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Dificuldade de crédito é pior
que juro alto
DA SUCURSAL DO RIO
Um dos maiores obstáculos enfrentados pelos empresários brasileiros para expandir a produção permanece sendo a dificuldade de obter crédito no mercado doméstico. É o que revela uma
pesquisa do Ibmec-SP, realizada com 370 empresas nacionais.
Segundo o levantamento,
as dificuldades para obter
empréstimos de bancos nacionais são, inclusive, mais
determinantes do que as taxas de juros praticadas no
país-que estão entre as mais
altas do mundo.
Questionados sobre o fator
mais importante na hora de
obter empréstimos e financiamentos, no Brasil e no exterior, 23,2% dos empresários afirmaram que são as limitações do mercado interno. Ou seja, excluindo os
bancos oficiais (principalmente o BNDES), as empresas não conseguem ser atendidas pelas instituições financeiras do país.
"Essa é uma importante
medida do não-desenvolvimento do mercado de crédito. Os bancos privados não
oferecem financiamento de
longo prazo. As empresas
que conseguem são obrigadas a recorrer ao mercado
externo. As outras, ficam
sem acesso. E todas batem à
porta do BNDES", afirma o
professor do Ibmec José
Luiz Rossi, responsável pelo
levantamento.
Só 13,8% dos entrevistados
afirmaram que os juros domésticos são a variável mais
importante para a escolha do
financiamento, no país e no
exterior. E um percentual
ainda menor (7,6%) considera os juros cobrados lá fora o
fator mais importante.
"Esse resultado deixa muito claro que a escassez de recursos no mercado financeiro doméstico afeta muito
mais o empresário do que a
taxa de juros", diz Rossi.
Outra preocupação do empresariado nacional são as
oscilações nas taxas de câmbio: 21,6% dos entrevistados
pelo Ibmec-SP afirmaram
que a volatilidade cambial é a
variável mais importante a
ser considerada na obtenção
de crédito no exterior.
Ou seja, como há poucos
recursos para financiamento
no Brasil, as empresas têm
que recorrer a empréstimos
lá fora-que são tomados em
moeda estrangeira. Mas um
complicador dificulta essa
decisão: a possibilidade de
movimentos bruscos nas cotações das moedas estrangeiras (principalmente euro e
dólar) frente ao real.
"A falta de previsibilidade
do câmbio impede planejamento maior. Isso afeta muito as empresas nos ciclos de
desvalorização do real. Agora, vivemos um período de
apreciação inédito, e isso
possibilitou que as empresas
pagassem suas dívidas em
moedas estrangeiras. Mas
ainda não se conhece as conseqüências no médio e longo
prazo" diz Rossi.
(RM)
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