São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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Dificuldade de crédito é pior que juro alto

DA SUCURSAL DO RIO

Um dos maiores obstáculos enfrentados pelos empresários brasileiros para expandir a produção permanece sendo a dificuldade de obter crédito no mercado doméstico. É o que revela uma pesquisa do Ibmec-SP, realizada com 370 empresas nacionais.
Segundo o levantamento, as dificuldades para obter empréstimos de bancos nacionais são, inclusive, mais determinantes do que as taxas de juros praticadas no país-que estão entre as mais altas do mundo.
Questionados sobre o fator mais importante na hora de obter empréstimos e financiamentos, no Brasil e no exterior, 23,2% dos empresários afirmaram que são as limitações do mercado interno. Ou seja, excluindo os bancos oficiais (principalmente o BNDES), as empresas não conseguem ser atendidas pelas instituições financeiras do país.
"Essa é uma importante medida do não-desenvolvimento do mercado de crédito. Os bancos privados não oferecem financiamento de longo prazo. As empresas que conseguem são obrigadas a recorrer ao mercado externo. As outras, ficam sem acesso. E todas batem à porta do BNDES", afirma o professor do Ibmec José Luiz Rossi, responsável pelo levantamento.
Só 13,8% dos entrevistados afirmaram que os juros domésticos são a variável mais importante para a escolha do financiamento, no país e no exterior. E um percentual ainda menor (7,6%) considera os juros cobrados lá fora o fator mais importante.
"Esse resultado deixa muito claro que a escassez de recursos no mercado financeiro doméstico afeta muito mais o empresário do que a taxa de juros", diz Rossi.
Outra preocupação do empresariado nacional são as oscilações nas taxas de câmbio: 21,6% dos entrevistados pelo Ibmec-SP afirmaram que a volatilidade cambial é a variável mais importante a ser considerada na obtenção de crédito no exterior.
Ou seja, como há poucos recursos para financiamento no Brasil, as empresas têm que recorrer a empréstimos lá fora-que são tomados em moeda estrangeira. Mas um complicador dificulta essa decisão: a possibilidade de movimentos bruscos nas cotações das moedas estrangeiras (principalmente euro e dólar) frente ao real.
"A falta de previsibilidade do câmbio impede planejamento maior. Isso afeta muito as empresas nos ciclos de desvalorização do real. Agora, vivemos um período de apreciação inédito, e isso possibilitou que as empresas pagassem suas dívidas em moedas estrangeiras. Mas ainda não se conhece as conseqüências no médio e longo prazo" diz Rossi. (RM)

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