bilhões).
Na Europa, apesar das incertezas e dos temores que cercam o euro e a saúde financeira de países como Grécia e Portugal, o número de IPOs registrado nos três primeiros meses deste ano foi o maior desde o último trimestre de 2007: 39.


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